OmegaBot é um daqueles jogos simples em que o que você vê é o que você tem. Basta conferir o trailer para ter uma boa noção do que esperar: plataforma 2D em pixel art retro com muito tiro, combates contra chefões e alguns diálogos.
Descrevê-lo, portanto, também é simples. Você é OmegaBot, um dos muitos robôs que surgiram inesperadamente para livrar o mundo de uma praga que se espalhou em forma de névoa, transformando as pessoas e outros seres vivos em robôs perigosos.
A campanha apresenta alguns NPCs e diálogos que dão contexto à história do local e da praga, com contornos sérios e tom mais trágico do que eu esperava do jogo. Parte da humanidade conseguiu fugir da névoa, mas cinco heróis ficaram para combater o horror e lutaram até serem tragados pela mutação.
Se você pensou que esses heróis são os chefes principais de OmegaBot, acertou. O encontro com essas personagens coroa o final de cada fase com lutas empolgantes que vão requerer mais de uma tentativa para você aprender os padrões de ataques bem definidos e as melhores brechas para descarregar sua arma nos oponentes.
Falando em descarregar, o tiro tem um sistema de barra de energia com duas fases. A primeira é seu tiro normal, mais forte, capaz de destruir coisas de metal, mas, se diminuir a barra até abaixo da metade, a segunda fase torna o tiro mais fraco e com menos capacidade de atordoamento.
Atordoar inimigos é uma mecânica que se mostra mais relevante ao lutar contra chefes, minichefes e alguns inimigos mais resistentes. Quando você ataca, uma barra vermelha surge sobre a cabeça deles com uma contagem crescente. A princípio, achei que fosse o dano causado, mas é a taxa de atordoamento que, ao atingir certo ponto, deixa o adversário sem ação e com a guarda aberta, além de soltar alguns blocos de recuperação de vida. Os chefes exigem prática, mas, se focar em atordoá-los para ganhar a cura, não darão muito trabalho.
OmegaBot tem uma pegada retrô nos visuais humildes com seus sprites básicos, mas, para não tornar seus pixels estáticos, permite destruir parte do cenário, como tochas, luminárias, cadeiras, arbustos, lixeiras e até os pássaros que soltam penas para todo lado. Isso não tem impacto na gameplay, servindo apenas para adicionar uma sensação mais dinâmica na interação com o mundo.
Outro ponto que apreciei foi a profundidade dos cenários, acentuada pelas três ou quatro camadas que rolam em paralaxe. Ou seja: o que está mais longe ao fundo se move mais devagar do que o que está mais perto, criando a ilusão de movimento em perspectiva.
Tais cenários compõem um design de mundo quase exclusivamente linear: siga sempre para a direita até o final da fase, enfrente o chefão e passe pela loja de melhorias antes de seguir para o estágio seguinte. O design mantém um bom ritmo de introduzir diferenças para distinguir uma fase da outra e sempre há trechos secretos que contêm boas quantidades de coletáveis, incentivando a prestar atenção enquanto explora a aventura.
Os upgrades ajudam na sensação de progressão e dão sentido às numerosas engrenagens e os símbolos de olhos que coletamos, ainda que, no fim das contas, também sejam simples, ampliando apenas as barras de vida e energia.e conferindo mais três opções de armaduras que dão vantagens diferentes para o robozinho. Você também receberá mais opções de tiros no decorrer da jornada e duas habilidades clássicas: o dash e o pulo duplo.
Em suma: os coletáveis, locais escondidos e melhorias não reinventam a fórmula e até seguem pelo lado menos ambicioso de suas mecânicas, jogando seguro, mas são adições bem-vindas para temperar a simplicidade do pacote e proporcionar um momento a momento que progride e se mantém fresco.
Finalizei OmegaBot em cinco horas, o que para mim foi uma duração adequada à proposta, acabando antes de ficar cansativa. No entanto, senti falta de mais recursos.
Posso citar a falta de uma seleção de fases no final da aventura ou uma boss rush para revivermos as batalhas que são o melhor que o jogo tem a oferecer. Não temos nem mesmo slots de salvamento diferentes; cada usuário que começar uma campanha tem que segui-la até o fim sem retroceder e sem ao menos a opção de deletar o save para começar novamente. Caso deseje isso, é obrigando a apagar o salvamento pelo sistema do console.
Ao término de tudo, surgem apenas duas opções que o jogador deve decidir ali, na hora: iniciar o New Game+, mantendo o que foi obtido antes, ou um New Game totalmente do zero. Acho que é básico que a opção de NG+ fique no menu principal para o jogador poder escolhê-lo quando tiver vontade, mas OmegaBot não faz isso. Assim, optei pelo New Game+ e, de imediato, vi-me na primeira fase, mas sem nada do q eu tinha antes, o que deve ser um bug.
A música cumpre seu papel, mas um de coadjuvante. Podia ser mais enérgica, como outros jogos que optam pelo estilo dos anos de 1990. A parte sonora é um aspecto importante dos jogos para mim, mas essas músicas não ficaram na memória.
Vale dizer ainda que tive quedas de performance em dois momentos: em um segmento no fim da fase do castelo e na chefona final, com engasgos que prejudicaram minha luta e me causaram algumas derrotas, até que fechei o software e o abri novamente, o que sanou a questão completamente.
Por fim, OmegaBot tem troféu de platina que pode ser obtido em uma única campanha, contanto que você encontre alguns segredos e tente pegar o máximo de engrenagens que puder para comprar todas as melhorias.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Red Art Games.
Veredito
OmegaBot não tem nenhum grande problema e nenhum grande destaque. Alguns recursos a mais seriam bem-vindos. Porém, com bom ritmo e chefes desafiadores, cumpre bem o seu propósito de ser uma aventura simples e agradável para quem gosta de plataforma 2D.
OmegaBot
Fabricante: Simon Carny
Plataforma: PS4 / PS5
Gênero: Ação
Distribuidora: Red Art Games
Lançamento: 19/01/2023
Dublado: Não
Legendado: Não
Troféus: Sim (inclusive Platina)
Veredict
OmegaBot has no big problems and no big highlights. A few more features would be welcome. However, with a good pace and challenging bosses, it fulfills its purpose of being a simple and pleasant adventure for those who like 2D platformers.