Super Bomberman R 2 – Review

Em 2023 a franquia Bomberman completa 40 anos desde o seu lançamento original em 1983, quando o primeiro jogo da série foi lançado pela Hudson Soft, hoje sob propriedade da Konami. Durante esse tempo, dezenas de títulos foram lançados, passando por todas as gerações de consoles desde o NES. Particularmente tenho boas lembranças da infância tanto jogando Mega Bomberman no Mega Drive de vizinhos como anos depois já em meu próprio PlayStation com o Bomberman Party Edition e Bomberman Fantasy Race. Desde então, sempre fiz questão de ter acesso a um título para cada console que tivesse.

Para quem não está muito familiarizado com Bomberman, sua jogabilidade clássica envolve jogadores controlando um personagem que coloca bombas para destruir obstáculos e derrotar inimigos em labirintos. O jogo é conhecido por seu modo multiplayer, que permite que até quatro jogadores se enfrentem em batalhas explosivas, competindo para ser o último Bomberman de pé. Com o passar do tempo a franquia foi crescendo e evoluindo, criando novos modos de jogo (como modo de história, online, outros formatos de multiplayer) e até títulos em outros gêneros, como o Fantasy Race que é o “Mario Kart” da franquia, Bomberman Hardball que arrisca com alguns esportes e também um certo outro que levou muito a sério o conceito de “bomba” da franquia que preferimos fingir que foi um delírio coletivo e nunca sequer existiu.

Na última década tivemos pouquíssimos lançamentos, sendo o mais relevante o Super Bomberman R, jogo de lançamento do Nintendo Switch que chegou no PlayStation no ano seguinte. O título em si não tinha um bom modo online e não entregou tanta inovação, porém seguia sendo um bom multiplayer local. Uma versão totalmente online chegou a ser lançada um tempo depois, porém os servidores foram fechados no ano passado, sendo impossível de se jogar atualmente. Foi então dito que teríamos um novo projeto da franquia em breve, também como parte da comemoração de 40 anos.

É então que chegamos ao atual Super Bomberman R 2, o primeiro título de jogo completo da franquia para a geração atual. Com uma promessa de novas aventuras, modos de jogo expandidos e o maior volume de conteúdo da série, o jogo despertou grande expectativa que no fim pode ter sido ou não atendida, a depender do que cada um procura no título.

O coração de Super Bomberman R 2 é, sem dúvida, sua experiência multiplayer, seja ela online ou local. Este é o território onde Bomberman brilha há décadas, e este segue sem decepcionar nesse aspecto. O jogo oferece uma experiência divertida e caótica quando jogado com amigos e familiares. A capacidade de conectar controles adicionais e mergulhar em batalhas explosivas é uma das características mais cativantes da franquia, e isso continua sendo um ponto alto neste título. Os modos de batalha online oferecem uma variedade de experiências competitivas, incluindo o ganho de ranking em partidas. O destaque fica para o retorno do modo “Batalha 64”, que havia chegado anteriormente em R Online, que coloca 64 jogadores em um confronto épico.

No entanto, o modo online de Super Bomberman R 2 tem um formato de rotação de modos que pode ser um tanto chato. Não é todo modo de jogo que está disponível a todo momento para se batalhar online. Existe a possibilidade de você entrar diversas vezes em horários distintos e nunca conseguir jogar no modo clássico, por exemplo, podendo ser algo frustrante para aqueles que desejam jogar um modo específico. Além disso, o matchmaking ainda não me parece muito bom. Passei por situações de cair diversas vezes com os mesmos oponentes ou então em partidas desequilibradas. Acredito que em alguns momentos possam existir poucos jogadores online, o que pode prejudicar um pouco a experiência. Espero que com o tempo essa questões do jogo online fiquem melhores, já que a parte técnica de conexão em si funciona muito bem, extremamente melhor que seu antecessor.

Uma grande novidade no título é o novo modo de batalha assimétrica chamada “Castelo”. Neste modo, os jogadores se dividem em dois times: o time do Castelo e o time Atacante. A principal dinâmica gira em torno da proteção de um baú de tesouros pelo time do Castelo e da tentativa de roubo por parte do time Atacante. O time do Castelo geralmente possui habilidades especiais, como uma arma de laser que pode ser recarregada, para proteger o tesouro. Um desafio adicional é evitar o fogo amigo, já que as explosões das bombas dos companheiros de equipe podem abrir caminhos indesejáveis ou até mesmo te eliminar. Embora o modo Castelo seja uma adição interessante que introduz novos elementos estratégicos a série, ele pode se tornar confuso e frustrante devido à assimetria injusta e a repetição do modo. A experiência pode variar dependendo das preferências do jogador e da habilidade da equipe, mas no geral foi algo que não me agradou muito, sendo o modo que menos tive interesse de jogar.

Durante todas as partidas os jogadores podem ganhar moedas e desbloquear personagens, roupas, acessórios e skins de bombas. Os itens não são tão caros, porém caso queira desbloquear tudo será necessário dezenas de horas de jogo. Isso adiciona uma camada de recompensa e incentivo para jogar, em especial online que acaba recompensando com um pouco mais de moedas, motivando os jogadores a melhorar suas habilidades e colecionar itens. Particularmente me interessei apenas em desbloquear os personagens extras, em especial os que são de outras franquias da Konami.

Já o modo história de Super Bomberman R 2 é onde o jogo se torna mais cansativo. A história gira em torno de você enfrentar uma ameaça galáctica enquanto se faz amizade com criaturas chamadas “Ellons“. A história é contada em formato de novelização e possui uma boa localização de legendas em português. Porém, infelizmente a execução do modo história deixa a desejar. Os três mundos são muito similares e a exploração pode se tornar tediosa, onde você anda por diversas salas imensas liberando caminhos e derrotando (caso tenha interesse) inimigos sem graça. A mecânica de coletar Ellons não se encaixa perfeitamente no estilo de jogo Bomberman, e as missões que envolvem resgatá-los podem se tornar monótonas, mesmo com a adição de pequenos mini-games em alguns momentos.

Além disso, o sistema de progressão, onde você ganha experiência e desbloqueia habilidades automaticamente, pode ser problemático. Algumas habilidades, como aumentar o tamanho da explosão, podem atrapalhar mais do que ajudar, e a falta de escolha nas atualizações é uma limitação. Fora isso, o tempo todo você terá lutas no modo castelo. Seja ser chamado a qualquer momento para defender sua base ou então derrotando algumas “torres” inimigas no mapa antes de enfrentar um chefe final do mundo. O modo história nunca foi o ponto forte da franquia Bomberman, porém tenho a sensação de que esse é um dos mais tediosos que joguei de todos os que tive acesso.

Super Bomberman R 2 apresenta um modo de criação de fases que permite aos jogadores criar suas próprias arenas. Esta é uma adição interessante ao jogo, pois permite que os cada pessoa tenha como personalizar sua experiência e até compartilhar suas criações com outros jogadores online. No entanto, os controles do editor de fases simplesmente não são bons nem práticos. Tenho prática e gosto bastante de jogos de construção, porém não senti nenhum prazer em criar cenários nesse título. Se for considerar então já ter achado bem chato o modo castelo, criar novos castelos torna-se algo totalmente desnecessário para mim.

Quanto aos gráficos e trilha sonora, não há o que reclamar, sendo o jogo mais bonito de toda a franquia, principalmente se tiver acesso ao PlayStation 5. O desempenho também está fluido até mesmo na versão de PlayStation 4. Pensando apenas em ter um título da franquia para utilizar como multiplayer com os amigos, Super Bomberman R 2 certamente é a melhor opção atualmente.

De maneira geral podemos perceber que a Konami tentou inovar ao introduzir algumas mudanças no modo história, como a progressão de personagem e uma exploração em um formato pseudo-mundo aberto, além de também a criação do modo castelo e editor de fases. Embora essas tentativas sejam louváveis, não foi nada realmente marcante a ponto de reinventar a franquia e torço para que caso tenhamos em um próximo título, sejam reformulados e melhorados. Quem sabe algum dia Bomberman não encontre finalmente sua verdadeira “edição ultimate”?

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Konami.