Night Book é o mais novo jogo da Wales Interactive, conhecidíssima por seus jogos do tipo Visual Novel, como The Complex, The Shapeshifting Detective e o mais recente lançado ainda este ano, I Saw Black Clouds. Também chamados de FMV (Full Motion Video), são basicamente filmes nos quais o jogador toma decisões que podem levá-lo às mais diferentes repercussões e finais. Um mês atrás, o game foi anunciado para PS4, entre outras plataformas, e lançado no último dia 27 de julho.
Loralyn, nossa protagonista, é uma mulher grávida que trabalha remotamente como intérprete em uma empresa chamada Glossa Lingua, onde serve de tradutora em chamadas de vídeo. Além de Inglês e Francês, ela também fala uma língua chamada Kannar, que é parte primordial de Night Book: é o idioma de um povo antigo em uma ilha no Norte do Oceano Pacífico, de onde vem uma maldição da qual seu pai fala tanto. Para completar, seu marido está em Le Pouce, esta mesma ilha, com o objetivo de fechar um negócio de construção de um hotel de luxo para atrair turistas para o local.
A história já começa mostrando como o pai de Loralyn está agindo estranho e como seu quarto (onde inclusive ele pede para ficar preso) está repleto de desenhos esquisitos por toda parte. Ele menciona alguns espíritos, mas a filha não dá muita confiança. Tudo piora quando, durante uma ligação de trabalho de Loralyn, um trecho de um livro em Kannar é lido e coisas ainda mais estranhas começam a acontecer.
Como dito antes, Night Book é completamente live-action, então não terei muito o que falar dos controles. Além de navegar pelos menus, a única coisa a ser feita é tomar decisões. Ele foi todo gravado durante a pandemia, então não há cena alguma em que dois ou mais personagens apareçam fisicamente em um mesmo ambiente. Uma coisa que ajuda muito no processo da narrativa e deixa tudo bastante natural é algo que faz parte da história: tudo que vemos está sendo gravado pelo sistema de câmeras instalado por Pearce, o marido de Loralyn, para preservar a segurança da esposa e de seu pai enquanto ele viaja a trabalho.
Tudo que você faz gera consequências, sejam elas boas ou ruins — mas já aviso aqui que raramente elas vão ser 100% boas, afinal estamos falando sobre um thriller de terror, não é mesmo? Algumas das decisões tomadas vão render até troféus, enquanto outras estão ali só pra que você não esqueça que Night Book é um jogo, e não um filme, já que independentemente do que você escolher, os resultados serão os mesmos. A maioria delas, porém, são importantes: dependendo do rumo que a história tomar, alguns personagens nem aparecem, dando lugar a outros.
E falando em personagens, algo que sempre acaba mudando é o relacionamento que Loralyn tem com eles, e isso você pode acompanhar no menu de pausa. Pra cada pessoa existe uma pontuação, e através desses números é possível saber em que pé estão suas relações. Na opção abaixo, no mesmo menu, ficam todos os e-mails recebidos durante o jogo, e a qualquer momento estão disponíveis para que você dê uma nova olhada e relembre de detalhes possivelmente esquecidos.
No geral, é uma narrativa bem pequena, podendo ser terminada em menos de uma hora. Se você é como eu, todavia, vai sentir a necessidade de jogar de novo e de novo para conseguir todos os troféus, desbloquear as mais de 200 cenas e ver os 15 diferentes finais. Sendo assim, a história originalmente curta acaba se tornando uma experiência bem mais longa, mas bastante gratificante, já que muitas das decisões
Antes de escrever esta análise, eu joguei Night Book do início ao fim três vezes, e assisti a três dos finais. Porém, ao contrário do que você pode estar pensando, não foi cansativo; uma vez que uma cena é desbloqueada, ela pode ser pulada, e muitas delas se repetem de uma história pra outra dependendo das decisões que você toma, o que facilita bastante a tarefa de platinar este título.
Sendo feito na forma de filme (o que de fato acaba sendo) e focado 100% na narrativa, o jogo não deixa a desejar nesse quesito. As atuações são boas, e os efeitos sonoros e visuais fazem jus ao estilo FMV. Particularmente, não achei a história excepcional; na verdade, até um pouco clichê, sem muitas surpresas e reviravoltas. Em determinados momentos é possível já esperar o que vai acontecer.
Se você gosta mais de jogos de ação, e precisa estar ativamente fazendo algo do início ao fim, talvez Night Book não seja pra você. Não pelo jogo em si, é claro, mas sim pelo estilo. Ele entrega tudo a que se propõe, e acredito que, se não fosse pelo lockdown, teria capacidade de ser ainda melhor. Apesar de não ser dos melhores do gênero, definitivamente não é um título ruim.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Wales Interactive.
Veredito
Night Book é um ótimo exemplo de jogo FMV e faz o jogador acreditar que está de fato assistindo a um filme. Apesar de entregar tudo a que se propõe, a história simples e com poucas surpresas deixa um pouco a desejar e quem não está acostumado com esse estilo vai provavelmente ficar entediado. Mesmo assim, está longe de ser um título ruim.
Veredict
Night Book is a great example of an FMV game and makes the player believe he is actually watching a movie. Despite delivering everything it sets out to do, the simple and sometimes predictable story leaves a little to be desired and anyone who is not used to this style will probably get bored. Even so, it’s far from a bad title.