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[PSN] Child of Light

Uma prática cada vez mais comum entre as grandes produtoras é reutilizar franquias de sucesso a fim de correr menos riscos de investimento. Com a Ubisoft não é diferente: todo ano surge uma nova edição de Assassin’s Creed. Isso não é algo necessariamente ruim, no entanto, nos últimos anos a desenvolvedora francesa tem inovado mais, introduzindo séries como The Division, Watch Dogs e Child of Light.

O que impressiona ainda mais é o fato de Child of Light ser um RPG baseado em um gameplay japonês, um passo inédito e ousado da Ubisoft. O jogo utiliza a mesma engine dos últimos Rayman (UbiArt Framework) e, assim como este, possui animações 2D com uma fluidez de encher os olhos.

O menu inicial já apresenta uma tarefa difícil, embora o jogo no geral seja fácil para o público do gênero. Apertar “start” e interromper a belíssima música do menu principal é um ato doloroso, demonstrando desde o princípio o áudio como ponto mais forte do jogo. Composta pela artista Béatrice Martin (Cœur de Pirate), a trilha sonora à base de piano e músicas orquestradas é fantástica do início ao fim. Não houve uma composição sequer que me desagradasse. Tal recurso é o suficiente para impulsionar a progressão do jogador.

Outro pilar de Child of Light são seus gráficos. O visual do jogo é, literalmente, um transplante das artes conceituais de seu projeto, acrescido de outros efeitos de computação. Deste modo, o jogador se depara com cenários que mesclam desenhos a lápis, derivações de giz de cera, efeitos de iluminação, etc. A bonita arte do jogo e o visual colorido contribuem para enriquecer o desenrolar da fábula.

Da mesma forma que os aspectos técnicos, o gameplay do RPG da Ubisoft também surpreende. O sistema de batalha por turnos traz algumas particularidades que deixam o jogo mais dinâmico. Uma barra horizontal indica quando chegará a vez de cada personagem ou monstro atacar e uma extensão desta mostra a progressão do preparo do ataque. O jogador pode interromper o turno do inimigo atacando no momento de “preparo”, ganhando vantagem na luta. Além disso, o pequeno personagem Igniculus é controlado como se fosse um cursor, podendo dar algumas contribuições durante a luta. No modo multiplayer, o segundo jogador controla apenas o cursor deste personagem.

Child of Light é um jogo fácil e a dificuldade normal é indicada apenas aos jogadores casuais. Aos veteranos de RPG, o nível hard representa um bom desafio. Inicialmente o jogo também é fácil nesta modalidade, mas da metade para a frente, o usuário precisará montar boas estratégias e até mesmo subir alguns níveis antes de enfrentar determinados chefes.

Fora das batalhas, Child of Light é um action 2D com bastante exploração. As batalhas não são as únicas ameaças: espinhos, lava e outros perigos também diminuem o HP da protagonista Aurora. É interessante como o jogo faz uso destes elementos, conferindo maior variedade ao gameplay. Em dungeons, por exemplo, Aurora precisa voar com precisão entre passagens estreitas revestidas de espinhos.

O fato da protagonista voar enriquece a exploração no game. Existem muitos ambientes vastos e também exploração vertical. O jogador atencioso será recompensado com itens, equipamentos “oculi” e os textos de “confessions” que complementam a história de Child of Light. Os oculi derivados dessa busca deixarão a sua jornada mais fácil e o simples sistema de síntese destas pedras deixa o jogo ainda mais técnico e divertido.

Até agora apontei apenas qualidades do jogo, mas o jogo possui algumas falhas que merecem ser destacadas. Apesar da boa duração (cerca de 15 horas para finalizar o game), o fator replay é baixo. Não há incentivo para explorar depois da luta final, a não ser que o jogador tenha perdido alguma “confession”, que são facilmente localizadas durante a primeira jogada. Não há nenhuma novidade ou desafio extra no endgame, restando ao jogador buscar apenas o que passou desapercebido.

Seguindo os moldes de um conto de fadas, a simples história de Child of Light não deve despertar o mesmo interesse no jogador quando comparado aos demais aspectos. Com um começo, meio e fim bem delimitados, a história é de certa forma previsível e não surpreende, mas também não desaponta. No entanto, apenas o precioso universo construído para o jogo já compensa a narrativa clichê.

Os diálogos rimados não são ruins, embora alguns não façam muito sentido. Certas rimas são forçadas, mas felizmente isso ocorre raramente. No geral, as rimas tanto em inglês como no idioma português do Brasil são bastante “charmosas”.

O jogo também peca por não oferecer algumas opções ao usuário. A ausência de opções como a customização da velocidade do cursor ou de definir os membros da equipe antes da luta, entre outros detalhes, fazem falta no game. De qualquer modo, a inexistência de tais recursos e da simplicidade da narrativa jamais comprometem a experiência final.
 

Veredito

O surgimento de Child of Light é um fenômeno estranho e surpreendente. A produção de um RPG tipicamente japonês por uma empresa ocidental rendeu um dos RPGs mais únicos e fantásticos para o PlayStation 3. Para um game descarregável que custa apenas 15 dólares, Child of Light oferece muita consistência em seu pacote. Fãs do gênero, em hipótese alguma, devem perder este jogo. É seguro afirmar que a viagem à Lemuria vai lhe proporcionar ótimos momentos e lhe render boas lembranças.

Jogo analisado com código fornecido pela Ubisoft.

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92

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