Olija – Review

Já há algum tempo, vários jogos tem se virado para uma linha cada vez mais focada na narrativa. Isso vai desde projetos imensos e de grandes orçamentos aos títulos menores e de produtoras independentes. De qualquer formas, diversas histórias vão sendo contadas e de diversas maneiras, em títulos que sempre tentam apresentar alguma novidade.

Olija é um jogo que, assim como vários, leva sua narrativa como prioridade, enquanto mescla mecânicas de gameplay e outras formas de entreter o jogador nesse percurso. Aqui  temos a história de Faraday, um jovem senhor que na busca pela salvação de seu povo, acaba se perdendo no mar com seus marujos após um naufrágio. Encontra um arpão lendário com poderes místicos, mas também desperta um mal há muito adormecido quando resgata a princesa Olija, cheia de segredos.

No misterioso arquipélago de Terraleva, o jogador descobre junto com Faraday que irá precisar enfrentar alguns perigos para encontrar uma saída desse lugar e retornar para seu lar. Avance pelas ilhas sucumbidas pelos poderes sombrios encontrados ali enquanto procura seus aliados naufragados e novos equipamentos nesta jornada.

Algo intrigante da narrativa de Olija é como a história é mostrada quase que através de contos e poemas, narrados pelo barqueiro que auxilia Faraday. Praticamente não há diálogos ou textos que contam as histórias do local e muito vai depender da interpretação do jogador em diversas cenas e momentos. Isso cria um ambiente sempre interessante de acompanhar, procurando respostas em cada nova localidade. Notáveis cenas que envolvem o relacionamento de Faraday e Olija são de grande destaque e facilmente irão chamar a atenção, inclusive uma similar a um duelo que é deveras interessante.

Apesar de não ser um metroidvania, temos algumas características que irão nos lembrar disso. Tanto o arpão e outras habilidades encontradas pela jornada serão usadas para uma melhor movimentação no cenário, como acessar algumas áreas ou ativar mecanismos. De certa forma, o jogo é uma aventura com plataforma, mas sem nenhum backtracking. Explore novas áreas do arquipélago, adentre dungeons e procure os itens necessários para abrir novas áreas enquanto enfrenta inimigos e alguns chefes.

O combate é simples, porém funcional. Além do arpão que pode ser usado como arma principal, há 4 outras armas secundárias, sendo 2 a curta distância e 2 para ataque a longa distância. Não há nada de novo no combate e se torna até trivial em alguns pontos, mas talvez muito se dá pela pouca variedade de inimigos. Se destacam os poucos chefes presentes, principalmente pela diversidade em cada batalha. Há um grande chefe em cada uma das 4 regiões de Terraleva e cada um tem momentos épicos e únicos, muito mais pela dinâmica de transição na arena de luta e pela forma com que os chefes se relacionam com a história do jogo.

Olija não fornece muitas oportunidades de jogo além da sua campanha. Além das poucas melhorias feitas no lar temporário de Faraday e fabricação de alguns chapéus com bônus especiais, o jogo é direto em seu propósito sem muito a oferecer além do tradicional. Uma campanha que pode ser finalizada em no máximo 6 horas e até mesmo a falta de uma lista de troféus e afazeres a mais minam o replay do jogo e o fazem um experiência curta, mesmo que intensa e interessante.

Talvez o maior destaque fique por conta da parte artística do jogo. A arte pixelada feita a mão é inspirada na mitologia asiática é destaque sempre, mesmo que às vezes possa ser um pouco poluída em algumas sessões. Já a trilha sonora é sempre agradável, misturando melodias únicas em diversos momentos.

Por fim, Olija é uma aventura divertida e até sombria às vezes. Há inúmeros pontos positivos para a jornada de Faraday desenvolvida pela Skeleton Crew Studio, mas poderia ser um jogo um pouco mais encorpado e que valorizasse mais o tempo investido do jogador

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Devolver Digital.