É simplesmente impossível ressaltar o quão importante a série Street Fighter é para os videogames. De uma maneira crua e simples, podemos dizer que, no mínimo, "apenas" definiu um gênero (luta). E, 30 anos depois do lançamento do jogo original que ninguém gosta de se lembrar muito, a Capcom celebra essa conquista com uma coletânea dedicada inteiramente aos Arcades chamada Street Fighter 30th Anniversary Collection.
Ao mencionar que é dedicada aos Arcades, significa que os 12 jogos aqui presentes estão em suas versões originais para as máquinas que se encontravam em bares e shoppings Brasil afora. São eles: ·
- Street Fighter
- Street Fighter II
- Street Fighter II: Champion Edition
- Street Fighter II: Hyper Fighting
- Super Street Fighter II
- Super Street Fighter II: Turbo
- Street Fighter Alpha
- Street Fighter Alpha 2
- Street Fighter Alpha 3
- Street Fighter III
- Street Fighter III: 2nd Impact
- Street Fighter III: Third Strike
Ser fiel às versões de Arcade, na maioria dos casos, não apresenta problemas. As grandes exceções ficam por conta de Alpha 2 e Alpha 3. No primeiro caso, tivemos uma revisão com o chamado Alpha 2 Gold (ou Zero 2 Alpha também), que adicionava Cammy, por exemplo, entre outras novidades. Essa versão, mesmo saindo para Arcades, não está na coletânea. Da mesma forma, Alpha 3 nos consoles apresentou muitas novidades, como mais personagens e modos de jogo. Novamente, isso não está na coletânea.
Mas mesmo sendo fiel, não significa que estamos lidando com uma pura emulação. Enquanto que a disputa contra a CPU existe como eram nas máquinas, a Capcom implementou um modo Versus para acelerar o processo de disputa entre dois jogadores offline, assim como um modo online e treinamento para os quatro jogos considerados como definitivos de cada geração: Street Fighter II: Hyper Fighting, Super Street Fighter II: Turbo, Street Fighter Alpha 3 e Street Fighter III: Third Strike.
É claro, adicionar modo online nos 12 títulos teria sido o ideal, mas acredito que tenha sido a escolha certa: iria fragmentar significativamente a comunidade de jogadores. Mas, sem dúvida, você lerá reclamações de que SF Alpha 2 não apresenta online (um dos SF mais jogados em nosso país).
Mas, e no fim, esse online funciona? Bem… sim e não. Vamos começar com os pontos negativos, que são vários (no momento, torçamos que atualizações arrumem isso). Primeiramente, temos as já conhecidas Ranked (partidas classificadas). Em seu funcionamento, elas são simples e rápidas: escolha o jogo, aguarde pelo lutador e, em pouquíssimos segundos, você já estará na partida (aliás, isso é uma vantagem geral da coletânea: loadings são inexistentes). O problema dessas partidas está no matchmaking, ou seja, você não pode definir coisas como "encontrar apenas jogadores com conexões boas" ou "de qualquer região ou apenas da minha". É simplesmente escolher o jogo e esperar. Por conta disso, é muito comum cair em partidas lagadas e se frustrar com isso. Mas não é sempre: quando a sorte entra na jogada e você pega uma conexão boa, a partida pode fluir muito bem.
Já os lobbies são uma situação completamente inversa. Em nossos testes, conseguimos jogar normalmente. Porém, há inúmeros relatos de que as pessoas simplesmente não conseguem jogar, pois, por exemplo, não é possível selecionar o "pronto" para iniciar a partida. Dito isso, partidas com amigos podem ser algo perfeito ou completamente frustrante, dependendo de sua sorte (mais uma vez).
Street Fighter 30th Anniversary Collection apresenta ainda algo que qualquer fã dedicado apreciará: um museu que conta com inúmeras artes oficiais e curiosidades da série. Não apenas isso, mas também perfis dos personagens (inclusive com alguns dos sprites dos seus golpes nos diferentes jogos para visualização) e a possibilidade de ouvir as músicas. O modo Museu é sensacional e me fez vê-lo por inteiro. Mas nem tudo são flores.
Primeiramente, o museu ignora determinados títulos, provavelmente por questões de copyright, como os crossovers (Street Fighter x Tekken e X-Men vs Street Fighter). Em seguida, há até alguns pequenos erros factuais, como dizer que o portátil que recebeu Super Street Fighter II Turbo Revival possui 16 bits (o Game Boy Advance possui 32 bits).
Recomendo que veja o trecho em 41:10.
Outra crítica é que, apesar de termos inúmeras artes, a visualização delas é horrível. Se você quer ver a arte 74 de 80 em uma seção, por exemplo, precisa passar pelas outras 73 para isso. Não há "thumbnails" (ou uma galeria mais intuitiva). As músicas no museu também têm um player que não funciona de maneira natural (você não pode deixar uma música tocando e ver o nome das outras, por exemplo – ao trocar de seleção, já troca a música).
Por fim, infelizmente, temos que mencionar que a tradução para o português possui algumas falhas. "Port" foi traduzido para "porta" em um determinado momento, por exemplo. Há outras falhas que acabei notando e que uma simples revisão teria corrigido. Ou seja, o conteúdo do museu é de tirar o chapéu (mesmo não sendo completo – por que não adicionar os filmes animados, também?), só que faltou principalmente capricho na interface para o usuário.
Mas voltando a comentar sobre o que realmente importa na coletânea, que são os jogos, Street Fighter 30th Anniversary Collection oferece um título em específico que a Capcom normalmente ignora, por ser ruim demais: Street Fighter I. Apesar dele ser o primeiro passo ao que nos levou ao fenômeno chamado Street Fighter II, continua sendo um jogo horrível, mas que provavelmente muitos possuem curiosidade em jogar. A coletânea finalmente oferece esse pesadelo para quem tiver coragem (sim, é ruim e ninguém me fará mudar de ideia).
De maneira geral, Street Fighter 30th Anniversary Collection foi criado para celebrar a série e consegue isso muito bem. Para mim, foi completamente nostálgico relembrar todos os títulos. Jogar online Street Fighter II Hyper Fighting foi simplesmente viciante, mesmo me frustrando com Guile, Sagat e várias das mecânicas que jogadores atuais chorariam sentados num canto de tão quebradas que são. Falando em atualidade, não notei problemas de input lag (atraso na resposta do comando inserido), mas relatos dizem que existe, embora seja mínimo. Então, se você se incomoda com isso, talvez seja melhor testar primeiro.
Street Fighter é uma série que possui um lugar especial em minha vida de jogador: quando criança batendo em marmanjos nos Arcades e hoje em dia mantendo amizades pelo interesse mútuo à série. Há falhas em Street Fighter 30th Anniversary Collection que podem ser corrigidas via atualizações (e esperamos que isso aconteça). E, infelizmente, o preço está um pouco elevado no Brasil para o conteúdo oferecido pelo pacote. Um valor em torno de 100 reais seria mais condizente, e não 180. Dito isso, é um título que recomendo fortemente, mas talvez não por agora.
Veredito
Street Fighter 30th Anniversary Collection é uma excelente coletânea para matar a saudade que os fãs sentem dos clássicos. Os jogos de Arcade estão praticamente perfeitos e o museu é relativamente completo, porém, conta com sérios problemas de navegação. O online, no entanto, é instável no estado atual, mas ainda assim é possível encontrar partidas sem lag.
Jogo analisado com código fornecido pela Capcom.
Veredito
Veredict
Street Fighter 30th Anniversary Collection is an excellent collection to revive some special moments from classical games. The port of the Arcade games are nearly perfect and the museum is good. The Online mode, however, presents some problems in the current state, but it is still functional.