Story of Seasons: A Wonderful Life – Review

Sempre fui uma grande fã de games de simulação, principalmente os focados em gerenciar fazendinhas. Meu primeiro contato com o gênero foi através de Harvest Moon: Back to Nature no PSOne. Desde então joguei outros títulos, mas nenhum com tanto afinco como ele. Na época do PlayStation 2, tive contato com A Wonderful Life e foi uma das experiências mais frustrantes que tive com a franquia. Para alguém que estava acostumada com as mecânicas mais simples de Back to Nature, A Wonderful Life parecia ser muito mais complexo e acabei deixando o título de lado com muita tristeza. É fácil imaginar o quão empolgada fiquei ao saber do anúncio de Story of Seasons: A Wonderful Life, um remake que une as versões de PlayStation 2 e Gamecube junto de Another Wonderful Life, essa lançada apenas para o console da Nintendo.

A Wonderful Life é um dos títulos mais amados pelos fãs da franquia da Marvellous e é fácil entender o motivo. A história começa com nosso personagem se mudando para o vilarejo de Forgotten Valley, onde passará a cuidar da fazenda deixada por seu pai. Logo de cara o game nos permite customizar nosso personagem da maneira que desejarmos podendo escolher o tipo de olho, cabelo, roupa, cor da pele e, a novidade, por qual pronome queremos ser chamados: masculino, feminino ou não-binário. Outro detalhe é que a escolha dos mesmos não afeta nas opções de romance, tendo um total de oito pretendentes para escolher.

A premissa do game é simples: administrar nossa fazenda, encontrar um parceiro, constituir uma família e desfrutar dos pequenos prazeres da vida em um aconchegante vilarejo. O jogo é formado por capítulos que são representados através de cada ano. Esse, por sua vez, é dividido pelas quatro estações: primavera, verão, outono e inverno sendo que cada uma delas possuem apenas dez dias. Durante os dias podemos plantar, cuidar dos animais, interagir com os habitantes, pescar, ajudar na escavação, montar nossa própria barraca de vendas ou cumprir com pedidos feito pelos moradores através de um quadro de requisições.

Diferente do original, aqui a gameplay passou por melhorias que deixam o processo de cuidar da nossa fazenda muito mais simples. O acesso ao inventário e às ferramentas da fazenda é rápido e intuitivo e temos uma opção no menu de pause que está repleta de tutoriais caso o jogador tenha dúvidas ou só queira relembrar algum detalhe. Lembro-me que no original as animações enquanto cuidávamos das plantações eram longas e cansativas. Até se locomover pelo vilarejo era muito lento também. Já no remake tudo é mais dinâmico e funciona tão bem que é difícil querer para de jogar.

E aqui entra uma das grandes qualidades da franquia, o game permite que o jogador crie sua própria rotina tornando a gameplay extremamente aconchegante e divertida. O remake conta, dessa vez, com novas sementes, receitas, máquinas e alguns novos eventos. É impossível não se sentir parte do vilarejo ao fazermos amizade com algum habitante e acabar se tornando seu pretendente, ou apenas ser convidado para fazer um passeio. Essa sensação se torna ainda mais presente quando conseguimos concluir o primeiro capítulo do game.

Ao iniciarmos o que seria o segundo ano, nos deparamos com mudanças pelo vilarejo desde a chegada de novos moradores, o crescimento das crianças e a morte de alguns habitantes. Esse é um dos detalhes que fazem com que Story of Season: A Wonderful Life seja tão especial. Você se sente vivendo um segunda vida, construindo relacionamentos, se apegando a pessoas e, por consequência, tendo de lidar com momentos de alegria e de perda.

Toda essa experiência é contada através de gráficos simples, mas fofíssimos e bem coloridos junto de uma câmera 3D permitindo a movimentação em 360 graus. As estações do ano são bem retratadas e é interessante observar os detalhes das mesmas mudando com a passagem dos dias. A trilha sonora passou por uma repaginada, mas ainda mantém suas origens e é impossível não se sentir nostálgico ao ouvir os primeiros acordes da canção tocada logo que chegamos na fazenda. Entretanto, depois de algumas horas, a trilha pode acabar se tornando repetitiva. O game também roda com um desempenho excelente no PlayStation 5, deixando a jogatina ainda mais viciante.

Devo admitir que apesar de todas as qualidades ainda sinto que alguns eventos sazonais deixaram a desejar, sendo que temos apenas um por estação. Talvez seja meu lado fã de Back to Nature falando mais alto, mas esperava ter algo envolvendo os animais, como, por exemplo, competição de melhor produção de leite ou corrida de cavalos. Outro ponto negativo fica por conta da falta de uma localização para nosso idioma.

Story of Seasons: A Wonderful Life realmente é um game especial. Não me lembro de ter tido uma experiência como essa com outros games do gênero. Acredito que o que o torna tão memorável é justamente sua simulação um pouco mais pé no chão de um ciclo de vida, com crianças crescendo, adultos envelhecendo – inclusive seu personagem – e o próprio vilarejo sofrendo mudanças.

É um game que provoca emoções, ainda mais quando você se apega a um personagem e ele acaba falecendo. Ao mesmo tempo é um remake delicioso de jogar e que pode consumir boas horas de quem é fã do gênero. Ele tem um ritmo tão gostoso que quase sempre teremos aquele pensamento de “e se eu jogar só mais esse dia in-game?” e quando nos dermos conta já terão ido mais algumas boas horas.

Story of Seasons: A Wonderful Life tirou o gosto amargo que o original havia deixado, no meu caso, e me trouxe a mesma sensação de quando tive meu primeiro contato com a franquia. Um remake mais do que necessário e que promete agradar não apenas aos antigos fãs como também conquistar novos jogadores com uma experiência divertida, aconchegante, mas também emocionante.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela XSEED Games.