SD Gundam: Battle Alliance – Review

Há um bom tempo em que não se podia dizer que um jogo de ação de Gundam era genuinamente bom. Enquanto a franquia raramente vacila em seus avanços por RPGs de Estratégia, outros gêneros têm tido uma lista de lançamentos um pouco mais inconsistente, especialmente desde a migração para a geração passada de consoles.

Nada melhor para resolver esse problema então do que focar no básico, abandonar mais elementos de simulação e lançar um título cujo objetivo é promover um grande crossover entre vários jogos da franquia, tudo sob o estilo Super-Deformed que deu tão certo nos SRPGs. E, com isso, SD Gundam: Battle Alliance consegue alcançar um inesperado sucesso, prometendo agradar tanto aos fãs mais hardcore da franquia quanto os mais casuais que só querem ver robôs gigantes e explosões.

A opção pelo estilo mais chibi/fofo trazido pelas versões SD dos Mobile Suits famosas da franquia é o primeiro grande chamativo aqui e uma porta de entrada para um dos seus pontos mais chamativos: o jogo é muito bonito. É uma “tradição” da franquia ter MS detalhados, mas ambientes mais opacos e sem vida, algo que definitivamente não é visto por aqui, graças as cores vibrantes, animações ricas e cenários destrutivos.

O jogador assume o papel de piloto de simulador que, durante uma missão-teste, se vê preso dentro da base de dados daquela realidade virtual e precisa trabalhar em conjunto com sua equipe de apoio para conseguir reparar os dados corrompidos e assim se libertar. Obviamente, uma grande ameaça está por trás desses eventos e só você poderá investigá-la e salvar o mundo, com direito a uma vasta quantia de termos pseudo-científicos que soam levemente inteligentes.

Não é nada muito complexo e, sinceramente, a história é algo bem ignorável, mas serve como boa justificativa para te colocar em diferentes campos de batalhas das várias séries/filmes que Gundam teve ao longo de sua história. É através dela que você irá, aos poucos, desbloquear acesso a novas Mobile Suits e novos pilotos populares que poderão lutar ao seu lado em intensas (e rápidas) missões.

Não muito diferente de outros crossovers, é justamente o looping de se começar uma missão, descobrir qual a nova MS/Piloto/Vilão famoso que irá aparecer e lutar para desbloqueá-la que mantém o jogador engajado com a história. Parte disso é que, após completar uma linha de missões “distorcidas”, você tem acesso às versões “Verdadeiras” da história, podendo assim reviver os cenários ali descritos “exatamente” como elas ocorreram no anime/filme.

Algumas MS precisam de mais missões completadas do que outras para desbloquear e tudo mas, no geral, se você é um fã de Gundam o jogo faz um excelente trabalho de conseguir te manter constantemente preso nas próximas surpresas, mesmo que não na história em si (e a recriação das cenas no estilo do jogo também foi muito bem executada).

O verdadeiro êxito de SD Gundam: Battle Alliance fica por conta do combate. À primeira vista, o jogo é bem simples mecanicamente. Você escolhe uma das missões disponíveis no menu, escolhe qual MS irá pilotar e quais irão te acompanhar (você quase sempre terá dois aliados contigo, mas não é possível assumir o controle delas) e parte para a batalha. As missões em si são bem simples, com o jogador precisando derrotar uma série de inimigos menores até batalhas mais longas e desafiadoras contra chefes ou uma certa nave de ondas de ataques inimigos.

Em batalha, cada MS possui um ataque físico fraco e um forte, que podem ser combinados, até três tipos distintos de ataque à distância, mapeados para o L1, R1 e R2, e um ataque especial que pode ser executado após preencher uma barra ao apertar L1+R1. Esses ataques à distância e o especial são dependentes de diferentes tempos de cooldown, mas geralmente podem ser utilizados múltiplas vezes a cada missão.

No entanto, quando essas opções são combinadas com o fato de que a mobilidade da sua unidade é muito maior aqui do que em outros jogos da série e cada luta é bastante rápida, sendo fácil terminar bem para você ou para o inimigo, dá todo um ar mais dinâmico ao combate. Você precisa estar constantemente atento, defendendo e esquivando de ataques, voando por aí realizando combos físicos e à distância para conseguir completar as missões.

Algo que contribui bastante para isso é que, visualmente, o jogo faz com que cada golpe executado e inimigo derrotado seja recompensador. Naturalmente, as batalhas contra os inimigos mais simples se tornam repetitivas dada à longa duração do jogo, mas como cada missão é relativamente curta, fica fácil de se ignorar caso você vá avançando em sessões mais curtas de jogatina.

Dito isso, o que realmente faz o combate valer a pena são as batalhas contra os chefes de cada missão. Lutar contra unidades mais robustas, com ataques devastadores e mais HP faz com que, ao invés de simplesmente avançar cegamente e realizar combos, você precise pensar melhor em como abordar a situação. É aqui que toda sua destreza, habilidade em contra-ataques e usar o timing certo para atacar marca a diferença entre a vitória e a derrota.

Caso ainda assim você não tenha êxito, SD Gundam: Battle Alliance traz um muito bem-vindo modo co-op online que te permite jogar com mais dois amigos e completar as missões. Enquanto a IA serve bem em dados pontos, principalmente para atrair a atenção do chefe, a possibilidade de enfrentá-los com seus amigos e montar equipes dos sonhos e lutar contra unidades icônicas aumenta bastante a diversão do jogo.

Jogar com seus amigos talvez seja a melhor forma de aliviar o problema mais grave do jogo que é o sistema de progressão. Liberar cada Mobile Suit depende de certo requisitos, então em certos pontos você vai precisar completar a mesma missão diversas vezes para conseguir completar todos os pré-requisitos e desbloqueá-las.

Isso, no entanto, não é o ponto mais chato já que, para efetivamente evoluí-las e tornar o uso de novas Mobile Suits em combate viável, você precisará gastar Capital (o dinheiro do jogo) melhorando um dos quatro atributos de cada MS (PV, Impulso, Ataque Próximo e Distante).

Capital é algo fácil de se conseguir nas missões, mas como não existe outra forma de evoluir suas unidades e missões mais avançadas possuem requisitos altos de nível mínimo, você se verá gastando bastante caso queira testar diferentes Gundams, especialmente dado o sistema de “pedra-papel-tesoura” que o jogo possui, com diferentes MS possuindo suas próprias afinidades (Atiradores, focados em ataque à distância, Lutadores, em ataque físico e Generalista ficando no meio-termo).

É até um pouco curioso que o jogo tenha decidido seguir esse caminho com as MS, já que existe um sistema mais tradicional de progressão para os pilotos que, ao completar missões, ganham experiência e vão desbloqueando habilidades que te tornam mais eficiente em combate.
Isso também se aplica aos seus pilotos parceiros da IA, com mais habilidades sendo desbloqueadas quando eles sobem de nível e se tornando mais fortes à medida em que seu medidor de amizade com eles vai subindo. Algo que, naturalmente, é feito ao completar mais missões com eles ao seu lado. Esses parceiros vão desde soldados genéricos a personagens icônicos da série, algo que deve agradar ainda mais os fãs, mesmo que não seja possível controlá-los.

Por fim, cada Mobile Suit pode ainda ser equipada com peças. Enquanto o jogador vai avançando pela história, ele irá ganhar peças diferentes aleatoriamente a cada missão. Essas peças podem ser equipadas após isso e dão diferentes vantagens ao jogador, que vão de aumentos de estatísticas ou habilidades especiais, como a possibilidade de defesa automática quando você é atacado. Diferentes peças também possuem efeitos secundários e terciários, então saber quais especificamente equipar podem dar boas vantagens em combate.

Assim, fica bem claro que todos os sistemas de SD Gundam: Battle Alliance são bem diretos e simples, te permitindo customizar a experiência sem perder o foco no mais importante que é colocar o jogador o quanto antes no meio da ação e permití-lo viver a fantasia de controlar suas Mobile Suits preferidas em batalhas fantásticas, especialmente junto aos seus amigos.

Ele entrega um ótimo jogo, especialmente para os fãs da franquia que não tem tempo ou energia necessários para entender melhor os sistemas mais intrincados de bons mas complexos jogos de luta ou sem a paciência para lidar com questões que envolvem jogos free-to-play. E, ainda por cima, é um jogo feito sob medida para os fãs com crianças em casa que querem começar a apresentá-los as maravilhas que só Gundam consegue entregar.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco Entertainment.