Sonic Superstars – Review

Sonic é uma série que possui muitos altos e baixos. No entanto, independente da opinião de qualquer um de nós, é inegável que os jogos originais de Mega Drive são verdadeiros clássicos que não só tornaram o personagem popular, mas também criaram uma legião de fãs no mundo todo. Essa nostalgia foi explorada com Sonic Mania, o qual, diga-se de passagem, pode ser considerado o melhor jogo do ouriço.

Com isso, era esperado que um Sonic Mania 2 viesse algum dia, mas por forças do destino que nunca saberemos exatamente, o projeto não andou. Assim, a Sonic Team decidiu convidar Naoto Oshima, basicamente o co-criador e designer original do ouriço, e sua desenvolvedora Arzest para criar um jogo ainda 2D apelando para a nostalgia, mas sem gráficos pixelados: Sonic Superstars.

E pode ficar tranquilo: Sonic Superstars é muito bacana, mas possui um sério problema de ser curto.

Como já ficou claro, Sonic Superstars se inspira fortemente nos clássicos de Mega Drive. Mas a inspiração fica somente na estrutura básica: não há uma Green Hill Zone pela milésima vez e existem muitos elementos que o tornam um jogo único.

Sonic Superstars não é um jogo muito focado na história. Não há diálogos: tudo acontece com as interações dos personagens fazendo algumas coisas animadas, o que deixa o entendimento do enredo de uma forma mais universal. Porém, o que você precisa saber é que Sonic, Tails, Knuckles e Amy estão se aventurando pelas Northstar Islands e, no processo, vão se deparar com Fang, Dr. Eggman e a novata Trip.

O gameplay de Sonic Superstars é bastante fiel aos originais. Havia um medo, principalmente depois de Sonic the Hedgehog 4, de que a física não agradasse os usuários. Após jogar todas as fases, garanto que a física está bastante fiel. Não é a mesma, há algumas coisas que acontecem e podem desagradar os mais fanáticos, mas de uma forma geral está boa. O que me desagradou, por exemplo, é que o Spin Dash (para baixo e pulo) não é muito rápido. Parece que vale mais a pena usar o Drop Dash (movimento que surgiu em Sonic Mania – pule e aperte pulo mais uma vez, segurando durante o pouso) do que o Spin Dash.

Mas, no geral, apenas isso do Spin Dash me incomodou. O restante está bem gostoso de jogar. E não só com Sonic: Tails, Knuckles e Amy e suas habilidades únicas respondem muito bem aos comandos, lembrando os originais nos casos de Tails (o seu voo) e Knuckles (planar e escalar). Amy, por sua vez, possui um pulo duplo e o seu Drop Dash faz ela atacar o martelo (de forma similar ao que fazia em Sonic Origins Plus). Há ainda um quinto personagem jogável, mas só é destravado após terminar o jogo, portanto não vou comentar a respeito – mas tenha isso em mente.

Deixando a nostalgia de lado, Sonic Superstars possui muitos elementos novos em seu gameplay. São tantas opções que aquele jogador acostumado a jogar os originais simplesmente esquece que existem. Me refiro aos chamados Emerald Powers.

Após encontrar um grande anel escondido pelas fases (da mesma forma que Sonic 3) e completar uma fase bônus (inédita, criada para Sonic Superstars), na qual você precisa ir atrás da Esmeralda se balançando (Sonic mira nos itens que auxiliam ou atrapalham o seu caminho), você ganha um poder em específico. Ou seja, cada uma das 7 Esmeraldas fornecem algo diferente em seu gameplay.

De forma geral, você escolhe o poder que quer usar com o R3 (analógico) em uma roda. Depois de selecionado, pressiona quadrado e, por um período, o poder escolhido fica ativo. A imagem acima ilustra o poder que tornam objetos visíveis, como plataformas e anéis. Normalmente a própria fase avisa que você deve usar o poder, pois há algo a ser feito naquele ponto. Mas nem sempre, e isso torna a exploração das fases mais avançada.

Os outros poderes são bastante úteis também: um monte de clones podem surgir na tela e eliminar inimigos ou pegar os itens para você; pode diminuir o tempo para entender melhor algo que está indo rápido demais; ou até mesmo fazer vários ataques direcionados no ar, o que ajuda a chegar em pontos mais altos com personagens que não voam (ilustrado na imagem abaixo).

Os Emerald Powers são recuperados toda vez que você passa por um checkpoint, portanto eles estão disponíveis muitas vezes ao longo da fase. É por esse motivo que você acaba esquecendo: são muitos poderes que podem ser usados repetidamente. E sim, a forma Super também está como uma opção nessa roda do R3, após pegar as sete Esmeraldas e 50 anéis.

Algo que você já deve estar ciente a essa altura é que Sonic Superstars é bastante focado no multiplayer para quatro jogadores. Essa opção é apenas local (para o online temos o Battle Mode, discutido mais adiante). É algo totalmente opcional: você pode jogar tudo inteiramente sozinho. Porém, jogar com amigos é bem divertido. A câmera sempre tenta seguir quem está avançando pela fase e se você ficar fora do seu alcance, basta pressionar pulo para alcançar o outro jogador.

Mesmo aquelas pessoas pouco acostumadas a jogar videogame podem se divertir com esse multiplayer. Não pense que é similar a Tails nos jogos de Mega Drive, mas se a pessoa morrer com o personagem, uma opção de renascer aparece após algum tempo. Além disso, todos podem usar o Emerald Power, mas após ter sido usado por um jogador, aquele poder em específico fica como “usado” até passarem por um checkpoint.

As fases de Sonic Superstars são bacanas, mas admito que as últimas são muito mais interessantes que as iniciais. Aliás, a última fase da história possui uma ideia sensacional da forma que foi executada. Outra coisa que posso citar é que a fase 9, Cyber Station Zone, possui algumas mecânicas de gameplay divertidas.

O problema de Sonic Superstars é que se trata de um jogo curto. Um jogador veterano de Sonic consegue terminar em cerca de 5 horas o modo história e com todas as Esmeraldas. Alguém não acostumado com a série pode levar um pouco mais, no entanto. Porém, é preciso ressaltar que há mais conteúdo disponível.

Após terminar a história, uma segunda campanha aparece e que permite controlar o quinto personagem jogável. As fases dessa segunda campanha são as mesmas de Sonic e seus amigos, mas com designs diferentes. Ou seja, você ainda começa jogando na Bridge Island Zone, mas notará que não é exatamente a mesma fase. Além disso, esse personagem (que não vou revelar sua identidade) possui uma forma Super bem diferente dos demais.

Os outros modos disponíveis são o já conhecido Time Trial, para quem busca desafiar os seus próprios tempos e com rankings online, e o Battle Mode/Modo Batalha.

O Modo Batalha é um modo para até 8 jogadores online, mas que pode ser jogado localmente também. É um modo pensado para o multiplayer, pois é uma espécie de campeonato separado por fases. Em uma fase, por exemplo, vence aquele que coletar mais medalhas. Em outra, quem terminar a fase primeiro. A sua posição gera pontos, o que por sua vez define a sua colocação geral.

O Modo Batalha é divertido, mas para o jogador solitário obviamente será algo que verá uma vez ou outra (é possível jogar contra a CPU). O online no momento desta análise está deserto por motivos óbvios, mas há um ranking o qual você evolui, algo que deve incentivá-lo a jogar mais.

Algo que não citei nesse Modo Batalha é como funcionam os avatares. Se você olhar bem, notará que são personagens “Metal”. Você destrava as partes, como cabeça, braços, pernas, pintura, etc, com Medalhas conquistadas no modo história. Essas Medalhas são pegas numa fase especial do checkpoint (que possui um gameplay baseado na fase especial de Sonic 1) ou escondidas pelos Atos.

O problema dessas Medalhas é que, se você deseja comprar todos os itens da loja, será um grind bastante alto. Terminei o modo história com cerca de 100 Medalhas (provavelmente menos), mas isso é o suficiente para comprar umas 3 ou 4 peças apenas. É um preço muito alto para quem quiser pegar tudo. E não, não há microtransações, é apenas um grind meio chato.

E isso nos leva ao principal problema de Sonic Superstars: a sua duração. Como dito, a campanha pode durar entre 5 e 10 horas no máximo (provavelmente tendendo a 5). A outra campanha leva outras 4 a 8 horas. E… é isso. Você pode se divertir um pouco mais no Battle Mode, buscar melhores tempos no Time Trial ou rejogar a campanha com amigos, se a fez sozinho antes. Mas estamos falando de um jogo com um conteúdo principal de menos de 10 horas por um preço cheio. Acredito que Sonic Superstars seria perfeito nesse quesito se custasse o preço tabelado de 39,99 USD, e não 59,99 USD.

É claro, aqueles que buscarem o troféu de platina notarão que passarão mais tempo, pois é preciso matar vários inimigos com cada um dos personagens, além de encontrar os inimigos dourados escondidos pelas fases. É algo que aumenta a vida útil, mas você estará rejogando algo que já conferiu antes, no fim das contas.

Apesar desse problema da duração, Sonic Superstars vale a pena. As músicas no geral são boas (algumas nem tanto, equanto que outras ficaram ótimas), o design das fases recompensa quem avança pela parte superior como todo Sonic clássico, os chefes são bem originais e o gameplay é agradável. Seja fã do ouriço ou não, vale dar uma conferida, seja agora ou no futuro com um desconto.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela SEGA.