A constante evolução da série Super Mega Baseball tem sido uma das mais interessantes histórias de sucesso de desenvolvedoras independentes do mercado de jogos esportivos. Lançado originalmente em 2014 para PlayStation 3 e PlayStation 4, o jogo sempre deixou clara a sua inspiração nos jogos de estilo mais arcade, focando no aspecto da diversão do jogador muito mais do que em capturar a sensação de simular perfeitamente a experiência no diamante.
Apesar de bastante limitado em seu escopo e com pouquíssimos modos de jogo, a experiência foi um sucesso de crítica e de público, motivando os seus criadores, o estúdio canadense Metalhead Software, a continuar o caminho iniciado com o primeiro SMB, entregando uma experiência ainda melhor e mais robusta com Super Mega Baseball 2 para PlayStation 4, que foi analisado por este que vos escreve à época.
O estúdio continuou a mostrar sua evolução, trazendo mais modos de jogo, a introdução de um modo ranqueado 1v1 e de modos online como um todo, algo que estava ausente no jogo original, uma expansão gigantesca nas ferramentas de edição (ainda mais com os DLCs lançados posteriormente… Coisas que acabaram solidificando SMB como a única franquia capaz de ao menos se mostrar de igual para igual com a série The Show da Sony, ainda que não tivesse a força da licença da MLB por trás dela.
É com muito ânimo então que, quase exatos dois anos após o lançamento de SMB2, Super Mega Baseball 3 finalmente chega ao PlayStation 4, prometendo tornar a franquia ainda melhor e maior, incluindo, em especialmente, a tão aguardada inclusão de um Franchise Mode a série e a possibilidade de importação dos times criados em SMB2 para SMB3.
Desde os primeiros momentos é inegável o quão bom Super Mega Baseball 3 é. Um dos grandes méritos da série sempre foi conseguir olhar pro trabalho feito pela Sony San Diego com o MLB The Show, ver o que ali funcionaria em um jogo mais arcade e conseguir transportar essa mecânica para o ambiente mais relaxado que ela quer dar ao seu jogo e isso funciona muito bem aqui.
Como em todo jogo de esporte, SMB3 se sustenta em três pilares essenciais: sua apresentação visual, seus modos de jogo e o desenrolar das partidas em si. Felizmente, os dois primeiros jogos já haviam sido notórios sucessos e, com as bases lotadas, a Metalhead Software acertou um belo home-run sem deixar dúvidas nenhuma aos jogadores.
Primeiro, a questão visual. SMB3 sempre teve um estilo bem caricato, mais aquém do que se deveria esperar de um jogo arcade mesmo. Livre das possíveis amarras que a licença da MLB traria, os desenvolvedores deixaram seu lado criativo brilhar, trazendo todo tipo de personalidade caricata, seja homem ou mulher, para o diamante, tudo com modelos de personagem muito bem feitos.
Para complementar isso, o jogo traz uma quantidade surpreendente de estádios, contando com 14 deles bastante variados entre si, além de um sistema de horários do dia para as partidas, basicamente dividindo-as entre começo da tarde, final de tarde e noite. Houve também a inclusão de algumas novas trilhas de áudio para a narração, mas como em todo jogo de esporte, logo elas se tornam repetitivas e você provavelmente vai jogar enquanto houve outra coisa.
Mas é claro, quando se fala de “visual” em um jogo como esse, não importa apenas o quão bonitos os modelos sejam, uma vez que se a Interface de Usuário não for bela e intuitiva, dificilmente o jogador vai querer retornar ao jogo para mais uma partida. Felizmente, esse aspecto também foi bastante melhorado, com o jogo apresentando as informações de maneira extremamente clara, até mesmo nos modos com quantidades mais robustas de menus e textos.
Outro em que a interface de usuário brilha é na dificuldade do jogo. Tal qual o sistema de “dificuldade dinâmica” presente nos jogos mais recentes do MLB The Show, SMB3 conta com um sistema de “ego”, que já existia nos jogos anteriores, em que a medida que o jogador vai ganhando mais experiência, os sistemas de suporte que o jogo lhe proporciona vão sendo desativados gradativamente.
E esses sistemas estão em todos os lugares para auxiliar os novatos, sejam no esporte, sejam apenas na série. Inicialmente, os seus defensores vão correr automaticamente para a bola, a retícula para rebater vai seguir o rumo do arremesso e o jogo te guiar na hora de tentar fazer eliminações dos rebatedores adversários.
Quanto mais pontos o jogador fizer em partidas, maior o seu medidor de “ego” vai se tornando e, consequentemente, o jogo interpreta que ele está apto a realizar essas ações, o aproximando mais de uma simulação do que um arcade em que o jogador está competindo para ver quem rebate mais home runs e partidas se aproximando das casas das dezenas de corridas anotadas.
Esses sistemas também não teriam muito valor caso executar as ações em campo não rendesse bons momentos de diversão e esse é o grande sucesso de SMB3. Independente dos modos de jogo ou de gráficos e interfaces, o simples ato de rebater a bola sempre é bastante recompensador e o jogo consegue equilibrar muito bem os duelos entre arremessadores e rebatedores, tornando as partidas quase sempre competitivas, mesmo quando há uma certa distância entre os níveis dos jogadores.
Rebater funciona basicamente como em The Show, com uma retina maior e um ponto menor que o jogador precisa mover para ter maior êxito na hora de acertar a bolinha. Caso a rebatida venha enquanto a bola está dentro do círculo maior, ela será mais focada em contato, enquanto acertar o meio da retina provavelmente lhe renderá uma poderosa rebatida. Caso o jogador queira arriscar ainda mais, é possível segurar quadrado para usar o suingue poderoso, com mais poder sendo acumulado quanto mais tempo o botão ficar pressionado, sendo necessário acertar o timing de soltar o comando e, caso o jogador tenha sucesso, uma rebatida multi-base é certa.
Onde o jogo se distancia do título da Sony é no sistema de arremesso. Aqui não temos um sistema de pulsação ou barras ou algo parecido com o esquema clássico, SMB3 mantém a forma como ele já funcionava em seus jogos anteriores, com o jogador selecionando um dos arremessos do seu arsenal com o analógico direito e selecionando o local com X e, durante a animação de arremesso, mirando com o analógico esquerdo, com maior sucesso vindo pelo quão mais próximo a retícula ficar do ponto selecionado inicialmente.
Além disso, também há possibilidade de realizar um arremesso poderoso segurando quadrado e soltando antes da conclusão da animação (caso o jogador segure demais, um “wild pitch” ocorrerá). É claro, caso o adversário coloque jogadores em base, você sempre poderá tentar usar um “pick-off” ou, se você for o jogador em base, poderá tentar roubar a próxima base, ambos sistemas que foram reformulados e estão bem melhores que o jogo anterior.
As opções para como você vai jogar também se mostram ainda mais vastas nessa nova edição de Super Mega Baseball. Enquanto os outros modos existentes anteriormente retornam, incluindo as partidas rápidas, Pennant, Season, Elimination e Playoffs (todos com a possibilidade de se banir o uso de personagens e times criados para manter as partidas online mais justas) e passaram por pequenos ajustes para torná-lo ainda melhor, o grande destaque vai mesmo para o novo Franchise Mode.
Talvez o modo que eu mais senti falta no jogo anterior (já que o outro principal modo single-player de jogos de esportes, os modos carreira, não se encaixaria tão bem aqui), uma vez que é um dos meus principais focos nos jogos do gênero, a forma como ele foi implementado é brilhante e poderá te render muito tempo de diversão.
Como em qualquer outro jogo, o modo franquia gira em torno da necessidade de gerenciar o seu time, fazendo contratações de jogadores e evoluindo-os enquanto administra o salary cap do seu time, lida com as demandas dos seus jogadores e realiza eventuais investimentos que precisem ser feitos no seu elenco para guiá-lo até o título ao final da temporada.
Ao começo de cada temporada, existe um teto salarial estabelecido para todos os times da liga e o jogador pode contratar novos jogadores para o time, desde que não ultrapasse esse limite e, sempre que um novo jogador seja contratado, um outro seja liberado. A medida que o jogador vai jogando as partidas, ele também vai ganhando recursos que podem ser direcionados para comprar melhorias para os jogadores da sua equipe e, eventuais economias ao final da temporada, também são destinados a isso.
No geral, a interface desse modo é bem rica e apresenta para o jogador uma série de opções para tornar a sua equipe a melhor possível, além de te dar recompensas palpáveis para o seu sucesso dentro do diamante. Com o tempo, novos jogadores vão surgindo, outros vão se aposentando e é sempre necessário estar de olho nesses pequenos detalhes que poderão determinar o sucesso ou não do seu time, tal qual ocorreria com um General Manager na vida real.
Além disso, é importante ressaltar que o netcode do jogo parece bastante melhorado, tornando as partidas online bem suaves, algo essencial quando basicamente todos os outros modos de jogo são direcionados para o modo online, em especial o Pennant Race que é exclusivamente online. Também, é importante ressaltar, o jogo conta com uma vasta gama de possibilidade de personalização de times e jogadores, além da possibilidade de importar suas criações do SMB2, então, para os jogadores mais dedicados a isso, deverão ficar satisfeitos.
Diante disso, Super Mega Baseball 3 é um jogo extremamente divertido e recompensador para o jogador. A curva de aprendizado das mecânicas é muito bem ajustada e todas elas funcionam muito bem e o jogo entrega uma quantidade enorme de modos que deverão ser suficientes para agradar a todo tipo de fã de baseball. Se você é apaixonado pelo esporte, não faz questão das licenças dos times da MLB e não quer lidar com todos os pormenores de um jogo de simulação, Super Mega Baseball 3 é um jogo obrigatório para você.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Metalhead Software.
Veredito
Continuando a evolução da franquia, Super Mega Baseball 3 consegue equilibrar bem todos os seus aspectos arcades com alguns toques de simulação, contando com uma grande quantidade de modos de jogos, opções de customização e, o mais importante, um gameplay extremamente intuitivo e divertido e que o manterá preso por horas.
Veredict
Keeping up with the franchise’s evolution, Super Mega Baseball 3 manages to balance well all of its arcade aspects with some touches of simulation, counting with a vast array of game modes, customization options and, most important, an extremely fun and intuitive gameplay that will keep you hooked for hours.