Ninja Gaiden 2 Black foi lançado de surpresa no dia 23 de janeiro durante a Xbox Developer Direct, que trazia novidades focadas em títulos da gigante Microsoft. A verdade é que ninguém esperava esse lançamento, tendo em vista que, em 2021, foi lançado Ninja Gaiden Master Collection, título que trazia inclusive Ninja Gaiden Sigma 2, o port do segundo jogo para PlayStation 3.
Ninja Gaiden é uma franquia antiga e que, ao todo, já vendeu 8.96 milhões de cópias no mundo, segundo o VGchartz. Conhecido por sua dificuldade extrema e combates dilacerantes, os títulos da saga sempre foram bem recebidos pela crítica (mas nem sempre) e chamam a atenção pela dinamismo insano como as coisas se desenrolam.
O lançamento do “remaster/remake” de Ninja Gaiden II: Black abre as portas para a chegada de Ninja Gaiden 4, também anunciado na Xbox Developer Direct. Porém, com tantas mudanças nas mecânicas dos jogos atualmente, será que ele é um título que ainda consegue chamar a atenção?

A história de Ninja Gaiden II: Black se passa após os canônicos eventos (sem spoilers) do primeiro jogo, que basicamente despertaram toda essa ira de Ryu em busca dos culpados. Aqui, nosso amado ninja encontra Nina, uma agente da CIA que diz que o clã Black Spider está atrás de uma estátua na Vila Hayabusa, e agora cabe a Ryu impedir que eles a adquiram para reviver o maior demônio de todos.
Para ser sincero, a história de Ninja Gaiden II: Black é bem genérica e não chama tanta atenção. Essa coisa de “reviver um demônio poderoso” é bem batida e existe em diversos outros títulos. Tendo isso em vista, eu me abstive completamente do enredo e foquei na matança desenfreada.
Durante a jornada você encontra alguns memorandos e “notas de falecimento” de outros ninjas. Isso te dá um pouco mais de contexto para as coisas que aconteceram e, de alguma forma, te aprofundam no universo do jogo. Porém, ainda assim não é o suficiente para te segurar pelo enredo. Mas se te serve de consolo, as cutscenes são legais (embora bem curtas), então talvez isso consiga te prender um pouco.

Como o foco de Ninja Gaiden II: Black não está na história, vamos ao que interessa. O jogo é direto e sem muitas firulas. Não espere por menus complexos, criação de armas, habilidades passivas que te fazem pular mais alto ou coisas do gênero. Aqui é tiro, porrada e bomba o tempo todo, e Ryu estará a todo momento encarando diferentes tipos de ameaças.
Ryu Hayabusa tem à disposição mais de oito tipos de armas, dentre elas tonfas, foices, garras, lanças, espadas de uma mão e por aí vai. Todas elas, porém, podem ser facilmente perdidas se você não ficar atento, pois apenas algumas ficam em destaque no cenário, enquanto outras são pegas nos cadáveres aleatórios do chão. Isso dá aquela sensação de que se você não pegar aquela arma, tudo bem, dá pra terminar o jogo de qualquer forma. E é literalmente isso.
A vantagem de pegar todas as armas do jogo é que você consegue se adaptar aos inimigos. Alguns oponentes são mais rápidos, então aqui seria ideal um equipamento focado em velocidade, como as garras. Outros possuem mais HP e precisam tomar mais dano, neste caso, a espada de uma mão resolve o caso. Todas elas possuem um gameplay único e extremamente divertido, mas no fim, sempre haverá aquela favorita do coração.
É possível aprimorar as armas com as almas pegas ao derrotar os inimigos, mas devo dizer que não é fácil, pois a quantidade obtida é muito pequena e, obrigatoriamente, você terá que jogar ao menos mais uma partida no New Game + (adicionado recentemente via atualização) para aprimorar as armas restantes.
Isso poderia ter sido evitado se a Team Ninja tivesse trazido os elementos de Ninja Gaiden II: Black original, não o Sigma 2, port lançado para PS3. Na versão lançada para o console da Sony, a quantidade de inimigos é reduzida drasticamente, algo criticado pelos fãs, inclusive.

Embora alguns fãs tenham criticado a redução no número de inimigos, eu, particularmente, agradeço por terem feito isso. O motivo disso é que a câmera de Ninja Gaiden II: Black é ruim, o que acaba dificultando as batalhas contra muitos oponentes ao mesmo tempo.
Em diversos momentos me peguei preso em uma parede porquê a câmera simplesmente não colaborava. Como estamos falando de um hack ‘n slash, é normal não haver trava de mira, no entanto, Ryu constantemente ataca o lado oposto de onde os inimigos estão, justamente por causa da câmera. Sim, dá pra controlar o ângulo para onde se está olhando, mas no meio da muvuca não dá tempo de você sequer tirar o dedo do botão de dar sopapos.
Além da câmera, devo enfatizar aqui que também tive problemas com a jogabilidade, como quando eu queria usar um pergaminho de habilidade e Ryu simplesmente pulava com um ataque que eu não queria. Outros pontos em relação à jogabilidade são mais pessoais do que questões técnicas, como o quão lento o personagem é ao guardar uma arma secundária que não seja as Shurikens ou o fato de não ter um “dash”.
Embora eu tivesse tido esses problemas técnicos com a jogabilidade, o jogo não deixou de me divertir, e pude fatiar muitas cabeças numa resolução gráfica lindíssima. Isto é, inclusive, um dos pontos mais fortes do jogo. Ele refeito na Unreal Engine 5 elevou a qualidade a outro patamar, com efeitos de luz e sombra – além do design dos personagens e ambientes – de cair o queixo.
E por falar em gráficos, devo dizer que eles estão realmente lindos no PlayStation 5 Pro, e o jogo até oferece um modo a 120fps. Eu testei e não recomendo. Os gráficos ficam serrilhados e causam um embaçamento, tirando todo o brilho da obra. Jogue a 60fps que você não perderá nada em desempenho.

Algumas pessoas (o meu eu do passado, inclusive) ficam perdidas quando falamos das diversas versões existentes de Ninja Gaiden. Em Ninja Gaiden Master Collection, por exemplo, você tinha acesso a Ninja Gaiden Sigma, Ninja Gaiden Sigma 2 e Ninja Gaiden 3: Razor’s Edge. As versões Sigma são os ports feitos para o PlayStation 3, que trouxeram não só adições ao jogo, mas também a remoção de alguns conteúdos do título original para Xbox.
Aqui, por exemplo, você tem alguns capítulos adicionais onde é possível jogar com Rachel (do primeiro jogo), Ayane e Momiji. Por outro lado, alguns projéteis foram removidos e, consequentemente, uma sala secreta referente ao primeiro jogo que dava acesso às shurikens de vento.
Uma das coisas que eu gostei em Ninja Gaiden II: Black foi a inclusão de modos mais fáceis, como o Path of Acolyte (normal) e Hero Play Style (fácil). Esse último dá assistência para aqueles que têm dificuldade com o jogo. Eu, particularmente, apanhei muito em Sigma e não conseguia avançar muito além da Vila Hayabusa. As mortes constantes me frustravam e me fizeram dropar o jogo na época.
Mas claro, não pense você que o modo normal de Ninja Gaiden II: Black vai ser como andar num parque. Muito sangue será derramado e muitas mortes virão, porém, com os pontos de salvamento e a possibilidade de tentar novamente uma luta, as coisas ficam mais fáceis.
Caso você se arrisque em modos mais difíceis (que são quase impossíveis), será recompensado com novos inimigos e até mesmo armas novas, mas cabe a você decidir se vale a dor de cabeça, especialmente se tiver interesse em platinar.

Ninja Gaiden é uma franquia famosa e que já deve ter entregado diversos controles quebrados por causa do nível de dificuldade absurdo. Porém, Ninja Gaiden II: Black consegue ser divertido e entregar aquilo que promete: muito sangue, cabeças dilaceradas e um gameplay extremamente divertido.
Apesar dos problemas técnicos que envolvem muito mais a jogada de câmera, é um ótimo jogo para se ter contato, especialmente se você acha os outros títulos da franquia mais difíceis.
Infelizmente não há localização em PT-BR, mas para ser bem honesto, uma pesquisada na internet resolve o seu problema, tendo em vista que no fim, a narrativa não faz muita diferença aqui.
Jogo analisado no PS5 Pro com código fornecido pela Koei Tecmo.