PowerWash Simulator – Review

Disponível em outras plataformas desde julho do ano passado, PowerWash Simulator chegou recentemente às plataformas PlayStation 4 e 5. Num universo onde essencialmente tudo que se pode imaginar já recebeu uma ou outra espécie de simulador, chega a vez de empunharmos uma lavadora de alta pressão e encarar pilhas e mais pilhas de lodo e encardimento neste jogo em primeira pessoa da desenvolvedora independente FuturLab.

O jogo possui uma campanha extensa, com mais de 40 serviços diferentes. De início você possui apenas equipamentos simples e começa com serviços modestos. Seu progresso é monitorado em tempo real por indicadores na tela: cada parte do objeto ou área que você está limpando possui uma barra de “sujeira”, e tudo agrega ao percentual de conclusão do serviço que também recompensa até cinco estrelas para cada marco atingido. Conforme avança no serviço em questão, você recebe mensagens de texto de seus clientes, sejam compartilhando anedotas sobre o local ou veículo que você está limpando, ou falando que recomendaram seus serviços a conhecidos resultando em novos serviços a cumprir.

A impressão que fica é que a progressão é lenta. Serviços em veículos são concluídos em poucos minutos, mas qualquer outro ambiente exige bastante trabalho por parte do jogador, podendo tomar até horas de jogo. Aquilo que parece iniciar como uma atividade descontraída para relaxar rapidamente abre espaço para inúmeros transtornos obsessivo-compulsivos, desde a forma como você esguicha a água nas superfícies até a necessidade de limpar completamente a sujeira de cada parte, tão somente para ouvir o satisfatório toque sonoro indicando que você pode seguir para a próxima parte. É um ciclo viciante embora deveras repetitivo.

Cada parte concluída no serviço rende alguns trocados que posteriormente são usados para adquirir equipamentos mais eficientes ou acessórios e bocais extras. O dinheiro obtido também pode ser usado em compostos de sabão específicos para cada tipo de superfície. Ao usar um bocal específico, você borrifa o sabão e agiliza de forma significativa a limpeza das superfícies, mas com certas limitações já que o sabão é consumido rapidamente e a loja possui estoques limitados dos variados tipos.

Em termos de apresentação, o jogo possui um estilo artístico bastante simples, com cores vivas e vibrantes que realmente se destacam à medida que você remove a sujeira. Na parte sonora, cada bocal proporciona um efeito sonoro equivalente à sua pressão d’água, mas a ausência de uma trilha propriamente dita é notável. É feito intencionalmente assim para que você possa ouvir suas próprias playlists enquanto realiza a faxina — da mesma forma que faria na vida real, supostamente —, mas composições originais seriam bem-vindas.

Encontramos alguns problemas com os controles em nossas sessões, especialmente ao lidar com escadas e superfícies íngremes como telhados. Nada que comprometesse a experiência em si, mas algo que gerou um certo desconforto momentâneo. Manusear objetos como escadas e andaimes também se mostrou pouco intuitivo, não apenas pela exigência de espaços adequados para posicioná-los no cenário mas também pela forma que o objeto flutua de forma relativa ao ângulo em que você o coleta inicialmente. Para fins de registro, a versão para PS5 não faz proveito dos recursos hápticos do Dual Sense, mas honestamente não é algo que nos fez falta.

Outro ponto que devemos ressaltar é a forma como o modo cooperativo funciona (ou melhor, não funciona), em especial para a campanha. É possível jogar com um amigo, mas com muitas restrições: o segundo jogador é um mero convidado. O equipamento disponibilizado para a sessão será o mesmo que o jogador hospedando a partida possuir, independente do progresso individual do convidado, e além disso o convidado não visualizará as mensagens do contratante do serviço. O pior de tudo, porém, é que o progresso no serviço contará apenas para o host. O único benefício para o convidado é receber alguns trocados pelo serviço, mas de forma geral não há incentivo algum para aproveitar o jogo desta forma, o que é uma verdadeira lástima.

Terminado um serviço, ele pode ser repetido no modo livre com um grupo de até seis jogadores. Curiosamente, o jogo não conta com um serviço de matchmaking. Ou seja, se você abrir sua sessão para modo cooperativo, apenas seus amigos que possuírem o jogo poderão ingressar no serviço, tanto pela velha base conhecida de convites ou acessando a tela ingame que mostra sessões de amigos disponíveis.

Além da campanha o jogo também conta com um modo de desafio, onde o jogador enfrenta limitações de tempo ou de água, inexistentes na campanha. Com o perdão do trocadilho, aqui sim você sente a pressão. Os últimos resquícios de sujeira são sempre os mais difíceis de encontrar e os contadores são implacáveis. Como um modo extra, pode ser interessante para quem sentir a necessidade de um desafio, mas de forma geral o modo parece ir contra a vibe da campanha.

Apesar de seus deslizes, existe algo um tanto quanto satisfatório em completar os inúmeros serviços disponíveis em PowerWash Simulator. Uma experiência que é melhor aproveitada em doses moderadas ou com amigos dispostos a participar tão somente pela parceria.

Jogo analisado com código fornecido pela Square Enix.