Lançado originalmente em 2020 para PlayStation 4, Predator: Hunting Grounds visava transpor um dos filmes mais memoráveis do final dos anos 80 para um jogo onde você podia assumir controle tanto da caça como do caçador, e a popularização do gênero de multiplayer assimétrico parecia ser o formato ideal para dar forma e substância a essa ideia.
Apesar da premissa inicial parecer um tanto quanto promissora, a empreitada da IllFonic não foi muito bem recebida na ocasião. A primeira versão pública do jogo sofria com diversas limitações, que inclusive tornavam o próprio jogo inviável na ausência de jogadores suficientes (algo que posteriormente foi mitigado com suporte a crossplay bem como a inclusão de bots), e muitos problemas técnicos, como citamos em nossa análise.
Quatro anos mais tarde, a desenvolvedora decide dar uma nova chance ao jogo publicando uma versão nativa para o PlayStation 5, já contando com as correções que foram feitas após o lançamento inicial. Mas, infelizmente, o produto disponível atualmente ainda não está polido de forma suficiente ou satisfatória.
Hunting Grounds conta com dois modos de jogo públicos que podem ser personalizados em partidas privadas. Em Caçada, um jogador assume o controle do Predador enquanto outros quatro jogadores constituem uma equipe de soldados da Fireteam. O Predador, em terceira pessoa, é rápido e brutal, com o único objetivo de caçar os soldados e conquistar mais alguns “troféus” (leia-se crânios e espinhas dorsais). Já os soldados têm um desafio muito maior, recebendo uma série de missões para concluir num cenário repleto de inimigos guerrilheiros antes que possam solicitar a extração do local. Devem lidar com isso enquanto são implacavelmente caçados pelo alienígena. “O inimigo de meu inimigo é meu amigo”? Não aqui.
Apesar de não haver muita variedade nos objetivos que os soldados devem cumprir, que geralmente consistem em encontrar, proteger, ou destruir objetos específicos, existem seis mapas distintos, cada qual com uma variação adicional noturna, mas todos com a mesma temática de floresta — que cede ao Predador uma vantagem extra, já que este pode se locomover rapidamente pelos galhos das árvores. Os locais de surgimento e objetivos também variam levemente, de forma a evitar que jogadores mais experientes possam premeditar as ações da oposição.
Para os soldados conquistarem a vitória, eles podem ou realizar as missões e seguir para o ponto de extração; ou, com muito sangue, suor, e lágrimas, abater o Predador para tentar capturar o corpo para a organização. O Predador, porém, perante sua iminente derrota, tem a opção de ativar a horripilante sequência de autodestruição, com direito aos mesmos efeitos sonoros e visuais que vimos nos filmes, que muito dificilmente será desarmada pelos soldados.
Já no modo de jogo Conflito, até oito jogadores são divididos em dois times de soldados que devem lutar pelo domínio de zonas específicas em um modo mata-mata. Quando uma quantidade de pontos é atingida, um dos jogadores da equipe pode optar por assumir o controle de um Predador ao invés. Desta forma, é possível que cada time tenha seu próprio caçador.
O sistema de progressão é robusto, com incontáveis equipamentos e itens de customização a serem destravados para ambas as facções. Além de cosméticos adquiridos via microtransações, você recebe o chamado “estojo de campo” que cede três cosméticos aleatórios, e pode encontrar pequenas quantidades de veritânio nas partidas, usados para destravar cosméticos. Trancar certos equipamentos por trás do nível do jogador cede uma vantagem tática a quem já tem maior conhecimento e familiaridade com o jogo, o que nos leva ao próximo ponto.
Como é o caso para muitos outros jogos que usam essa estrutura assimétrica, um de nossos pensamentos recorrentes diz respeito ao balanceamento do jogo. Ele parece não existir. O Predador é rápido e forte demais, rapidamente podendo fazer pouco caso do esquadrão humano — que pode se encontrar sem munição com frequência, já que também precisa lidar com os guerrilheiros —, e entre enfrentá-lo ou tentar fugir, nenhuma das opções parece boa o bastante.
É necessário citar que esse relançamento não se trata de uma remasterização, mas sim de um simples port. A otimização para a geração atual é quase que nula: os efeitos de iluminação são simples e há um notável baixo nível de detalhes nos modelos de forma geral (exceto o caçador titular), mas ao menos a taxa de quadros se mantém constante em 60 FPS na maior parte do tempo. A localização parcial, sob forma de textos e legendas em português brasileiro, é eficiente e funcional, mas alguns trechos e palavras permanecem no idioma original.
O maior problema do jogo continua sendo sua parte técnica. Não foram poucos os problemas que enfrentamos em nossas sessões: experienciamos diversos travamentos em situações aleatórias, súbitos erros de conexão, loadouts que não permaneciam devidamente salvos, jogadores incapazes de se movimentar, e até ocasiões em que o próprio PlayStation 5 notificava que o console estava superaquecendo, recomendando que o mesmo fosse desligado, algo que certamente deve ser atribuído a má otimização do port.
Se o suporte continuado ao jogo for mantido, talvez no futuro o prospecto seja outro, mas, no cenário atual, infelizmente Predator: Hunting Grounds continua sendo apenas um indício daquilo que poderia ter sido…
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Illfonic.
Veredito
Predator: Hunting Grounds teve um lançamento conturbado quando chegou ao PlayStation 4 e passa pelos mesmos percalços nessa nova versão por conta de problemas técnicos que continuam afetando negativamente a experiência. O modo de multiplayer assimétrico permite uma adaptação fiel ao que vimos nos filmes clássicos, mas o balanceamento precisa de ajustes contínuos para garantir que ambas as facções sejam escolhas viáveis.
Veredict
Predator: Hunting Grounds had a rough launch when it was first released on the PlayStation 4, and it’s going through the same situation in this new release due to technical issues which continue to affect negatively the global experience. The assymetric multiplayer mode makes this an adaptation true to the source, but it requires constant balance changes to ensure both of the opposing sides are viable choices.