Quando a Electronic Arts adquiriu os direitos de produzir jogos da série Star Wars, uma das sub-séries que os fãs mais queriam ver era uma continuação de Battlefront. A tarefa para agradar tanto os fãs de longa data quanto atrair novos ficou nas mãos da DICE, conhecida pela série Battlefield. Com Star Wars: Battlefront em mãos, e se baseando apenas na trilogia original no jogo base, como ficou o resultado?
Primeiramente, é preciso deixar claro um aspecto do jogo: o foco é no multiplayer, seja ele online ou offline. Se você procura uma campanha com história, não a encontrará aqui. Isso não significa, porém, que não há conteúdo single-player. Além do tutorial (exibido no vídeo no início desta análise), temos missões que podem ser feitas sozinho ou com um amigo. É nessas missões que está presente o cooperativo, inclusive.
Mas vamos por partes. Deixando claro que o foco é o multiplayer, podemos continuar nossa análise. Logo no menu principal, podemos ver duas grandes opções: o multiplayer de verdade e as missões mencionadas no parágrafo anterior. Essas missões são divididas em três tipos: treinamento, batalha e sobrevivência. A primeira é auto-explicativa, sendo cinco missões que são diferentes situações em que você precisa completar o objetivo. O vídeo no início desta análise também as mostra, caso tenha curiosidade.
Já as missões de batalha e sobrevivência são diferentes. A primeira seria uma simulação de uma partida multiplayer, a ponto do jogo oferecer companheiros controlados pela CPU. Vence quem conseguir atingir a pontuação estipulada primeiro. Ou seja, é você (e possivelmente mais um amigo) contra vários bots, com alguns estando ao seu lado. Há uma outra opção de você ser um herói, ao invés de um soldado comum, mas falaremos sobre os heróis mais adiante.
Já o modo sobrevivência é o clássico modo com "waves" de inimigos. Ou seja, você (e, novamente, podendo chamar mais um amigo) luta contra hordas de inimigos que vão aparecendo no mapa – que variam desde Stormtroopers comuns, até AT-STs.
Todas as missões oferecem estrelas, que são tecnicamente desafios. Complete em diferentes níveis de dificuldade ou colete colecionáveis espalhados pela fase para ganhar as estrelas. É uma ótima maneira de aumentar a vida útil do modo. O modo de missões, de forma geral, é muito bacana de se jogar com um amigo, mas sozinho é entediante e pouco variado.
Finalmente chegamos ao coração de Star Wars: Battlefront: o multiplayer. Há diferentes modos, sendo alguns pensados no universo da série de filmes, enquanto que outros remetem a clássicos do gênero FPS.
O mais popular é o "Ataque dos Walkers". Se você testou pelo menos a beta, já conhece esse modo. 20 jogadores lutam pelo Império enquanto que outros 20 são Rebeldes (essa divisão de lados é válida para todos os modos). O Império precisa proteger os Walkers (AT-AT), enquanto que os Rebeldes precisam destruí-los a todo custo. Para isso, é preciso ativar estações e, conforme elas ficam ativas, mais ataques de Y-Wings virão para os Walkers, deixando-os mais tempo vulneráveis. A partida termina se os dois AT-ATs forem derrotados (em Endor há apenas um, como no vídeo mais acima mostra) ou se eles conseguirem chegar à base Rebelde.
É um modo viciante e divertido. Mesmo sendo 40 pessoas na batalha, fica claro para onde você deve ir e as pessoas, sendo novatas ou não, tentam se ajudar entre si. Não há como atirar em seus amigos, portanto a diversão não será comprometida com possíveis trolls.
Star Wars: Battlefront conta ainda com outros modos como: Supremacia (controle pontos específicos do mapa em um modo para 40 jogadores), Captura de Carga (é o famoso capture a pasta, mas adaptado para o jogo), Captura de Dróides (há três dróides espalhados pelo mapa e ganha a equipe que controlá-los de forma simultânea), Batalha (o clássico Team Deathmatch), Captura de Cápsulas (cápsulas caem do céu e as equipes lutam pelo domínio delas), Heróis vs Vilões (3 vilões enfrentam 3 heróis nessa partida até a morte) e Caça ao Herói (7 pessoas caçam 1 herói/vilão – aquele que o derrotar se torna um herói/vilão. É um dos poucos modos que é cada um por si). O DLC gratuito com o mapa Jakku, do filme Star Wars: The Force Awakens, traz ainda o modo Momento Decisivo (capture pontos se você for Rebelde e impeça se for do Império). Todos os modos são variados e divertidos de serem jogados, sendo uns mais viciantes e outros menos.
Todos os modos acima são jogados de forma convencional, ou seja, com o esquema clássico de FPS. Há ainda um chamado Esquadrão de Caças, que é simplesmente uma batalha aérea (derrote caças controlados pela CPU e também por jogadores, basicamente). Isso nos leva ao próximo ponto de nossa análise: os veículos e a jogabilidade.
Star Wars: Battlefront, apesar de ser classificado como FPS em nossa análise, permite que se jogue em terceira pessoa também. Os comandos seguem os padrões dos FPS atuais. Em relação aos veículos, você os pega na maioria dos modos como um power-up no cenário. As naves são controladas de forma semelhante entre si, mudando a velocidade de vôo e os itens que podem ser usados. No caso do Império, é possível usar AT-STs também, que são controlados de forma similar ao personagem normal do jogo. Quanto aos power-ups, um deles também funciona como a possibilidade de controlar um o herói ou vilão (dependendo de qual lado você está na partida). Esses personagens possuem golpes especiais variados e bastante stamina, demorando pra morrer. Nas mãos certas, podem causar bastante estrago.
A principal diferença de Battlefront com os outros FPS fica por conta dos chamados Star Cards. Conforme você joga e evolui seu rank, acaba tendo acesso a novos cards que podem ser equipados. Eles fornecem coisas como granadas, propulsor, armas poderosas (míssil teleguiado, por exemplo) e assim por diante. Essas cartas são equipadas no L1 ou R1 e necessitam de um tempo de resfriamento. Algumas podem ser melhoradas ao se gastar mais créditos nelas. Há ainda uma terceira carta que é uma espécie de consumível e oferece coisas como um escudo pessoal que fica ativo brevemente ou a recuperação instantânea do resfriamento das cartas usadas. Por fim, temos uma última categoria de carta, que só é destravada mais tarde no jogo e serve para melhorar algum aspecto do seu personagem, como sua vida recuperar mais rapidamente.
Talvez esse seja um ponto negativo de Star Wars: Battlefront. Todos os itens são travados e só podem ser acessados conforme o seu rank aumenta, como muitos FPS fazem. Porém, para evitar que haja desvantagens, o matchmaking (montar a partida) precisa ser funcional ou permitir que o jogador escolha onde quer jogar. E é aqui que está um grande problema de Battlefront: o matchmaking é péssimo. Além de você cair sempre com jogadores que estão em níveis muito superiores aos seus, é comum o jogo não achar partidas e você ficar num loop de entra e sai da busca até achar algo, principalmente nos modos menos populares. A DICE precisa corrigir isso o mais rápido possível, pois é frustrante. No entanto, esse é o único problema técnico do jogo: o online dificilmente acusa lag (a maioria das vezes você é colocado em partidas com brasileiros justamente para evitar isso) e não acontecem quedas nas conexões. Tudo é muito liso e funcional.
Ainda em relação aos aspectos técnicos, Star Wars: Battlefront possui um dos melhores gráficos existentes nos videogames. É simplesmente de deixar de boca aberta algumas regiões, como Endor. E isso que estamos falando sobre um jogo multiplayer, que normalmente possui gráficos simplificados para melhorar a perfomance. A trilha sonora e os efeitos sonoros também agradam bastante.
Star Wars: Battlefront agrada de maneira geral. Há pontos negativos que foram discutidos nessa análise e há uma falta de profundidade em relação ao gameplay e ao conteúdo oferecido. Mas o título não deixa a desejar no que oferece. Vale ressaltar ainda que não há suporte a chat online (só via party do próprio PS4), o que pode ser bom ou ruim, dependendo do estilo de jogador.
Veredito
Star Wars: Battlefront é um jogo simples e viciante. Há pontos positivos como os seus gráficos incríveis, sua simplicidade de jogar e os seus modos variados e divertidos. Da mesma forma, podemos listar o matchmaking, a falta de profundidade e a escassez de conteúdo single-player como negativos. Num balanço geral, Battlefront agrada bastante, mas fica um gostinho de que poderia ser melhor.
Jogo analisado com cópia digital adquirida pelo redator.