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Sonic Frontiers – Review

Desde que a ‘era moderna’ de Sonic teve início com Sonic Adventure em 1999, a SEGA e a Sonic Team pareciam sempre ousar a cada lançamento, mas, no fim, ainda era a mesma essência.

Por exemplo, Sonic Adventure 2 trouxe duas narrativas e algumas inovações no gameplay (como o grind); Sonic Heroes possuía a mecânica de trios; Shadow the Hedgehog colocou armas na mão do personagem principal; Sonic the Hedgehog (2006) tentou ser mais convencional (exceto com Silver) mas acabou ficando conhecido pelos bugs; Sonic Unleashed havia o gameplay de Werehog nas fases noturnas; Sonic Colors trouxe os Wisps e seus power-ups diferentes; Sonic Forces permitia criar seu próprio avatar e usava uma arma.

Como dito, todos esses jogos podem parecer diferentes entre si, mas ainda eram separados por fases, com o objetivo de coletar anéis e obter a maior pontuação possível, seja no menor tempo ou por outro sistema. No fim, a base ainda era a mesma. Sonic Frontiers tenta mexer nessa base, trazendo um mundo aberto chamado de ‘zona aberta’ e as fases do Cyber Space. O que isso significa exatamente?

Sonic Frontiers

Desde o seu anúncio, ficou muito confuso o que Sonic Frontiers é, essencialmente. Mas é bem simples de entender seu sistema depois que você pega o jogo para jogar. Por conta disso, tentarei explicar o básico para ficar mais claro o seu funcionamento. E já adianto que essa mudança foi positiva.

Primeiramente, precisamos falar sobre o enredo. Apesar de ser um jogo de mundo aberto, a história é bastante presente em Sonic Frontiers. No jogo, Sonic, Tails, Knuckles e Amy viajam para as Starfall Islands porque as Chaos Emeralds os chamaram para lá. Chegando lá, Tails, Knuckles e Amy ficam presos no chamado Cyber Space, porém Sonic consegue escapar. Cabe agora a Sonic descobrir uma forma de salvar seus amigos, entender o passado dessas ilhas misteriosas e descobrir quem é Sage – a misteriosa garota que quer impedir Sonic a todo custo.

Sonic Frontiers

Para entender Sonic Frontiers, é preciso esclarecer que existe uma ‘hierarquia’ dos colecionáveis e regiões. Vamos por partes.

No total, Sonic Frontiers possui cinco regiões amplas – as chamadas ‘zonas abertas’. Essas regiões são o mundo aberto do jogo e você pode explorar à vontade. Para se locomover, você notará que há inúmeras ‘mini-seções’ com grinds, molas, anéis, paredes e muito mais. Ou seja, pense que em vários locais desse mundo aberto há pequenos trechos que você basicamente joga de uma forma já familiarizada com Sonic.

Sonic Frontiers

Ao fim desses trechos, quase sempre há um colecionável o aguardando. Como dito anteriormente, há uma espécie de hierarquia. Se listarmos, ficará mais fácil:

  • Anéis servem apenas para proteger Sonic. Nada mais que isso;
  • XP é obtido ao derrotar inimigos ou escondidos em caixas. Servem para habilitar movimentos especiais na Árvore de Habilidades (mais sobre isso adiante);
  • Itens mnemônicos: em cada uma das cinco regiões, você obtém esse tipo de item que é relacionado a um amigo de Sonic. Por exemplo, na primeira, temos o coração de Amy. Esse item, em todas as situações, libera cutscenes com a personagem (e com Sage) e avança na história. Tanto Amy quanto Sage ficam espalhadas pela região (o jogo indica para onde ir);
  • Missões: servem para abrir o mapa da zona aberta. São sempre objetivos simples, mas variados, como chegar a até algum local em poucos segundos ou solucionar um puzzle;

Sonic Frontiers

  • Engrenagens: espalhados pelas ‘zonas abertas’ estão chefes (chamados de Guardiões). Esses chefes precisam ser derrotados e liberam uma engrenagem como item. As engrenagens são usadas nos portais;
  • Portais: são as fases do Cyber Space. Você usa as engrenagens para abri-los. O Cyber Space é, literalmente, uma fase clássica de Sonic. É possível obter chaves ao terminar a fase e completar seus objetivos opcionais. As chaves são usadas para obter as Esmeraldas.

Sonic Frontiers

  • Esmeraldas: use chaves obtê-las. Cada zona aberta possui 7 esmeraldas para serem obtidas. Quando você consegue as 7, abre caminho para o duelo com o Titã como Super Sonic.

Sonic Frontiers

Em outras palavras, o esquema geral do jogo é o seguinte: colete itens mnemônicos para avançar na história e derrote chefes pela zona aberta. Quando possível, entre nas fases do Cyber Space, colete chaves e pegue as Esmeraldas.

No início pode parecer confuso e cheio de informações, mas em pouco tempo você pega o jeito. E devo admitir que essa lógica de jogo e principalmente o gameplay ficaram bastante divertidos.

Algo que Sonic quase nunca mudou foram as suas formas de ataque. Tirando jogos como Super Smash Bros. ou Sonic Battle, seus ataques basicamente consistiam em seu formato de bola e variantes disso (Bounce, Homing, Spin, etc). Em Sonic Frontiers, há um leque de habilidades bastante variado que tornam o combate o melhor que a série já viu.

Sonic Frontiers

Com o quadrado, Sonic ataca o oponente com socos e chutes. X ainda pula, mas o Homing Attack agora é no quadrado. Triângulo serve para fazer o chamado Ciberloop: um rastro de luz fica atrás de Sonic e ao fechar um circulo pode causar diferentes efeitos dependendo do que está dentro desse círculo desenhado (um inimigo pode ficar tonto, um botão pode ser ativado, etc). Bola ainda é o Bounce. R2 é o Turbo, que basicamente é a mesma coisa que o Boost mas que não depende de anéis ou Wisps – simplesmente espere um pouco para que carregue sozinho (pense como uma barra de stamina/fôlego). L2 lança projéteis nos inimigos, enquanto que L1 e R1 desviam ou fazem sidestep quando estiver correndo. L3 é o clássico comando de seguir os anéis que pode soar estranho nesse botão, mas se acostuma.

Apesar de familiar, a diferença do gameplay está na Árvore de Habilidades. Conforme você destrava mais e mais movimentos, logo notará que o combate é bem diferente do que está acostumado, a ponto de pensar em combos ao invés de só matar os inimigos. Nesse ponto, a Sonic Team acertou em cheio.

Sonic Frontiers

Infelizmente, o que ficou ruim em Sonic Frontiers é a sua história. Admito que, por terem chamado Ian Flynn, roteirista das HQs, para escrevê-la, a expectativa ficou alta. O problema é que a história não empolga. As cutscenes são sem graça e muitos diálogos não são interessantes. É claro, há mistérios que chamam a atenção, como o que de fato aconteceu nas ilhas e quem é Sage. Além disso, há muitas menções a acontecimentos de jogos anteriores, desde Sonic Adventure a até mesmo Sonic Unleashed. Mas, o enredo como um todo, principalmente em sua conclusão, deixou a desejar.

Por outro lado, a trilha sonora de Sonic Frontiers é simplesmente fantástica. As músicas do Cyber Space são excelentes e a música calma da zona aberta é ótima também, assim como dos chefes.

Sonic Frontiers

Mas há outro problema: os gráficos nas cutscenes. Entenda: durante o gameplay, os gráficos são ótimos (ao menos no PS5). Há alguns pop-ins (coisas como as árvores e outros objetos vão aparecendo conforme a câmera se movimenta) que ocorrem à distância, mas normalmente você não os nota – exceto nas cutscenes.

Sonic Frontiers usa uma tecnologia que esconde os detalhes do cenário quando estão longe da visão de Sonic. Por conta disso, bizarramente, muitas cutscenes ficam repletas de pop-ins. Como dito, isso também ocorre no gameplay, mas não é frequente. Já nas cutscenes é muito óbvio e estranho.

Sonic Frontiers

Sonic Frontiers levou 16 horas para ser finalizado e até mesmo platinado. O troféu de platina não exige completar todas as fases do Cyber Space (que possuem desafios como Rank S e coletar todos os Red Rings), portanto quem não se importa com troféus e apenas com o jogo, terá mais algumas horas de gameplay (talvez 17 ou 18 horas). Pessoas que não são familiarizadas com os jogos do ouriço devem precisar de mais tempo.

Para um jogo de Sonic, esse tempo é ótimo, pois nada foi repetido ao nível de exaustão (por exemplo, não é um Sonic Heroes que repete as mesmas fases com outros personagens). Mas, infelizmente, a dificuldade não é alta. O mundo aberto pode apresentar dificuldades no sentido de “como eu chego até lá?”, mas as fases do Cyber Space são muito simples no geral, não sendo difícil conquistar o Rank S e muito menos encontrar os Red Rings – algo que nos outros jogos não é tão simples assim.

Vale notar que o visual das fases do Cyber Space são sempre de Green Hill, Chemical Plant, Sky Sanctuary e de uma cidade (imagino que seja Empire City). Pessoalmente, não me importei muito com isso pois os desafios e percursos sempre mudam e, como dito, a trilha sonora é fantástica. Mas sem dúvida existirão pessoas incomodadas com isso.

Sonic Frontiers

Há dois elementos que precisam ser discutidos e que “quebram” essa dificuldade: o upgrade de Sonic e o minigame de pesca.

Além da Árvore de Habilidades, Sonic possui quatro características que podem subir até o Nível 99: quantidade de anéis, velocidade, força e defesa (reduz a quantidade de anéis perdidos). Para os dois primeiros, você deve coletar os Kocos, pequenos seres espalhados pelas regiões, para evoluir (e ter uma conversa bem entediante com o Koco Ancestral). Já os outros dois, são evoluídos com itens obtidos principalmente ao completar as missões que abrem o mapa. Até aí, sem mistérios.

O minigame de pesca de Big é bem simples e pode ser acessado em todas as zonas abertas. Você basicamente gasta uma ficha específica (também coletada no mundo aberto) e pesca: joga a vara, puxa quando aparece a mensagem e espera para apertar X mais uma vez quando uma linha estiver sincronizada com um círculo. Há diferentes tipos de peixes e, dependendo de seu tamanho ou raridade, você ganha outra moeda para gastar na loja de Big. É um minigame simples que não fede e nem cheira, ou seja, não é ruim mas também não tem nada de excepcional.

Sonic Frontiers

E é aí que se encontra o desbalanceamento: você pode comprar Kocos e itens de upgrade nessa loja de Big. Na última ilha, basicamente deixei Sonic no nível máximo sem esforço e a batalha com o chefe final foi ridicularmente fácil. Algo bem decepcionante, sendo franco.

Não vou mentir: as batalhas contra chefe com Super Sonic são bem épicas e divertidas, trazendo mecânicas diferentes a cada duelo. Mas com esse esquema de evolução do personagem, Sonic literalmente passou o trator no último chefe. Há uma seleção de dificuldade no início do jogo e escolhemos Normal, mas não creio que isso alteraria muito essa parte final se estivesse no difícil.

Por fim, há mais um detalhe que gostaria de comentar de Sonic Frontiers ainda relacionado ao Super Sonic. Como você imagina, a batalha com o Titã possui um tempo – a quantidade de anéis que Sonic possui. Se você começa o duelo com poucos, a luta termina rápido e você morre. No checkpoint, o jogo fornece a você apenas 100 anéis – o que não é o suficiente (por padrão, sem upgrades, Sonic pode carregar até 400). Como não tinha um save antes disso, estava prestes a reiniciar o jogo todo novamente quando me dei conta do Ciberloop: ao desenhar um círculo no chão, sempre virão pelo menos anéis. É uma solução encontrada em uma situação que seria muito mais fácil se o jogo tivesse me deixado fora da batalha, após tê-la perdido. Não creio que todos os jogadores chegarão a essa conclusão, podendo ser desnecessariamente frustrante uma batalha que não deveria ser muito difícil.

E é esse Ciberloop que também pode estragar sua diversão de colecionáveis: aleatoriamente, também podem vir os itens mnemônicos, fazendo com que a busca por eles não seja necessária.

Sonic Frontiers

Não se engane: apesar dessas críticas, gostei bastante de Sonic Frontiers. Os pontos positivos excedem os negativos acima citados, gerando um resultado positivo.

Com sorte, essa fórmula de zona aberta será aprimorada em uma possível sequência e podemos ter um jogo definitivo do ouriço.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela SEGA.

Winz.io

Veredito

Sonic Frontiers consegue misturar o que esperamos de um jogo Sonic com um mundo aberto repleto de colecionáveis. O gameplay é ótimo, a trilha sonora é fantástica e os gráficos são bons. O título fica devendo na dificuldade, nos visuais das cutscenes e na história que não empolga.

80

Sonic Frontiers

Fabricante: Sonic Team

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Ação / Plataforma

Distribuidora: SEGA

Lançamento: 08/11/2022

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Sonic Frontiers manages to mix what we expect from a Sonic game with an open world full of collectibles. The gameplay is great, the soundtrack is fantastic and the graphics are good. The title lacks in the difficulty, story and in the visuals of the cutscenes.