Existem jogos que tentam mesclar gêneros. Algumas vezes isso dá certo, enquanto que em outras não. SAMURAI MAIDEN é um título que infelizmente se encontra na segunda situação. Mesclando dois gêneros completamente opostos – ação e visual novel – o novo jogo de PS4 e de PS5 não consegue se destacar em nenhum dos dois casos e entrega uma experiência insatisfatória.
SAMURAI MAIDEN segue uma história que lembra a série Valis. Uma estudante do ensino médio que adormece após um dia chato de aulas de história acorda ao lado de uma figura histórica, Nobunaga Oda, conhecido como o primeiro grande unificador do Japão. Os dois se encontram no Templo Honnoji em chamas, onde o submundo foi aberto. Tendo treinado na arte da luta de espadas como um hobby, Tsumugi é subitamente posta à prova em uma batalha real quando recebe a lâmina de proteção do mal pelo desesperado Nobunaga Oda, que entra no submundo para pôr fim à calamidade. Mesmo Tsumugi, uma estudante de história, reconhece Oda como o herói do período Sengoku e entende que ela deve estar à altura dessa ocasião bizarra.
No entanto, Tsumugi não é a única lutadora em SAMURAI MAIDEN: ela encontra três personagens amigáveis no Templo Honnoji, que decidem enfrentar o submundo com ela. O grupo é composto por Iyo, uma ninja trabalhadora com uma variedade de ferramentas, Hagane, uma ninja mais velha com um braço mecânico, e Komimi, uma gênia com um jutsu único. Através de suas viagens, a equipe vai brigar, rir e lutar lado a lado, forjando novos laços no processo.
Como dito, boa parte de SAMURAI MAIDEN é visual novel. Ou seja, espere por diálogos gigantescos entre as personagens. Não há problema por ser desse gênero – existem jogos sensacionais nesse campo – o que acontece é que a história é realmente fraca e cheia de “vais e vens”. A reviravolta principal é previsível de longe. E a outra metade do jogo é ação: um gênero completamente oposto que não consegue balancear a experiência.
Vale ressaltar que todas as partes de visual novel podem ser “skipadas” (evitadas). Mas obviamente você vai boiar na história se fizer isso. Porém, se estiver entediado e só quer jogar a parte de ação, é uma saída.
SAMURAI MAIDEN é separado por capítulos (há 27 no total) e por três níveis de dificuldade (apenas o primeiro, o Normal, é jogável até o fim do game). A ideia é conseguir um rank alto nesses capítulos (que funcionam basicamente como fases), sendo que é preciso alcançar três objetivos para isso: tempo, quantidade de inimigos eliminados e Inga coletado (um item que os inimigos deixam e serve para evoluir as armas das personagens). Não é necessário fazer os três de uma só vez, o que fará você jogar as fases várias vezes em busca dos ranks S.
Além das missões de história, há uma outra seção em que você interage com cada membro da equipe. Ao usar as suas companheiras em batalha, o nível de amizade sobe e mais interações são destravadas nessa seção. As interações são o que você imagina: mais história em visual novel. Após completar isso, uma habilidade é liberada para Tsumugi, aprimorando o leque de movimentos no combate.
Em SAMURAI MAIDEN, os jogadores podem esperar matar multidões de inimigos mortos-vivos com a poderosa esgrima de Tsumugi. O real problema é que a variedade de inimigos é minúscula. São sempre os mesmos tipos, com cores diferentes. Mentalmente, digo que há apenas três tipos de inimigos base, sendo que todos são variantes disso (como com cores diferentes e, assim, mais fortes). E isso vale até mesmo para os chefes. Existem alguns capítulos que são apenas batalhas contra chefes especiais e dois deles são repetidos SEIS VEZES no jogo (três vezes cada). E a luta é quase igual. Minto. Na última vez que você os enfrenta, os dois atacam juntos – variedade impressionante, não?
Algo que precisa ser destacado em SAMURAI MAIDEN é a qualidade dos modelos das personagens. As quatro principais são realmente muito bem feitas. Mas o elogio aos gráficos acaba por aí. Os cenários são feios demais e repetidos ao extremo. É quase impossível diferenciar os capítulos com os cenários quase idênticos uns aos outros.
O mesmo pode ser dito para a música. Tirando uma ou outra (como a da abertura), são genéricas e horríveis. Muitas vezes cogitei tirar o som do jogo.
O gameplay na parte de ação de SAMURAI MAIDEN é um hack and slash convencional. Quadrado é um ataque rápido, triângulo um mais forte. R1 desvia, X pula e bola ativa a habilidade da parceira que está na batalha (troque sua amiga pelo D-Pad). O R2 também ativa uma mecânica da parceira (Iyo coloca em batalha uma bomba ou item de cura, enquanto que Komimi pode pegar bombas do cenário, por exemplo). Cada uma das garotas tem um efeito diferente, sendo que basicamente é elemental (fogo, elétrico e gelo). Mas até você conseguir abrir mais golpes para as personagens, tenho certeza que o foco ficará em Komimi, pois seu golpe com gelo é muito forte e desbalanceado comparado com as outras duas.
Como dito anteriormente, você precisa evoluir todas as armas das personagens (além de fortalecer a amizade com as três) para destravar mais opções no combate. E isso demora. Após terminar o jogo, nem tudo foi destravado, pois a ideia é continuar jogando no Hard. O problema de demorar em destravar é que você fica preso aos mesmos comandos de sempre e a criatividade nos ataques e combos não existe.
O começo do jogo é tão limitado em opções de combate que chega a passar uma impressão errada, pois coisas básicas não estão presentes, como um simples ataque no ar, por exemplo. Ao fim do jogo, admito que o combate ficou mais interessante, mas muito longe de ser algo bom.
O que também não é bom é a parte técnica de SAMURAI MAIDEN. Além do que já mencionamos, como os gráficos e sons, os comandos parecem ter um delay na resposta (você acaba se acostumando a isso, mas não deixa de ser estranho para um jogo de ação) e há loadings intermináveis na versão de PS5 com até mesmo quedas de frame rate em alguns momentos. É tão estranho que tive que conferir se não tinha baixado a versão de PS4 por engano.
No fim, SAMURAI MAIDEN é péssimo. A proposta do jogo havia chamado a atenção, assim como os modelos das personagens pelos trailers e imagens, mas na prática nada funciona: o lado visual novel oferece uma história monótona, enquanto que o lado de ação é limitado, repetitivo, irresponsivo e cheio de outros problemas.
Se você investir várias horas em SAMURAI MAIDEN a ponto de terminar o jogo no Normal e desejar encarar as dificuldades mais altas, a experiência pode melhorar, pois haverá mais opções no combate. Mas não espere uma mudança gritante: a base fraca continua sendo a mesma infelizmente: inimigos repetidos, gráficos feios e cenários genéricos.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela D3 Publisher.
Veredito
SAMURAI MAIDEN mistura dois gêneros completamente opostos (ação e visual novel) e não consegue se destacar em nenhum dos dois. É um jogo fraco, entediante, com gráficos horrorosos, música ruim, controles irresponsivos e possui uma história monótona. Os modelos das personagens são muito bonitos e a ação, após evoluir bastante e destravar os diferentes movimentos, agrada um pouco, mas não compensa.
Veredict
SAMURAI MAIDEN mixes two completely opposite genres (action and visual novel) and fails to excel in either one. It is a weak, boring game with awful graphics, bad music, unresponsive controls and a monotonous story. The character models are very nice and the action is a little pleasing after evolving a lot and unlocking different moves, but it’s not worth it.