[PSN] Castlevania: Lords of Shadow – Mirror of Fate HD

Praticamente instaurando um novo gênero, Castlevania: Symphony of The Night estabeleceu um alto padrão de qualidade para a série. Antes de seu surgimento, os jogos da franquia já eram competentes, mas o estilo metroidvania revolucionou positivamente o gameplay e ditou o formato das sequências. Graças a essa medida, a Konami proporcionou outros excelentes games como Dawn of Sorrow e Order of Ecclesia.

Agora nas mãos da Mercury Steam, Mirror of Fate HD mescla a história do universo de Lords of Shadow com a jogabilidade clássica (em sidescroll) da série. Dando continuidade ao primeiro Lords of Shadow, Mirror of Fate HD retoma o estilo metroidvania e apresenta alguns dos clássicos personagens da família Belmont, servindo como introdução a Lords of Shadow 2.

A recepção de Mirror of Fate pode ser controversa, ligada às seguintes expectativas: um grupo de jogadores que começou a apreciar a série por meio de Lords of Shadow e outro que espera por um metroidvania similar aos produzidos por Koji Igarashi. Quem se encaixa no segundo grupo, pode se decepcionar com o jogo.

O jogo é dividido em 3 capítulos e um tutorial com Gabriel. Cada capítulo conta a história de um personagem, seguindo a ordem: Simon Belmont, Alucard e Trevor Belmont. O capítulo inicial é demasiadamente simples, já apontando para um dos principais defeitos do jogo – o level design. O mapa e a trajetória que o jogador segue é extremamente linear na maior parte do game. Raramente há conexão de um local para outros dois diferentes, algo que era bastante comum nos outros jogos da série (metroidvania).

Por conta dessa linearidade, até o backtracking (voltar a locais antigos para buscar novos itens e segredos) é um pouco cansativo. Isto porque o jogo exige que o jogador volte por corredores sem muitas ramificações e sem mudanças desde a sua passagem inicial no lugar. Os próprios itens de power up ou colecionáveis são desestimulantes. São apenas incrementos de vida, magia, uso de itens secundários e scrolls que complementam a história do game. Não é como em Aria of Sorrow, por exemplo, em que a exploração poderia render novas souls/poderes, armas completamente diferentes e equipamentos diversificados.

Nem todas as localidades de Mirror of Fate são pouco inspiradas. Algumas seções do mapa contam com bons puzzles e momentos de plataforma. Estes elementos, característicos da série, servem como válvula de escape ao razoável combate do jogo. Munido de chicote (sim, todos os personagens, até mesmo Alucard) e armas secundárias (como machados, magias, entre outras) o jogador possui um arsenal limitado e que esgota o entusiasmo do usuário do game em pouco tempo.

O combate é similar ao de Lords of Shadow, com chicotadas que parecem ataques do Kratos de God of War. O uso de combos proporciona maiores danos e novas skills são habilitadas a cada level avançado, mas elas são muito parecidas umas com as outras. Apesar de não ser ruim, o combate cansa em determinados momentos.

Além dos elementos supracitados, os inimigos também decepcionam, não apresentando comportamentos variados ou mesmo sendo desafiadores. Para vencê-los, basta repetir as mesmas estratégias de sempre, observando a distância de ataque e abusando do Dodge + Parry. Alguns inimigos até são singulares e interessantes, mas eles se repetem demais. Os metroidvanias sempre contaram com uma infinidade de inimigos e com item drops variados, isso, porém, não existe em Mirror of Fate. É frustrante encontrar ondas de inimigos iguais e reciclagens destes em partes posteriores do game – como Mermans que mudam apenas de cor.

Já os chefões representam uma das grandes virtudes do jogo. A maioria das batalhas contra os bosses são divertidas e criativas. Elas envolvem mais do que apertar botões de ataque freneticamente, exigindo o uso inteligente da defesa/parry/dodge, além das skills certas e de interação com o cenário. O clássico modo Boss Rush está de volta nessa edição e é uma grata surpresa.

Felizmente, o jogo melhora em vários aspectos nos capítulos finais, apresentando um level design melhor, mais inimigos e um combate/exploração mais agradáveis. Entretanto, o jogador precisa aguentar o simplório capítulo de Simon. Um verdadeiro teste de paciência.

Algo que precisa ser citado e pode ser bastante incômodo para os fãs oldschool é a distorção de alguns elementos tradicionais da série. Citando apenas um: é ridícula a transformação de Alucard em lobo. A metamorfose nada mais é do que uma skin que dá mais força para o personagem, sendo que o gameplay não muda, ou seja, temos um lobo humanoide usando um chicote. Aspecto que soa mais preguiça dos produtores do que uma escolha de design.

Tecnicamente o jogo não impressiona muito, afinal, é um port pouco melhorado da versão de 3DS. Os controles foram bem adaptados, mas os gráficos com modelos 3D simples e algumas texturas ruins no fundo de cenários se evidenciam nesta versão HD. As cutscenes são caprichadas, exceto por determinadas animações faciais das personagens que não correspondem à dramatização do momento ou quando falham no sincronismo labial. A trilha sonora é genérica e se repete em diversas áreas – esse aspecto também desaponta os fãs dos jogos de Igarashi, visto que a trilha sonora era um componente importante dos metroidvanias anteriores.

A história é boa, embora seja fruto de um buraco do primeiro Lords of Shadow. A explicação da origem de Trevor não é das mais convincentes, contudo, o enredo no geral é atraente e entrega alguns encontros interessantes entre os Belmonts. Mirror of Fate também fornece um background necessário para melhor aproveitamento de Lords of Shadow 2.
 

Veredito

Como um metroidvania, Castlevania: Lords of Shadow – Mirror of Fate HD deve muito. É um jogo simples e essencialmente linear, comparado aos demais do estilo. O level design, inimigos, combate e itens não carregam o capricho característico dos jogos sidescroll desenvolvidos pela equipe de Igarashi. Apesar dos defeitos, não é um jogo quebrado ou ruim, principalmente para aqueles que começaram a série por Lords of Shadow. No entanto, é inegável que o jogo não carrega o nível de excelência do estilo 2D da franquia.

Jogo analisado com cópia digital adquirida na PlayStation Store.

Veredito

70

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