Redout 2 – Review

O subgênero de corrida futurística é um que, particularmente, gosto bastante e tem recebido um bom número de lançamentos graças às desenvolvedoras independentes. Estranhamente, o primeiro Redout foi um título que achei divertido, mas que não continuei com ele por muito tempo. Redout 2, por sua vez, é um título cuja experiência foi memorável por diversos aspectos que são, ao mesmo tempo, excepcionais e frustrantes.

A base da jogabilidade de Redout 2 relembra a série F-Zero. Na série clássica da Nintendo, cada veículo tem seu próprio turbo que garante um aumento considerável de velocidade, mas consome a energia da nave e faz com que ela exploda caso a energia acabe. As corridas são inteiramente pensadas para que o jogador utilize o turbo continuamente e, para essa finalidade, o design das pistas utiliza de turbos que não consomem energia durante o percurso, trechos que o jogador deve utilizar o turbo de sua nave e, também, de locais onde é possível recuperar energia. Isso resulta em uma experiência alucinante pela velocidade e desafiadora pelo controle do veículo nessas velocidades insanas. Quase toda essa descrição também se aplica à Redout 2, pois o título visa fornecer uma experiência semelhante e muito mais complexa do que sua inspiração. 

Cada veículo em Redout 2 tem dois turbos, o normal e o hiperturbo. O normal tem um efeito imediato de aceleração e aumento de velocidade, enquanto que o hiperturbo tem um momento breve de desaceleração e então lança sua nave com uma velocidade estupidamente alta. Enquanto o turbo normal é adequado para, praticamente, qualquer trecho de uma pista, o hiperturbo é realmente reservado para longos trechos de retas ou com curvas leves devido a sua dificuldade de controle. Ambos os turbos aquecem os motores do veículo e, uma vez ultrapassado o limite de temperatura, começam a consumir a energia da nave e levam a destruição da mesma caso a energia se esgote. A energia é recuperada de maneira automática, caso a nave não leve mais dano por algum tempo, forçando o jogador a dirigir com certo cuidado após abusar dos turbos. Isso faz com que o jogador precise se atentar ao momento no qual utilizar cada turbo, no controle de temperatura e energia e, é claro, no controle de sua nave enquanto atinge velocidades cada vez maiores.

A movimentação de cada veículo é controlada pelos dois analógicos e, de longe, uma das mecânicas que mais gostei do título. O analógico esquerdo é responsável pela direção normal que, efetivamente, vira sua nave para direita e para esquerda. O analógico direito é responsável por ajustes no trajeto da nave, movimentando a nave de maneira horizontal, e também por empinar e afundar a frente do veículo. Muitos outros títulos tem algo semelhante, mas em Redout 2 não empinar/afundar a nave corretamente irá fazer com que ela saia voando em uma tangente ou que perca bastante energia colidindo contra o chão. Pode parecer excessivamente complexo, mas há várias sinalizações na pista para indicar quando cada tipo de movimentação deve ser utilizada.

A última mecânica de movimentação presente são os saltos e todos os seus aspectos são inteiramente controlados pelo jogador desde a decolagem em uma rampa, velocidade, trajetória, rotação e ângulo durante o tempo que está no ar e também o ato de pousar. O controle da nave é feito com os dois analógicos e a rotação utiliza o d-pad, fazendo desta uma configuração extremamente inconveniente de se utilizar. Os saltos foram as partes mais inconsistentes de minha experiência por uma série de razões como os controles, tempo de reação disponível para fazer alguns saltos, dificuldade em perceber aonde você pode ou não pousar, entre outros. Os saltos são bastante comuns e particularmente complexos em alguns percursos, com rotações de 90 e 180 graus necessárias para alguns trechos. Um único erro nesses e sua nave vai ser destruída e, muito provavelmente, atrapalhar todo o andamento de uma corrida. 

Redout 2 tem 9 ambientações diferentes para correr, sendo que cada uma têm três percursos diferentes e cada um desses pode ser utilizado em sua forma normal ou com trajeto invertido. Isso totaliza 54 trajetos disponíveis para os diferentes modos de jogo, um número excelente para um lançamento.Cada ambientação tem uma temática única e com localidades bastante variadas como cidades futurísticas, vulcões, oceanos, entre outros. Os desenvolvedores tiveram um enorme cuidado com a parte gráfica para que a mesma auxiliasse o jogador na leitura da pista, principalmente utilizando de sinalizações, cores fortes e outros elementos gráficos para informar o jogador sobre o trajeto da pista. Em grande parte, o trabalho dos desenvolvedores funciona muito bem, mas existem alguns trechos que poderiam ter seus percursos definidos de maneira mais clara e alguns efeitos especiais que atrapalham bastante a visibilidade do jogador. 

A qualidade dos trajetos em si, no entanto, é bastante inconsistente. Não há um único trajeto completamente péssimo, no entanto, há trechos que certamente irão frustrar jogadores por uma série de razões como visibilidade baixa, saltos com direções difíceis de discernir, turbos em locais que quase certamente irão lançar a nave para fora da pista, entre outros. Redout 2 utiliza plenamente da tridimensionalidade para suas pistas o que as torna alucinantes de se correr e um absoluto pesadelo de entender como são construídas. Nem sempre a sinalização é suficiente para informar o que está por vir no trajeto e todos os loops e torções fazem com que a visão do jogador também possa se confundir. Final das contas, alguns trechos em particular vão realmente depender da memória do jogador após alguma tentativa e erro em cada parte. 

Existem cinco tipos de evento no título, incluindo os usuais corrida simples, contra o relógio e eliminação do último lugar a cada volta. Um evento em particular que gostei bastante foi o Chefe que consiste de uma corrida que percorre pelos três trajetos da ambientação. O evento velocidade se resume a obter pontos de acordo com o quão rápido sua nave está, no entanto, achei esse evento bastante inconsistente em termos de pontuação dada e a pontuação esperada para as categorias de ouro/prata/bronze, consequentemente tornando-se os eventos mais frustrantes durante minha experiência.  

Com a complexidade mecânica e de trajetos, Redout 2 é naturalmente um título bastante desafiador até para os que já estão acostumados com o gênero. O jogo conta com o modo arcade para configurar corridas individuais, o modo online e o modo campanha. Este último tem, literalmente, centenas de eventos e cada um com desafios extras a serem concluídos. O modo online, infelizmente, se encontra deserto. Existem opções de comunidade e eventos sazonais que, a tempo dessa análise, não se encontram ativos. O modo campanha é certamente o principal conteúdo do título e rende dezenas de horas para qualquer jogador, no entanto, o mesmo modo também não faz um bom trabalho em sua curva de dificuldade devido a uma AI inconsistente ou em introduzir suas mecânicas para jogadores em uma etapa de aprendizado. Alguns tutoriais, por exemplo, foram liberados muito depois de eu já ter concluído várias corridas nas quais o conhecimento teria sido muito útil. 

Em particular, Redout 2 também tem condições climáticas que afetam todas as mecânicas da nave de maneiras distintas e o tutorial dessas veio tarde demais. A temperatura de alguns trechos de pistas, seja muito quente ou muito frio, irá influenciar sobre o quanto de turbo o jogador conseguirá utilizar. Terrenos feitos de barro influenciam a dirigibilidade da nave, pois os imãs que as controlam não funcionam de maneira tão efetiva. Até a gravidade de cada planeta tem influência na corrida. Esses fatores são completamente lógicos, mas não são utilizados normalmente em qualquer outro título, então me custou um considerável tempo, esforço e frustração até descobrir o que estava acontecendo. 

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Saber Interactive.