Okami é um título lançado perto do fim da vida do PlayStation 2 e produzido pela já extinta Clover Studio (que teve sua equipe espalhada por diferentes produtoras, mas pode-se dizer que a maioria encontra-se na Platinum Games atualmente). Mais tarde, um port para o Wii foi lançado e adicionava a possibilidade de controlar certos movimentos do game com o Wii Remote. Agora, depois de seis anos e meio, o PlayStation 3 recebe uma versão em HD do título.
Quem jogou Okami já sabe o que encontrará no pacote: gráficos em 1080p que, mesmo após todo esse tempo, ainda não envelheceram, e suporte ao Move, além de troféus. Fora isso, é o jogo que você já aproveitou no passado e vale relembrá-lo.
Já quem não jogou, poderá aproveitar pela primeira vez uma experiência única. Okami é bastante focado em seu enredo (prepare-se para ver muitas cutscenes com a história, portanto), que começa há 100 anos, no próprio Japão, quando Nagi, um espadachim, e Shiranui, um lobo branco, lutaram juntos contra o demônio de oito cabeças Orochi e salvaram a Kamiki Village, além da amada de Nagi, Nami. Orochi não foi derrotado, mas sim aprisionado. Agora, uma pessoa misteriosa acaba libertando Orochi e deixa toda a terra amaldiçoada. Sakuya, guardiã da Kamiki Village, invoca Amaterasu, a deusa do sol e reeincarnação de Shiranui, para destruir Orochi e salvar a todos. Amaterasu é acompanhada por Issun, um pequeno artista que a ajuda em sua jornada. Jornada esta que irá além da derrota de Orochi, vale ressaltar.
Okami é bastante inspirado na série Zelda, da Nintendo. Você notará diversos elementos como os campos e “espécies” de dungeons, o enfoque nos personagens não jogáveis, o combate, os colecionáveis, o herói (no caso, heroína) mudo, uma pequena fada que orienta o jogador (no caso, Issun e que, definitivamente, não tem nada de fada) e assim por diante. Porém, Okami vai além. Um dos elementos que mais chamam a atenção é o “Celestial Brush”, ou seja, o pincel celestial que cria diversas situações dependendo do que você desenha.
Ao longo da jornada, Amaterasu aprende diferentes desenhos. Você poderá restaurar coisas no cenário desenhando o que resta dele, criar ventos, fazer o sol nascer desenhando um círculo no céu, fazer as flores brotarem, controlar a água e muito mais. É impressionante a forma que você pode pausar o jogo, desenhar o que deseja e a mecânica do game reconhecer seu desenho como você queria que fosse reconhecido. Para fazer isso, basta apertar R1 e desenhar – sua tinta é limitada, mas ela é recuperada automaticamente com o tempo. Aliás, a graça do PlayStation Move é justamente desenhar com o controle. Porém, como é necessário o uso do Navigation Controller, recomenda-se que só jogue com o Move se tiver o acessório. O uso do Dual Shock 3 como o Navigation ainda não é uma boa opção e usar somente o Dual Shock 3 para jogar Okami não tornará sua experiência menos imersiva.
A jornada de Okami é consideravelmente longa e possui inúmeros colecionáveis – sejam diferentes itens ou em forma de animais que você precisa alimentar. Poderíamos ficar descrevendo aqui todas as diferentes coisas que Okami oferece, como as lojas, os minigames (que, diga-se de passagem, são bons, exceto o de cavar), a exploração dos lugares, descobrir o que cada personagem tem a dizer e muito mais. Portanto, se você é do tipo explorador, passará horas e horas vendo tudo o que Okami tem a oferecer – principalmente revisitando os locais quando obter uma nova habilidade.
De forma geral, Okami é apenas elogios. Seus gráficos são divinos (ver o local ser “descontaminado” da maldição com a natureza é algo único do game) e a trilha sonora possui inspiração em instrumentos japoneses e ao menos uma faixa deverá agradar você. Há diversas coisas a serem feitas, o game é longo, tem uma história que prende o jogador e quando você pensa que acabou, está longe do fim. Isso sem mencionar a técnica de desenhar que já elogiamos o suficiente.
Porém, Okami possui alguns problemas. O primeiro deles é o combate. Todos os inimigos possuem uma estratégia a ser seguida para derrotá-los mais rapidamente. No entanto, a variação delas é pequena. Você enfrentará diversas vezes os mesmos tipos de inimigos. Algumas vezes você encontra um novo e pensa na maneira de derrotá-lo no menor tempo possível, mas esses momentos são raros – considerando o tamanho do jogo.
Os chefes são basicamente puzzles. Se você espera batalhas árduas, não encontrará aqui. Você deve quebrar a cabeça para descobrir como derrotá-lo (que normalmente consiste em algo que o jogo deixa óbvio para você) e não em se preocupar para ficar vivo. Cada pessoa interpretará de uma forma diferente esta decisão da equipe de desenvolvimento, mas se ambos fatores fossem somados (puzzles e dificuldade) certamente as batalhas seriam mais memoráveis.
Há outras pequenas coisas que poderiam ser mencionadas, como a pouca variação de cenários (os campos são muito parecidos entre si, por exemplo), mas são irrelevantes e não justificam como pontos negativos.
Okami HD é um título obrigatório se você nunca jogou o original. Se já aproveitou no passado, vale rever a jornada de Amaterasu em alta definição e ganhar alguns troféus, mas tenha em mente que não há nada de novo. Se você jogou no PS2, talvez possa aproveitar o uso do Move, caso tenha o controle.
Mas, acima de tudo, Okami é um daqueles jogos únicos que só vemos poucas vezes em uma geração e não pode ser esquecido.
— Resumo —
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Único e belo
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Mecânica incrível de “desenhar”
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Consideravelmente longo e com diversos colecionáveis
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História e personagens
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História pode ser maçante para alguns
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Inimigos repetitivos
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Além dos gráficos e PS Move, não oferece novidades para quem já jogou
Jogo analisado com código fornecido pela Capcom.