Saints Row: The Third é a personificação da praga do mundo aberto que assola a atual geração de games, onde todo jogo para ser valorizado “deve” oferecer um mundo aberto para ser livremente explorado pelo jogador. O que o alivia deste peso é justamente a intenção de ser uma sátira ao gênero, mesmo que se aproveite de todos os seus clichês em sua essência.
Tudo em Saints Row é exagerado. Do fascínio pelo roxo ao desespero pela exibição de objetos… Digamos… Fálicos. Não diga que eu não avisei quando conseguir uma certa arma para combate corpo a corpo. A fixação com temas sexuais é constante e repetitiva até, de modo que este não é jogo que você vai querer jogar perto de sua mãe ou de crianças pequenas. A personalização é tida como um dos pilares do jogo. Seu personagem é totalmente customizável, com centenas de opções, sendo limitadas somente à sua criatividade. E o jogo ainda oferece uma espécie de rede social para disponibilização e avaliação dos personagens criados. Funciona bem, mas acaba se tornando meio inútil diante do mar de atividades que temos para realizar na aventura.
A história é meio sem noção, e como não é mesmo o foco da ação desenfreada acaba passando meio batida. Você é o líder de uma das gangues da cidade de Steelport (tão Nova York quanto a Liberty City de GTA), e decide se vingar de Deus e o mundo quando um dos seus principais membros é assassinado por uma gangue rival. Algumas reviravoltas atingirão o roteiro, mas não quero estragar a surpresa aqui. Basicamente, todas as missões do jogo tem o objetivo de inserir você em uma situação esdrúxula e caricata (por exemplo, invadir um navio que está exportando “primas” em contêineres, libertá-las, inseri-las em outro contêiner e rebocá-lo com um helicóptero, tudo isso em meio ao tiroteio contra hordas e mais hordas de inimigos).
Os controles são bem adaptados, de modo que a jogabilidade é totalmente intuitiva, tanto para o controle dos carros, quanto para a movimentação do personagem e os combates. A IA dos habitantes e dos motoristas de Steelport é meio tosca. Atropelamentos e batidas totalmente desmotivadas são constantes. O mesmo vale para os inimigos. Basta se esconder atrás de uma barreira de carros ou num ponto mais alto do cenário para não ser atingido e poder tranquilamente dar cabo de todos eles.
Mas mesmo assim, tudo parece razoavelmente bem executado, principalmente se considerarmos a enorme quantidade de situações que podemos ser inseridos durante o jogo. A disponibilidade de veículos lembra mais Just Cause 2 do que GTA IV. Aviões, helicópteros, veículos militares, paraquedas, carros, motos e barcos, dos mais variados tipos e tamanhos estão disponíveis desde o começo do jogo.
Embora Steelport seja razoavelmente bem executada, os gráficos de Saints Row: The Third não são particularmente dignos de destaques. Estão na média da geração e ainda são um pouco estragados pelo constante popup de elementos nos cenários e os ocasionais bugs de objetos atravessando paredes. Não que sejam ruins ou que estraguem a experiência, mas eles são tão despretensiosos quanto o próprio jogo. Já os menus ingame são dignos de nota. A interface em formato de celular é bastante funcional e bem executada, muito melhor que as que já vimos em outros jogos do gênero.
Mas os problemas que afetam os gráficos nem passam perto do áudio. A dublagem é boa em sua maior parte. E a trilha sonora licenciada de Saints Row The Third é simplesmente fenomenal. São muitas, mas muitas músicas de diversos intérpretes, dos mais variados gêneros. Beethoven, Chopin, Iggy Pop, Kanye West, Marylin Manson e vários outros menos conhecidos, mas interpretando músicas famosas de outros artistas.
Estão disponíveis também opções cooperativas, que colocam você ao lado de um amigo com liberdade para fazer o que bem quiser na cidade, desde criar o caos interminável e irrestrito, só pra ver quanto tempo conseguirão sobreviver, até participar em conjunto de missões variadas. Talvez um dos modos mais divertidos seja o “Cat and Mouse”, onde um dos jogadores deve correr pelo mapa a bordo de um veículo passando por checkpoints, enquanto o outro tenta destruí-lo guiando um helicóptero.
Embora a execução de quase tudo no jogo seja boa, nada é particularmente melhor do que outros jogos nos mesmos moldes. Isso acaba mostrando que sim, Saints Row: The Third é um bom jogo, mas que infelizmente não tem nada de especial para destacá-lo diante da concorrência. Mas a quantidade enorme de conteúdo disponível e as 15 horas aproximadas necessárias para se finalizar a campanha principal praticamente garantem uma boa compra. Principalmente aos fãs do estilo sandbox e da cor roxa.
— Resumo —
+
Humor
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Som
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Menus in-game
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Cooperativo
–
Gráficos medianos
–
Inteligência artificial
–
Nenhum fator que faça você decidir este jogo ao invés de outro sandbox