Quantum Error foi anunciado em 2020 como um jogo que mistura tiro em primeira pessoa e terror. Muito pouco se ouvia falar dele desde o anúncio, dando até mesmo a entender que havia sido cancelado ou algo parecido, porém, em agosto deste ano, a TeamKill Media anunciou que o título estava vivo e que seria lançado no dia 3 de novembro de 2023.
Nós do PSX Brasil tivemos a oportunidade de testar o jogo antecipado e com isso, passar para vocês nossas impressões sobre esse terror espacial que tenta trazer uma vibe “diferentona” com a presença de bombeiros no papel principal da trama e, além disso, te ajudar na seguinte questão: será que realmente vai valer a pena o investimento?
Quantum Error narra a história de Jacob, um membro do corpo de bombeiros que teve seu irmão morto durante um embate contra o grupo chamado Medusa. Muitos anos após a perda de seu ente, o protagonista torna-se o capitão e atende a um chamado na Monad Quantum Research Facility, maior e mais poderosa empresa de tecnologia do mundo e criadora do Advanced Retinal Global Unity System, mais conhecido como ARGUS. A empresa ativa e opera esta I.A. que é obrigatória para todas as pessoas na terra.
Chegando ao local do incidente, Jacob e seu time tentam resgatar os feridos do incêndio, porém, um lockdown de emergência acontece e deixa todos presos. Em uma tentativa desesperada de sair dali, o capitão precisa se aventurar pelos corredores desse gigantesco complexo em busca de respostas para os estranhos fenômenos.
Como você pôde perceber, a história de Quantum Error parece não fazer o menor sentido. E de fato não faz. A primeira pergunta que vem à sua cabeça é: por que escolheram bombeiros para esse papel de protagonismo? Além disso tudo, as peças da história parecem não se encaixar em determinados momentos.
A primeira hora de jogo foi um verdadeiro sofrimento, pois dos 60 minutos de gameplay, quase 40 foram só de cutscenes. O pior disso tudo é que as cenas são demoradas, dramáticas sem razão e arrastadas, levando o jogador a querer pular tudo. Por outro lado, caso você faça isso, não terá a mínima ideia do que está acontecendo.
E falando sobre “noção do que está acontecendo”, Quantum Error possui uns cortes muito grotescos do jogo para as cenas. Após um tempo, você entende que aquele vídeo teve um propósito para sua aventura com Jacob pelo complexo, mas tudo é mostrado sem muito contexto e impede que você se conecte com a narrativa que o título quer trazer.
Muito além da narrativa, algo que também deve ser levado em consideração é a construção dos cenários, gráficos e jogabilidade, coisas que, infelizmente, Quantum Error deixa muito a desejar. Embora o jogo tenha sido vendido como uma aventura de terror em primeira pessoa, existe a possibilidade de jogar em terceira, porém, as coisas não funcionam muito bem, parecendo mais um mod mal feito. Não é possível ler qualquer documento na tela com clareza e as letras são horríveis, de tão pequenas. No entanto, este foi o modo mais confortável que consegui jogar.
Quando comecei a testar Quantum Error, percebi que não existiam muitas opções de acessibilidade ou gráficos. O blur do jogo é horrível e me deixava extremamente enjoado. Enviamos um feedback para a TeamKill sobre a inclusão de alguma opção para diminuir o efeito e a resposta que tivemos foi: “sinto muito, mas o jogo foi feito para ser assim. Talvez outro membro da sua equipe possa analisar”. Foi lamentável ler esse tipo de coisa.
O jogo também não possuía legendas, porém, elas foram inseridas após uma atualização pré-lançamento. Embora isso facilite a vida dos jogadores, ainda há erros e muitas vezes elas não aparecem durante as falas dos personagens e fica muito tempo sem dar as caras por algum tipo de bug. Além disso, não há qualquer opção em português, o que pode prejudicar o entendimento para quem não entende muito da língua inglesa.
Devo enfatizar aqui também que Quantum Error pesa quase 90 GB pra nada, pois embora sejam bonitos de perto, possui um dos gráficos mais esquisitos que eu já vi de longe. Os personagens não possuem expressões faciais convincentes e, quando a câmera se afasta, é possível perceber que as imagens ficam totalmente lavadas, transformando todos em “bonecos de cera”.
A verdade é que eu só consegui “me divertir” com Quantum Error após quase 8 horas de jogo. No início eu não aguentava mais andar por aquele complexo horrível. Jacob não carrega um mapa consigo e só é possível acessá-lo através de um painel que, ainda que esteja lá, é extremamente confuso de se ler.
Quantum Error cai muito na repetição desse complexo e o jogo se passa inteiramente ali. São dezenas de corredores iguais e que fazem você se perder rapidamente, pois não há qualquer coisa que te faça ter o mínimo senso de direção, a não ser pelo mapa do painel que não ajuda muita coisa, como já mencionado.
No início de Quantum Error tudo é muito repetitivo e monótono, porém, quando os inimigos alienígenas começam a aparecer, as coisas ficam um pouco mais interessantes. Algumas partes lembram até mesmo o incrível F.E.A.R., onde coisas “paranormais” aparecem do nada na sua frente, causando aquele jump scare, mas nada tão surpreendente.
Algo que faltou aqui foi a “apresentação” de alguns inimigos. Você começa a enfrentar uma leva de monstros fortes e não faz ideia de como eles surgiram ou foram criados. Existem alguns arquivos perdidos pelo complexo, mas Jacob não “grava” com ele e os mesmos também não explicam muita coisa sobre o ocorrido.
Você provavelmente deve estar pensando: “poxa, ao menos as lutas contra os chefes devem compensar, né?”. Infelizmente não. Elas não são nem um pouco emocionantes e deixam a desejar em muitos aspectos, especialmente no quesito jogabilidade.
Não pense você que é fácil controlar Jacob pelos corredores do Monad Quantum Research Facility. Seja em primeira ou terceira pessoa, ambas conseguem dificultar bastante o avanço nesses corredores apertados, principalmente pela resposta lenta aos comandos.
Existem muitas opções de armas e outros equipamentos de sobrevivência para Jacob utilizar durante a aventura, mas elas não são nem um pouco intuitivas de se usar, isso se deve ao fato principalmente de não haver uma troca rápida entre elas. Para mudar de uma Shotgun para a Handgun, por exemplo, é preciso segurar o direcional para a direita e selecionar com o analógico. Porém, às vezes o jogo não entende o comando e simplesmente não faz o que foi pedido. No meio da briga, você provavelmente vai tomar muito dano desnecessário.
Há formas de melhorar as habilidades do personagem e até mesmo suas armas, porém, como o mapa não é nem um pouco funcional, você se guia exclusivamente pela intuição até achar o que é preciso para deixar Jacob mais forte contra os males desse lugar.
A verdade é que Quantum Error é um erro. Ele era um dos jogos que eu mais esperava, principalmente por ser exclusivo pra nova geração, porém, me desapontou de diversas formas, principalmente pela falta de opções de acessibilidade e interesse dos devs em levar em consideração o feedback de algo que deveria ser universal nos jogos.
O título parece inacabado, com muitos bugs e físicas bizarras. A ideia de levar um bombeiro para uma guerra contra monstros alienígenas parece interessante, mas na prática, é uma verdadeira tortura, principalmente na hora de executar vários comandos existentes de uma vez.
Quantum Error não vale o preço que está sendo cobrado, e mesmo que estivesse mais barato, eu recomendaria não pegar agora e esperar diversos patchs de correção, pois parece que foi finalizado às pressas, entregando um produto bem meia-boca.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela TeamKill.
Veredito
A proposta de Quantum Error era interessante, mas o produto final entrega uma narrativa confusa e sem nexo, uma jogabilidade dura, level design ruim e inimigos genéricos. Só com uma boa promoção e muitas correções para você arriscar a se aventurar no complexo de Nomad.
Veredict
Quantum Error’s proposal was interesting, but the final product delivers a confusing and meaningless narrative, harsh gameplay, poor level design and generic enemies. Only with a good discount and many fixes to risk venturing into the Nomad complex.