Independentemente de outros trabalhos, a Robot Entertainment é mais conhecida pela criação da franquia Orcs Must Die!. Antes exclusiva do PC, a série deu o salto para os consoles com o lançamento de Orcs Must Die! Unchained, que trazia seu humor característico e a ação bem mesclada com o tower defense num modelo gratuito para jogar. Infelizmente, o modelo comercial escolhido se mostrou não muito efetivo e o jogo foi encerrado em abril de 2018.
Caso você não tenha jogado Unchained, saiba que perdeu um título de imensa qualidade e que, mesmo seguindo um modelo F2P, entregava conteúdo e diversão em doses gigantes. Na época, a desenvolvedora disse que iria focar seus esforços novamente no modelo tradicional, com um título pago. Apesar do que indicava um fim para a franquia Orcs Must Die!, a surpresa de todos foi o anúncio de um terceiro jogo, mas como exclusivo do Google Stadia. Um ano depois, já com o acordo de exclusividade expirado, o título finalmente é lançado para as demais plataformas, revivendo assim a empolgação dos fãs da série.
Seguindo a mesma linha de sempre, Orcs Must Die! 3 é um jogo de ação em terceira pessoa com Tower Defense, onde o jogador precisa criar combinações malucas de armadilhas e caminhos perigosos o suficiente para impedir fileiras quase intermináveis de orcs verdes e fedorentos. Experimente várias combinações únicas e combos entre armadilhas nos mais diversos mapas, com orcs saindo de vários pontos no mapa e com um único objetivo, adentrar no portal protegido pelos magos de guerra.
Apresentar e contar uma história nunca foi o foco da franquia, que jamais se preocupou em focar de forma contundente nisso. Entretanto, existe todo um universo que é introduzido e desenvolvido sutilmente, mostrando os grandes personagens da batalha entre magos e orcs que já dura por séculos.
O grande foco do jogo é simplesmente o gameplay, com foco no combate em terceira pessoa e no sistema de tower defense, que consiste em criar defesas para impedir que os inimigos avancem. OMD faz isso usando armadilhas de diversos tipos, como espinhos no chão, paredes de flechas, armadilhas de teto com raios elétricos mortais e muitas outras. Combine o uso de duas ou mais armadilhas para acertar um mesmo inimigo e crie combos, aumentando o dano final ou até criando efeitos únicos.
Essas combinações de armadilhas e efeitos são primordiais em níveis mais difíceis e exigentes, com grande quantidade e variedade de inimigos. Por exemplo, o poço de piche aplica lentidão nos orcs, mas quando está no nível máximo, também aumenta o dano de fogo recebido pelos inimigos. Com isso, usar uma armadilha que lança fogo nos Orcs quando os mesmos estão sobre o efeito do piche é sucesso imediato.
Acredite, bolar planos é uma das partes mais divertidas e insanas de OMD, e no 3 isso não seria diferente. Em cada mapa é possível criar diversos tipos diferentes de estratégias, testando combinações malucas ou buscando o melhor dano por segundo possível. Para incrementar isso, o nível de dificuldade mais alto vai exigir mais ainda de um plano quase perfeito, usando tudo o que for possível de armadilhas e até do cenário para sair vitorioso.
Talvez a grande novidade seja a inclusão dos cenários de batalha, com escala ainda maior e considerável aumento de inimigos. Aqui saem os tradicionais corredores e caminhos afunilados para áreas mais abertas e que até possuem armadilhas exclusivas. A diferença na criação de estratégias é nítida, já que o jogador precisa pensar num escopo ainda maior e combos diferentes, tentando alcançar o máximo de orcs ao mesmo tempo para justificar os caminhos mais amplos.
Quanto ao que o jogo entrega ao todo, são duas campanhas com mais de 18 mapas, os já tradicionais modos infinitos e desafios semanais e, agora, o novo modo Ladeira (Scramble). Ladeira consiste num modo onde a dificuldade vai mudando a cada onda, com buffs e debuffs sendo aplicados e alterando a dinâmica do combate. Mudanças durante as ondas de orcs serão necessárias e jogadores precisarão pensar cada passo, calculando até mesmo o impacto que um debuff pode trazer em sua estratégia.
Além de todo o esquema de tower defense, algo que se destaca é que o jogador jamais fica parado, esperando o resultado de sua estratégia. A ação, e boa parte da diversão, consiste em atacar e correr atrás dos orcs pelo mapa. Use um bacamarte, arco mágico, uma besta elétrica, uma espada ancestral ou diversas outras armas para trucidar seus inimigos.
Entretanto, espere resistência de diversas formas. Monstros dos mais variados tipos também irão se preparar para enfrentar o jogador. Ogros imensos com armaduras, trolls que recuperam saúde, lobisomens e muito mais irão ser desafio de sobra. Imagine que cada inimigo pode ter uma fraqueza e vantagem sobre algum tipo de elemento, ataque ou armadilha. Com isso, é preciso pensar no que usar, já que espinhos no chão podem não ser tão efetivos contra uma horda de ratos velozes.
Apesar de tudo e do novo modo, OMD3 ainda é muito tradicional e, dependendo do seu ponto de vista, se prende bastante aos títulos anteriores, no caso OMD e OMD2. Unchained talvez se destaque porque inovou com vários personagens, upgrades de armas e armadilhas e em outras mecânicas de jogo, mas muito disso era para que se encaixasse no modelo F2P. Obviamente o jogo não deixa de ser divertido com o que entrega, mas poderia trazer mais novidades, já que é o quarto jogo de uma franquia que tem quase 10 anos.
Algo que também incomoda, principalmente para quem se afundou por dezenas de horas nos outros jogos, é uma diferença no estilo visual e artístico aqui. Aparentemente, a Robot tentou tirar mais da Unreal Engine para criar visuais um pouco mais realistas, mesmo que tente manter as cores exageradas e visuais cartunescos. Isso é principalmente notado no design dos inimigos e dos heróis. Em comparação, OMD2 e Unchained já haviam se descambado para o humor escrachado e parte artística que puxava isso. Agora, a intenção parece ser colocar o pé um pouco mais no chão, se é que isto é possível. De toda forma, é algo que impacta à primeira vista, mas que eventualmente o jogador irá se acostumar.
É interessante ver que a franquia não morreu após o fracasso comercial de Unchained e também sobreviveu ao ano de exclusividade do Stadia. Com mais jogadores agora podendo aproveitar a fantástica diversão cooperativa que o jogo entrega, fica fácil ver mais do jogo no futuro, mas que talvez precise de alguma renovada ou novidades de impacto para se manter relevante.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Robot Entertainment.
Veredito
Orcs Must Die! 3 é excelente e entrega exatamente o que era esperado. Mesmo que use bastante do que havia em Unchained e não traz muita inovação impactante, mostrando até uma grande reutilização de material anterior, o jogo consegue entregar algumas boas novidades, com bastante diversão e desafio na medida certa.
Veredict
Orcs Must Die! 3 is excellent and delivers exactly what was expected. Even though it uses a lot of what was in Unchained and doesn’t bring much impactful innovation, showing even a great reuse of previous material, the game manages to deliver some good stuff, with enough fun and challenge to spare.