Em 2013, o jogo Outlast foi lançado e trouxe aos jogadores um suspense do início ao fim, uma atmosfera claustrofóbica e assustadora e um sentimento de fragilidade do personagem que talvez nunca se tenha visto no mundo dos games. Quatro anos depois, a mesma produtora, Red Barrels, lança Outlast 2, repetindo todos os acertos do primeiro jogo da franquia e trazendo melhorias que fazem com que seja considerado um dos melhores jogos de terror de 2017.
Seria impossível começar a falar sobre Outlast 2 sem comentar sobre o medo que ele causa ao jogador. É uma sensação comum desde o primeiro jogo e aqui não seria diferente: desde os primeiros minutos até o final, ansiedade, medo e fragilidade são sentimentos que andam lado a lado. Seja em um pequeno corredor, ou em uma próxima porta a ser aberta, a dúvida do que espera o jogador logo ali a frente faz com que cada movimento seja bem calculado e até mesmo executado.
A história de Outlast 2 segue o padrão do primeiro jogo da franquia e gira em torno de uma reportagem sobre acontecimentos estranhos. Lynn Langeman é uma repórter investigativa que com ajuda de seu marido, Blake Langeman, assistente e cameraman, partem para uma zona rural no Arizona para tentar descobrir os motivos que levaram ao assassinato de uma mulher grávida sob condições estranhas. Ao se aproximarem do local, o helicóptero que levava o casal sofre uma pane elétrica e cai, deixando o jogador na pele de Blake em uma busca incansável para encontrar sua esposa que desapareceu no momento da queda.
Dessa vez, ao invés de lidarmos com experiências feitas em um hospital psiquiátrico, Outlast 2 possui um tema muito mais complicado e delicado que o primeiro: religião. Essa premissa é apresentada logo no início jogo, em que um enorme crucifixo é visto na parede. No decorrer da história, várias outras citações à religião são feitas, assim como diversos vestígios de rituais satânicos e adoração ao demônio são encontrados com uma grande frequência.
Embora seja uma obra de ficção, os eventos de Outlast 2 são inspirados em uma história real. Em 1978, na cidade de Jonestown, local formado pelo grupo Peoples Temple, mais de 900 pessoas foram encontradas mortas misteriosamente, levando a crer que elas faziam parte de uma organização religiosa liderada por Jim Jones. O jogo coloca você em Temple Gate, cidade fundada e liderada religiosamente por Sullivan Knoth, na qual ele e seus seguidores acreditam em um evento como o fim dos tempos.
A primeira coisa que se pode notar é a melhoria gráfica do jogo. O uso da Unreal Engine está melhor do que nunca e, com isso, podemos ver uma apresentação do jogo impecável e muito superior a diversos outros do gênero. Diferente das alas do hospital no primeiro título da série, em que um grande nível de detalhes não se fazia muito necessário (e mesmo assim, de certo modo, ele existia), dessa vez o personagem é colocado em um cenário aberto (não confundir com mundo aberto), como campos de plantações bem detalhados que fazem com que o jogador se sinta em um set de filmagem de A Colheita Maldita.
O alto detalhamento não fica apenas nos cenários. Os efeitos de luz também tiveram um retoque considerável em Outlast2, tornando-se ainda mais bonitos quando, por exemplo, o personagem corre entre os campos de plantação e é possível observar as luzes das lanternas dos inimigos cortando as plantas enquanto o procuram. Além disso, quando a mão de Blake fica visível é possível notar como pequenas coisas foram bem trabalhadas.
A jogabilidade do segundo jogo da franquia continua muito semelhante à do original. Mais uma vez, armas de qualquer espécie são inexistentes no jogo, propositalmente para dar um ar de fragilidade ao personagem. Desse modo, o máximo que o jogador pode fazer é correr, se esconder e tentar passar despercebido pelos inimigos, os quais possuem uma inteligência artificial excepcional. Por trazer um ambiente mais aberto, agora é possível se esconder nos milharais, tuneis e até embaixo d’água, o que causa uma imersão ainda maior na tensão que os cenários proporcionam.
A grande mudança acontece com o botão que permite que Blake corra. No primeiro Outlast, o botão L1 tinha essa função, já em Outlast 2, é o L3 que executa esse movimento. Mais uma vez, o jogo é em primeira pessoa, com a câmera e seu modo de visão noturna ajudando o jogador a enxergar em momentos de total escuridão – e esses não são momentos escassos no jogo. É preciso controlar a bateria de sua câmera para sempre conseguir usá-la e, obviamente, encontrar baterias espalhadas pelo o cenário para recarregá-la.
A câmera em Outlast 2 sofreu uma enorme reformulação, se tornando mais moderna e ainda muito mais útil e necessária para o jogo. Agora é possível filmar certas coisas e revê-las depois. Para isso, o jogador deve prestar bastante atenção a sua volta e perceber se aquilo que está vendo merece ser filmado ou não. Essas gravações são sobre eventos variados, mas geralmente trazem algo assustador que Blake considera importante para a sua investigação. E numa tentativa de deixar ainda mais real, conforme o jogador assiste ao que foi filmado, Blake faz comentários sobre o vídeo.
Ao encontrar certos documentos que ajudam a entender a história, Blake tira uma foto dos mesmos e os armazena em sua câmera para uma futura leitura. Além disso, um sistema de microfone foi incorporado à câmera. Desse modo, ao pressionar o direcional esquerdo o microfone da câmera começa a funcionar. Assim você pode escutar o que está acontecendo ao seu redor e até perceber se existe alguém do outro lado da parede ou da sala que você pretende entrar. O microfone também ajuda a aumentar a tensão do jogo, uma vez que dando zoom na câmera o som da gravação fica mais alto, possibilitando ao jogador ouvir gritos, rezas e cultos demoníacos não muito alegres.
Sem dúvida a grande novidade de Outlast 2 está no sistema de inventário. No primeiro jogo da franquia ele praticamente não existia, visto que os itens encontrados eram usados quase que instantaneamente ou duravam cerca de 10 minutos na posse do personagem. Dessa vez, ao pressionar o touch pad, Blake olha para baixo e o jogador pode ver os vídeos gravados na câmera, os objetivos e, movimentando o R3, os itens guardados nos bolsos do personagem ficam visíveis, semelhante ao sistema utilizado em Alone in the Dark de 2008.
Veredito
Outlast 2 traz várias melhorias significativas em seus gráficos e jogabilidade, e mantém o terror que deixou o primeiro título da série conhecido mundialmente. A adição do sistema de inventário e as novas utilidades da câmera se encaixaram perfeitamente no jogo. A Red Barrels repetiu a dose de terror, suspense e sustos, combinados com uma história interessante e bem desenvolvida, fazendo com que Outlast 2 seja considerado um dos melhores jogos de terror do ano.
Jogo analisado com código fornecido pela desenvolvedora.
Veredito
Veredict
Outlast 2 brings many remarkable improvements concerning graphics and gameplay and keeps the horror, which made the first installment known worldwide. The addition of the inventory menu and the new camera features fit perfectly in the game. Red Barrels repeated the amount of horror, thrilling and scary moments along with an interesting and well developed story, turning Outlast 2 into one of the best horror games of the year.