Sly Cooper: Thieves in Time

Sly Cooper é uma das 3 grandes franquias cujos personagens deveriam ser os “mascostes” do PlayStation2, junto com Jak & Daxter e Ratchet & Clank. Sly ficou um bom tempo na geladeira, com seu último título em 2005. Em 2010, porém, com a onda de lançamentos de coletâneas em alta definição, tivemos o prazer de receber The Sly Collection, uma remasterização de ótima qualidade feita sob os cuidados da Sanzaru Games. Aqueles que jogaram e terminaram a trilogia na Collection foram agraciados com um pequeno teaser para uma futura sequência da série. Esta sequência é Sly Cooper: Thieves in Time (TiT… não, Thieves in Time mesmo).

Thieves in Time não foi produzido pelo pessoal da SUcker Punch, mas ficou nas mãos competentes da Sanzaru Games. Essa mudança de desenvolvedora não é muito perceptível, dado o carinho e cuidado com que a Sanzaru tratou a franquia. A bem da verdade, “carinho e cudiado” talvez sejam as palavras que melhor definem esta iteração da franquia. Mudanças de desenvolvedores geralmente resultam em ou uma reformulação total da franquia (Devil May Cry) ou na perda do charme que ela carregava (Crash Bandicoot), mas Thieves in Time é isento destes problemas, e o pessoal da Sanzaru Games trata Sly como se fosse cria própria.

Isso fica evidente logo no começo. O estilo de narrativa, com sequências desenhadas a mão e a narração de Sly por cima é o mesmo que os fãs estão acostumados. Thieves in Time começa com Sly narrando brevemente sua última aventura, que termina com ele fingindo amnésia para poder desenvolver um relacionamento com a policial Carmelita Fox. Entretanto, o livro de família de Sly, o Thievius Raccoonus, começa a misteriosamente ter suas páginas alteradas, o que faz com que Bentley inicie uma pesquisa que o leva a construir uma máquina de viagem temporal.

Do lado de Sly, o pobre guaxinim não consegue mais resistir à tentação de roubar itens valiosos de outros criminosos, e a informação de que seu livro está sumindo pouco a pouco é a motivação que faltava para Sly, Bentley e Murray se reunirem novamente e retomarem suas atividades. A história de Thieves in Time envolve viagens temporais, e todos sabemos que esse tema é mais que propício para criar furos no enredo e contradições. Thieves in Time não é desprovido destes, mas a história é agradável e bem contada. Muito disso fica por conta dos personagens excepcionais do jogo. O script impecável é leve e divertido, dando vida aos personagens de forma que poucos outros jogos conseguem. Thieves in Time não mede esforços em cativar o jogador, e o faz com maestria.

Em seu cerne, Thieves in Time é bem fiel aos seus antecessores. O jogo é uma mistura de plataforma com stealth, privilegiando mais quem caminha furtivamente pelos tetos ao invés de destruir todos em seu caminho. Cada episódio do jogo conta com um hub, de onde são acessadas as missões que preparam o terreno para culminar nas batalhas contra os chefes. De forma geral, você controlará Sly, Bentley e Murray a maior parte do tempo no deccorer do jogo. O trio se comporta de forma semelhante aos jogos anteriores, então fãs estarão em casa. Sly é ágil e consegue escalar com facilidade, Bentley se usa de sua tecnologia para se infiltrar nas bases inimigas e hackear computadores, enquanto Murray compensa sua falta de agilidade com pura força bruta.

Com a viagem temporal, você também terá acesso a novos personagens – os antepassados de Sly. Cada um deles possui uma habilidade única – um possui um salto a longa distância único, outro pode atirar (sim, um pouco de TPS dentro de Sly Cooper!), e assim por diante. Carmelita também pode ser controlada em algumas partes do jogo, e você ainda adquire algumas roupas especiais para Sly que lhe dão ainda mais habilidades. Para completar a diversidade, existem alguns mini-games espalhados pelo jogo. Alguns são hilariantes, como um antepassado de Sly passando por um treinamento a la Rocky Balboa com Murray, ou o próprio Murray vestido de gueixa dançando para distrair os guardas. Volto a dizer, charme é o que não falta a Thieves in Time.

Um ponto de Thieves in Time que é impossível não destacar é sua qualidade gráfica. No PS3, o jogo é belíssimo, com um visual cartunesco bastante único – Se Ratchet & Clank se assemelha a um filme da Pixar, Thieves in Time é mais próximo de um desenho dos Looney Tunes. A animação é ótima, a modelagem dos personagens é excelente e o design geral do jogo é de babar. De fato, à excessão de algumas esparsas sessões com slowdowns, Thieves in Time é graficamente impecável… no PS3.

No Vita, porém, os gráficos não são tão belos. Alguns efeitos estão ausentes e as texturas possuem pior qualidade, além do framerate ser mais errático. No portátil, o jogo se assemelha mais à coletânea HD que sua contra-parte do PS3, e embora isso não afete muito o gameplay em si – as áreas, inimigos, itens, missões e tudo mais estão integralmente ali -, é um pouco decepcionante de se jogar após o espetáculo visual do PS3.

Felizmente, a versão de Vita se justifica pela iniciativa Cross-Buy, ou seja, ao se comprar a versão PS3 – em disco ou digital -, você receberá a versão para o Vita de graça. Usando-se a opção de Cross-Save, você pode alternar entre uma e outra facilmente, podendo levar o jogo para onde quiser. Além disso, para delírio dos caçadores de troféus, as duas versões possuem listas separadas, o que significa duas platinas – e melhor ainda, ao se usar o Cross-Save, todos os troféus adquiridos em uma versão são desbloqueados automaticamente na outra.

O áudio do jogo se mantém com algumas peculiaridades da série. Efeitos sonoros como os passos de Sly enquanto ele se esgueira (feitos em sons de notas de baixo) e o característico som das moedas são marcas da série e se mantiveram em Thieves in Time. As músicas, embora não tão memoráveis, cumprem seu papel. A dublagem conta com o retorno dos dubladores principais (exceto Carmelita, que sempre teve uma voz em cada jogo), fazendo um trabalho de altíssimo nível.

Thieves in Time não é nem muito longo nem exatamente difícil, sendo, em verdade, um tanto quanto curto e fácil. Para adicionar valor de replay ao jogo, existem vários colecionáveis e extras para se destravar. Quem possui as duas versões do jogo pode usar o Vita como uma tela de realidade aumentada para localizar estes colecionáveis mais facilmente (algo como o GamePad do Wii U), mas esta implementação deixa a desejar pela necessidade de se alternar entre o Vita e o controle.

Talvez a única aprte realmente incômoda de Thieves in Time seja seus load times demorados. Eles não são muito frequentes, acontecendo geralmente quando se troca de área no jogo, mas demoram ao ponto de se tornarem incômodos. Talvez seja um preço a se pagar pelos belíssimos visuais do jogo, mas não consigo tirar a impressão de que o jogo poderia ser otimizado nesse aspecto.

Não é nenhum loading, porém, que vai ofuscar a beleza de Thieves in Time. A série Sly Cooper está em boas mãos com a Sanzaru Games, e este quarto jogo mostra como a softhouse trata com cuidado a série. É como se a Sanzaru quisesse provar para os jogadores que eles também são fãs do personagem e conseguem fazer um jogo tão bom quanto os da Sucker Punch. Thieves in Time nunca para de tentar agradar, divertir e arrancar risadas do jogador, e desse jeito, fica difícil não se deixar cativar. Recomendadíssimo.

— Resumo —

+ Gráficos belíssimos.
+ Divertidíssimo.
+ Boa variedade de gameplay.
+ História bacana e personagens excelentes.

Um tanto quanto fácil demais.
Load times incômodos (embora não tão frequentes).
Algumas quedas de framerate.

Veredito

90

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