Nexomon: Extinction – Review

O dia de sua jornada começar chegou. Você e alguns de seus amigos finalmente possuem idade para se aventurar pelo mundo e virar um grande domador de monstros. Hora de se despedir de seus pais, encontrar um professor para te orientar e seguir viagem!

Acredito que você esteja pensando em um outro certo título ao ler este primeiro parágrafo, que envolve monstros de bolso, mas não estamos falando dele, mas sim de Nexomon: Extinction, segundo jogo da franquia homônima que finalmente chegou no PlayStation 4. Certamente é impossível falar de qualquer outro jogo de captura e batalha de monstros sem citar Pokémon, já que todo o gênero teve origem nos clássicos Red e Blue de Game Boy. E apesar de nomes parecidos e várias similaridades no gameplay, ambos os jogos divergem em alguns conceitos e durante este review você poderá entender o que pode tornar Nexomon: Extinction um jogo melhor ou pior que a franquia de sucesso da Nintendo.

Nexomon: Extinction
Ao iniciar sua jornada você poderá escolher um dentre nove opções de Nexomon. Fonte: PS4 Share.

Mas antes de começar de fato esta análise, é importante deixar claro uma coisa: Nexomon é um jogo em constante evolução. Não estou falando apenas de pequenos patches para correção de bugs, mas sim implementações de funções, itens, mecânicas ou qualquer outra mudança que impacta de maneira bem grande o gameplay. Isso é muito legal pois mostra que a desenvolvedora se importa com o feedback dos jogadores. Enquanto escrevo este texto, por exemplo, já foi anunciada mais uma atualização com lançamento de itens que afetarão bastante a experiência do usuário.

Dois bons exemplos do que tivemos de melhorias nas últimas semanas foram as implementações dos Charms, que afetam diretamente a dificuldade do título (citarei melhor ainda no texto) e alguns novos idiomas. Em seu lançamento, Nexomon: Extinction possuía apenas 5 opções de texto. Hoje já mais duas foram implementadas e há a previsão de ao menos outras 6, incluindo Português-BR. Caso você leia este review muito após sua publicação, é bem provável que sua experiência seja bem diferente da minha. Todo esse texto será baseado até a atualização de 09 de setembro e caso queira você pode acompanhar a timeline do jogo em seu canal oficial no Discord.

Nexomon: Extinction
É possível passar pelos “matinhos” sem efetuar qualquer luta contra Nexomon, já que você poderá saber onde haverá encontros se perceber que a grama se move. Fonte: PS4 Share.

A história de Nexomon: Extinction se passa mil anos após o fim dos eventos do primeiro jogo e tê-lo experienciado não se faz necessário para entender o novo título. Logo ao iniciar há um pequeno vídeo de resumo que conta exatamente o que você precisa saber: por milênios humanos e Nexomon viviam juntos em harmonia, até que tudo mudou quando Omnicron surgiu, o auto proclamado rei dos Nexomon, que queria acabar com a humanidade. Os eventos do primeiro título mostram a história de um grupo de pessoas que embarcam numa jornada para derrotar Omnicron, conseguindo esta vitória após um de seus filhos traí-lo. O mundo então volta a viver em harmonia. Ou não.

A grande verdade é que a paz nunca surgiu de fato. Apesar da calmaria momentânea, os Nexomon após um tempo começaram a brigar para descobrir quem seria o novo rei. E foi assim que os Tyrants surgiram, uma espécie de Nexomon com poderes altíssimos, que lutam constantemente entre si por esse trono. Esta guerra, que já dura séculos, levou várias outras espécies de Nexomon a extinção, sendo este um dos motivos de todos as criaturas serem diferentes das de seu título antecessor, tirando uma pequena dúzia que retorna após uma pequena quest específica e com uma explicação dentro do jogo.

Só com esse pequeno resumo já é possível demonstrar que a história do título vai muito além de “ser um mestre domador”. Por mais que tudo inicie em um dia comum em que você está com seus amigos no orfanato e recebe a visita de Amelie, a líder da guilda dos domadores os convidando para ingressarem como domares bronze, sua aventura já começa com o mistério de um dragão te atacando e uma figura misteriosa te ajudando. Pouco tempo depois você já está numa jornada para derrotar os Tyrants e sua evolução na guilda acaba sendo algo supérfluo para o desenvolvimento dos personagens. A história realmente não é nada rasa e acaba te prendendo com seus acontecimentos e algumas reviravoltas.

Nexomon: Extinction
Coco é o grande destaque de Nexomon: Extinction e já queremos muito mais dele em possíveis sequências. Fonte: PS4 Share.

E por falar em personagens, é aqui que Nexomon realmente brilha. A construção de cada um é muito bem feita, de uma forma que você consegue se envolver com vários e entender exatamente sua personalidade e o que os motiva. O humor representado no título também é muito bem levado, principalmente por conta de Coco, seu parceiro de aventuras, que tem as melhores falas de todo o jogo. Suas tiradas e expressões faciais em algumas situação chegam a ser geniais. Você realmente não quer sair pulando as conversas, pois todas te fazem entender melhor as escolhas de algumas pessoas ou então dar umas boas risadas.

Já enquanto os personagens são bem desenvolvidos, os Nexomon são o extremo oposto. Terminei a história com aproximadamente 31 horas de jogo e se você me perguntar agora o nome de alguns dos quase 400 monstros eu vou conseguir te falar talvez uns 5. Você não encontra NPCs comentando sobre eles, você não os vê fisicamente nos mapas para interagir e com tudo isso seu vínculo com eles acaba sendo bem pequeno. São quase 400 Nexomon e a sensação que se tem é que eles foram jogados para se fazer volume. Falta envolvimento e carisma. Muito carisma.

Nexomon: Extinction
Por mais que pareça, seu Nexomon não anda atrás de você. Existem vários itens do tipo “companion” que você pode ativar um para te acompanhar. Eles são exatamente iguais aos monstros originais. São poucas opções e você pode ter uma companion sem ter o devido Nexomon. Fonte: PS4 Share.

As batalhas de monstros são bem dinâmicas e podem parecer difíceis se você está acostumado com Pokémon a partir de Sun & Moon. A primeira grande diferença está na existência da Stamina (ST), que funciona como um estilo de Mana. Ao contrário dos monstros de bolso que possuem um PP para cada um dos 4 golpes, neste título todos os ataques consomem do mesmo lugar. É comum de você esgotar toda sua Stamina em uma batalha contra um Nexomon selvagem comum. Por mais que ao usar uma habilidade sem ter a devida stamina o seu monstro recupere 10 ST, isso pode ser desgastante ou até mesmo decisivo, fazendo com que itens como Ethers e Elixirs sejam primordiais em sua jornada.

Algo que também deixa alguns duelos mais difíceis é o fato de você somente ganhar a experiência pela vitória ao fim da partida e se um Nexomon que participou da batalha acabar derrotado antes do final, o mesmo não receberá nada de exp. Isso acaba fazendo com que você deixe de ganhar boa parte da experiência em partidas muito difíceis que poderiam render até mais de um nível.

Nexomon: Extinction
Qualquer semelhança de Bactoul com alguma outra criatura pode ser considero mera coincidência. Fonte: PS4 Share.

Outra situação que também pode deixar os fãs da franquia da Nintendo confusos é a fraqueza e resistência de cada elemento. O tipo planta, por exemplo, é forte contra psíquico. Mineral é fraco contra voador e água, mas não contra planta. Nada disso é um grande problema, mas acaba soando um pouco estranho para alguns jogares, principalmente pois não há qualquer explicação in-game sobre a mecânica de efetividade de ataques. Já o STAB, bônus de ataque ao usar um poder do mesmo elemento que seu monstro, não existia no lançamento e foi implementado por pedidos dos usuários via patch (15% de bônus). Isto sem dúvida era algo que me incomodava bastante e sua adição deixou o jogo mais interativo.

Já em contra partida as batalhas são rápida e dinâmicas. Não há animação para jogar sua NexoTrap para liberar seu monstro, nem para encontrar um Nexomon selvagem ou alguma introdução do domador rival ao iniciar uma batalha. As coisas acontecem muito rápidas, o que para alguns pode parecer confuso (em uma das lives que fizemos em nossa Twitch tivemos pessoas comentando que estava perdidas com o ritmo das lutas) para outros pode ser algo excelente, tendo em vista que por conta de introduções e animações as batalhas em Sword & Shield, jogos mais recentes de Pokémon, tornam-se bem mais demoradas do que deveriam.

Nexomon: Extinction
Uma das formas de curar todos seus companheiros é visitar um “centro Nexomon”. Neles também é possível visitar o computador para alterar seu time, que é limitado a somente 6 monstros. Fonte: PS4 Share.

Um ponto interessante na hora de capturar os Nexomon é que você consegue saber exatamente qual a chance em percentual de acertar a armadilha. Existem 5 fatores que afetam o percentual de captura: alimentação (você pode dar um snack durante a batalha), dano (quanto menor a vida, maior o percentual), status negativo (veneno, etc), NexoTrap escolhida (que varia entre a básica, alguma específica de elemento ou a dourada, que garante a captura com 100% de chance) e também os apitos, itens que você pode conseguir em sua jornada, cada um aumentando em 3% as chances de capturar um tipo específico de Nexomon. Ou seja, deixar o oponente fraco nem sempre é a melhor estratégia.

Nexomon: Extinction
Após lançar a NexoTrap você deverá apertar um sequência aleatória de botões em alguns segundos. No começo parece difícil mas rapidamente se acostuma. Fonte: PS4 Share.

O estilo de jogo de Nexomon: Extinction funciona num formato de mundo semiaberto. Logo ao completar a introdução você já terá acesso a cerca de 50% do mapa e após complementar mais uma pequena parte da história, outras areas ficam disponíveis. Para esse sistema funcionar bem, a dificuldade das batalhas é adaptada de acordo com seu progresso na história. O nível dos monstros se adequa ao momento que você está no jogo e um domador rival pode variar a quantidade de Nexomon que usa em batalha. Este formato deixa o jogo bem mais dinâmico, fazendo com que um mapa early-game traga outros desafios mais ao fim do título.

Nexomon: Extinction também possui um mecanismo de quests, que podem ser acompanhadas dentro do seu journal, no menu. Elas podem ser divididas entre as da história principal e também side-quests, aquelas opcionais que deixam o jogo ainda mais divertido e interessante. Esse conceito acaba sendo bem bacana pois faz com que o título não fique somente preso às batalhas de monstros.

Nexomon: Extinction
Não existe um objeto de mapa dentro do jogo. O mais próximo de se visualizar o mundo é utilizando esta função de teletransporte entre portais visitados. Esta função é liberada após sua primeira missão dentro da guilda dos domadores. PS: Existe um troféu de liberar todas as pedras de teleporte. Fonte: PS4 Share.

Uma das primeiras quests que você libera logo após a introdução do game é para conseguir uma picareta, que serve para quebrar certas pedras que ficam espalhadas pelo mundo para conseguir diversos shards elementais. Estes itens tem basicamente 3 utilidades: serem vendidos nas lojas, trocados por NexoTraps elementais ou transformados em Cores, que são itens que seus Nexomon podem equipar (até um total de 4), dando efeitos especiais como por exemplo bônus de exp, maior HP, ST ou até mesmo receber mais dinheiro em batalha.

 

Para facilitar um pouco a vida dos jogadores que reclamavam bastante do jogo estar difícil foram implementados 5 novos tipos de itens: Running Shoes (item que possibilita 100% de chance de fuga em batalhas contra monstros selvagem), um novo core que possibilita que outro Nexomon ganhe exp sem participar de uma luta (uma espécie de exp share, algo que não existia anteriormente no título) e três tipos de Charms. Sendo um para se recuperar um pouco de HP ao fim de batalhas, outro para recuperar ST e um terceiro que aumenta as chances de aparecerem monstros no modelo Cosmic (os famosos shiny, Nexomon com cores especiais).

Nexomon: Extinction
Com o desenvolvimento da história você vai liberando alguns poderes especiais relacionados a diversos elementos. Muitos servem para realizar puzzles específicos de gelo ou o clássico de teletransporte entre salas. Fonte: PS4 Share.

Por fim, vamos às dores de cabeça do game. Primeiro temos a enciclopédia (uma espécie de “NexoAgenda”) que é bem ruim. Não se tem informações o bastante sobre os Nexomon e é muito difícil de se navegar nela, principalmente por ser lenta. Em alguns momentos procurar se você já tem algum monstro pode ser a mesma coisa que procurar uma agulha em um palheiro. Em uma certa vez desisti de encontrar um Nexomon que era pedido para uma quest na Nexopedia pois era impossível de se navegar. Só fui descobrir que era só evoluir uma criatura que já possuía quando o encontrei novamente em outra batalha.

Mas nada se compara ao seu principal defeito: não existe multiplayer. Para quem cresceu com a emoção de encontrar colegas que tinham um cabo game-link para conseguir aquele Pokémon que estava faltando pra completar sua PokéAgenda na versão Yellow sabe o quão divertido que é fazer uma troca ou batalhar com um amigo. Sem esta função Nexomon: Extinction torna-se mais vazio e acaba parecendo um título incompleto. Os desenvolvedores já falaram que existe a possibilidade de no futuro implementarem a função, mas que tudo ia depender de como estaria a comunidade nos próximos meses. De qualquer forma, em pleno 2020 um jogo neste formato ser lançado sem multiplayer chega a ser ultraje, prejudicando totalmente o pós-game.

Nexomon: Extinction
O jogo de dá a opção de escolher o avatar de seu personagem, mas em todas as cenas você o verá como este personagem a direita, o mesmo que está nas capas do título. Fonte: PS4 Share.

De uma maneira geral, Nexomon: Extinction é uma boa sequência da série, com pequenas melhorias gráficas e de gameplay, sendo a mudança que chama mais atenção o fim das micro transações (e que continuemos sem!) e também pode ter pontos melhores que diversos títulos de Pokémon. É importante parar e pensar exatamente o que você busca neste tipo de jogo. Se você quer um bom multiplayer, colecionar criaturas, algo fácil e gráficos 3D, fuja. Mas se você busca uma história completa com personagens bem desenvolvidos, algo dinâmico, desafiador e alguns conceitos diferentes, pode ter certeza que este título será uma boa escolha, principalmente por ter um preço consideravelmente baixo para o que entrega.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela PQube.

Veredito

Nexomon: Extinction é uma ótima sequência para o primeiro título da série, nos trazendo uma história sólida, com personagens muito bem desenvolvidos e uma boa dose de humor. A garantia de ter entre 30 e 40 horas de diversão é certa, mas será somente isso, já que seu pós game é limitado, principalmente por não existir um modo multiplayer para trocas ou batalhas. Apesar de existirem quase 400 Nexomon, falta carisma e envolvimento para que os jogadores possam se identificar melhor com aqueles que escolhe para seu grupo.

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Nexomon: Extinction

Fabricante: VEWO Interactive Inc.

Plataforma: PS4

Gênero: RPG

Distribuidora: PQube

Lançamento: 28/08/2020

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (Inclusive Platina)

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Veredict

Nexomon: Extinction is a great sequel to the first title in the series, bringing us a solid story, with very well developed characters and a good dose of humor. The guarantee of having between 30 and 40 hours of fun is certain, but it will be just that, since your post game is limited, mainly because there is no multiplayer mode. Although there are almost 400 Nexomon, there is a lack of charisma and involvement so that players can better identify with those they choose for their party.

Eric Oliveira
Eric Oliveira
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