Fruto de uma jornada de aproximadamente dez anos de desenvolvimento, Owlboy não dá indícios de um jogo com problemas de produção. É notório na indústria que jogos que ficam por muito tempo no forno usualmente resultam em produtos medíocres, cheios de “remendo” e com qualidade oscilante.
Sabendo da história de desenvolvimento de Owlboy, é surpreendente testemunhar o polimento do produto final, afinal, são diversos anos com prováveis turbulências e empecilhos para a sua conclusão. O primeiro aspecto do game que impressiona (e muito) é a vislumbrante pixel art. Owlboy é maravilhoso nesse sentido. Não é um caso de altos e baixos, todo o visual dele é estupidamente bem feito e animado. Os cenários usam uma ampla variedade da paleta de cores e os personagens são bem definidos.
Owlboy não consta apenas de frames bonitos, é um jogo legitimamente agradável, com boas músicas e efeitos sonoros. A trilha sonora é majoritariamente composta por uma pequena orquestra, com belas melodias feitas à base de instrumentos de corda.
O gameplay de Owlboy está centrado em duas mecânicas simples: a liberdade de voo e a possibilidade de carregar objetos/companheiros. É principalmente por meio dos diferentes objetos e personagens que o seu personagem carrega que os puzzles e combates do jogo se manifestam. Há partes, por exemplo, em que carregar uma fruta luminosa vai clarear o caminho ou será preciso carregar bombas para abrir obstruções. Mas, antes de aprofundar nas peculiaridades do gameplay e do design do jogo, é importante abordar um pouco da história.
A narrativa de Owlboy se inicia no vilarejo de Vellie, onde o jovem Otus, uma coruja com um complexo de inferioridade e poucos amigos, treina sob a guarda do seu mentor, Asio. Enquanto ajuda a vigiar a vila, Otus se depara com seu amigo Geddy e, mais tarde, segue a trilha de um ladrão. O esconderijo do alvo de Geddy e Otus é também a primeiro dungeon do jogo, composto de desafios básicos, com o intuito de ensinar os primeiros passos.
Logo o jogador é introduzido a um artefato das antigas corujas, com poderes especiais que permite Otus teleportar seus companheiros. Tal mecânica será utilizada ao longo de todo jogo e as relíquias das velhas civilizações serão objetos centrais na trama de Owlboy.
Vellie e o mundo de Owlboy são formados por várias ilhas flutuantes, com uma luxuosa natureza, alguns povoados e diversos templos escondidos. Sobre a estrutura do jogo, há um mundo comparável a metroidvanias, ainda que muito mais linear. Existem poucas rotas alternativas e o jogador será forçado a seguir o caminho principal, na maioria das vezes.
Retornando às características do gameplay, cada dungeon do jogo traz desafios inteligentes e divertidas batalhas contra chefes. Mesmo constando de simples mecânicas de ataque e de interatividade, Owlboy se renova sempre por meio do level design bem feito e com novos padrões de inimigos/chefes. Todavia, o jogo também tem seus problemas – os combates fora dos chefes não fascinam, a linearidade as vezes é exagerada e há alguns momentos de voo rápido em que os controles são inadequados.
A jornada de Otus é breve e o mundo bem restrito, porém, o fato de ser um jogo de poucas horas é algo preciso, que faz bem ao produto. Se a jogabilidade é simples, é melhor não insistir na repetitividade, mantendo o jogo divertido em toda sua duração.
O jogo oferece, no entanto, atividades fora da campanha principal. A moeda Buccanary, principal item colecionável, está espalhada pelas diversas regiões do game. A cada determinado número de moedas coletadas, o jogador recebe melhoramentos de vida, vestuário e outras surpresas.
Owlboy é uma experiência acessível e universal, que certamente tem o potencial de agradar crianças, casuais e jogadores veteranos. É simples de se jogar e fácil, especialmente pela grande quantidade de checkpoints disponíveis. Acessível também ao público brasileiro, já que traz uma localização completa para o português.
Veredito
O núcleo da aventura em Owlboy é desvendar puzzles, intercalado por lutas contra chefes e com ocasionais pausas para assistir a progressão da história. É um indie muito competente, desde que o jogador não se importe com uma experiência “fechada” e efêmera. É, sobretudo, um primor visual, feito com uma formidável pixel art que o distingue dos demais na indústria.
Jogo analisado com código fornecido pela produtora.
Veredito
Veredict
The core of Owlboy’s adventure is solving puzzles, interspersed with boss fights and occasional breaks to watch the story progression. It is a very competent game as long as the player does not mind a closed and ephemeral experience. It is, above all, a visual delight, made with a formidable pixel art that distinguishes it from the others in the industry.