Samurai Jack: Battle Through Time – Review

Eu sempre fui uma pessoa um pouco cética em relação a alguns jogos baseados em desenhos. Sei que pode parecer injusto, já que muitas coisas feitas em cima de Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodíaco costumam ser boas. Porém, existem adaptações que não são lá as mil maravilhas, como as de Samurai Jack, por exemplo.

Alguns títulos lançados lá atrás me deixaram receosos ao analisar o novo jogo do nosso velho amigo samurai, como Samurai Jack: The Shadow of Aku, que saiu para PS2 em 2004 e muitos outros que, em sua maioria, foram desenvolvidos para browsers.

Porém, muitos anos após sua última aparição (nos longínquos 2010), Samurai Jack chega à atual geração com uma história “original”, gráficos mais bem desenhados na Unreal Engine e um sistema de batalha super simples e funcional. Mas será que tudo isso foi o suficiente para se redimirem das bombas do passado? Bom, é o que nós vamos descobrir.

Como dito no início deste review, Samurai Jack: Battle Through Time é um título que traz uma história original para nosso herói. Quer dizer, na medida do possível, é claro.

O jogo inicia-se mostrando o fim do desenho animado, com Jack enfrentando Ashi, uma das filhas de Aku (ou Abu, na versão brasileira e nas legendas disponíveis em PT-BR). Após uma feroz batalha com o Samurai, ela se volta contra o pai e ajuda o guerreiro a voltar ao passado. Porém, Aku ataca o portal e deixa nosso herói perdido nas fendas temporais. Com esse problema em mãos, você precisa, mais uma vez, encarar diversas viagens no tempo e encontrar Ashi para retornar à sua época.

Podemos dizer que a narrativa de Battle Through Time serve como um complemento à história original, que se conecta de alguma forma e faz sentido para o jogador. Alguns cenários podem ser familiares aos fãs do desenho, outros são totalmente novos, fator que incentiva as partidas.

Assim como os cenários familiares, há também inimigos conhecidos por Jack. Faz sentido eles existirem nessa história, já que mais uma vez, você foi enviado para uma viagem no tempo. Porém, seria legal se a desenvolvedora tivesse colocado chefes originais, já que existem alguns locais novos que poderiam ter sido aproveitados de uma forma mais bacana.

A originalidade dos inimigos comuns também não é lá grande coisa. Muitos deles são apenas versões aprimoradas daqueles que se encontram naturalmente nos cenários, mudando apenas as cores, quantidade de HP e claro, o dano causado.

Não será raro ver grupos imensos de inimigos cercando Jack a mando de Aku para acabar com o samurai. Quando eles surgem, geralmente apenas um golpe resolve, porém, logo aparecem aqueles que precisam tomar mais danos para serem destruídos, e caso esteja em uma dificuldade elevada, as chances de morrer são bem grandes.

E por falar em dificuldade, essa foi uma das coisas que mais me chamou a atenção em Samurai Jack: Battle Through Time. A princípio, apenas três níveis estão disponíveis: Samurai, Samurai Jack e Mestre Samurai. Ao finalizar o jogo no mais difícil, um novo desafio chamado Mestre dos Mestres é liberado, e se pudéssemos usar apenas uma palavra para definir o gameplay neste modo, esta seria “paciência”.

A quantidade de inimigos (bem como os status deles) aumenta absurdamente nos níveis mais difíceis. Você toma MUITO dano (e também causa menos) do que se estivesse em um modo mais fácil. Caso não tenha as skills certas habilitadas e um pouco de destreza na hora de se esquivar e contra-atacar, as chances de morrer são altíssimas.

Como dito anteriormente, a originalidade dos inimigos não é a melhor dos mundos, então o jogo tenta corrigir isso adicionando variações dos mesmos de acordo com os níveis. Se você quiser desbloquear todos os troféus do jogo, é obrigatório passar por esse perrengue, já que novas armas e baús aparecem de acordo com o modo em que está jogando.

A sacada de adicionar segredos de acordo com o nível é muito boa, pois instiga o jogador a jogar de novo e de novo, aumentando o fator replay. Porém, ao mesmo tempo em que isso é bom, acaba tornando-se uma frustração para quem vai precisar lidar com o gameplay em combate a repetição.

Embora a jogabilidade seja fácil e intuitiva na maioria das vezes, a resposta aos comandos de defesa sofrem com um certo delay. Em muitos momentos você se verá cercado de inimigos, tomando tiro de todos os lados a todo instante, sem sequer conseguir se levantar. Ficar “estatelado” no chão não imuniza Jack, o que pode ser bem frustrante, já que ele demora a se recompor. É algo tão bobo, mas que faz MUITA diferença em momentos decisivos.

Mesmo existindo problemas técnicos com a parte defensiva do herói, podemos dizer que Samurai Jack: Battle Through Time tem o seu brilho na área ofensiva da coisa, que é bem diversificada. Embora não existam estilos de luta, os combos mudam de acordo com as armas equipadas. Elas podem ser classificadas como: espada, samurai (mãos livres), maça, lança e martelo. Além disso, Jack também pode carregar consigo itens e equipamentos de dano à distância, como Shurikens, facas, arco-e-flecha e (acredite se quiser) miniguns.

Com exceção da espada e do estilo samurai, todas as outras categorias de armas (à distância ou não) possuem uma taxa de utilização que quando usadas a longo prazo, podem se quebrar. Esse fator é uma referência muito forte a Zelda: Breath of the Wild, porém, ao contrário do título triple A da Nintendo, Samurai Jack permite que você conserte-as na loja do Da Samurai e até mesmo compre algumas novas para reabastecer o estoque.

Embora o jogo não tenha muitas opções de cenários (são nove no total), a desenvolvedora fez questão de criar segredos e passagens que só poderiam ser acessíveis com equipamentos adquiridos nos estágios finais. Isso, obviamente, foi feito propositalmente para aumentar o replay, o que não é ruim, já que conforme a dificuldade aumenta, surpresas pipocam na tela.

Para tentar sair um pouco desse “bate, defende e corre”, foi implementado algumas quests que incentivam o jogador a ativar o modo explorador que há dentro de si. Elas são bem bobinhas, mas acabam sendo meio que obrigatórias para ganhar os itens necessários para subir todas as habilidades de nível. Muitas vezes, inclusive, será preciso repetir um cenário para conquistar mais desses objetos.

Além dessas quests, também foi adicionado ao jogo um modo de missões, onde você deve completar os cenários com as armas pré-determinadas. Isto Pode não ser o melhor mundo do pós-game, mas pelo menos te dá algumas horas a mais de diversão e alguns desafios diferentes.

São cerca de 7 horas para zerar Samurai Jack: Battle Through Time, e caso você tenha a intenção de obter a platina, será preciso investir até 20 horas do seu tempo para realizar o processo de terminar todos os níveis novamente no modo Mestre dos Mestres. Isso pode ser algo cansativo, mas os estágios são tão lindos que você não vai se importar em revisitá-los para tirar várias Screenshots e fazer uma galeria.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Adult Swim Games.

Se dê bem como Samurai Jack 

Embora pareça um simples jogo baseado em uma animação, Samurai Jack: Battle Through Time oferece desafio. Muitos desafios. Para ajudá-lo nessa aventura pelas fendas do tempo, vamos deixar aqui algumas dicas valiosas que podem facilitar (pelo menos um pouquinho) a sua vida.

• Não comece o jogo no modo mais difícil logo de cara. Ele é extremamente difícil, e sem as habilidades certas, a quantidade de vezes que você irá morrer poderá frustrá-lo;
• O jogo não exige que você o finalize para começar um New Game Plus. É possível selecionar estágios, mesmo sem ter fechado a aventura. Use isso a seu favor para coletar dinheiro e pontos para subir suas habilidades em cenários já visitados;
• Tente terminar os estágios em todos os níveis de dificuldade. A classificação SSJ garante muito dinheiro e acredite, você irá precisar;
• Existem alguns troféus que exigem que você termine um cenário usando apenas determinada arma. Escolha o primeiro estágio e finalize-o no modo mais fácil cinco vezes. Só tome cuidado, pois qualquer outro ataque (especiais, shurikens e contra-ataques) anulará a contagem e, consequentemente, o troféu;
• Evite gastar dinheiro a torto e a direito. Tente economizar para aprimorar as armas e se livrar de uma vez do troféu. Vá para o modo Mestre dos Mestres com todos os equipamentos no máximo;
• As habilidades são bem chatas de se upar. Muitas exigem o uso de itens que só podem ser encontrados em baús especiais ou com NPCs. Tendo isso em vista, será necessário revisitar os cenários diversas vezes. Porém, antes de fazer isso, tente mirar naqueles que possuem mais baús e personagens, assim você não ficará – tão – saturado;
• Quebre tudo do cenário e preste atenção ao redor. Muitos coletáveis ficam bem escondidos e, em estágios avançados, fora do alcance de visão natural de Jack. Além disso, muitos baús se revelam quando determinados objetos do cenário são destruídos, então fique atento.