Raros são os casos de jogos que recebem uma segunda oportunidade para construir seu nicho dentro da indústria. Perder usuários ou não ter sucesso logo de cara costuma ser praticamente uma sentença de morte, sendo muito mais trabalhoso reconquistar os interessados ou destruir as barreiras construídas por “haters” que já buscavam motivos para odiar um jogo do que conquistá-los com um simples novo lançamento com outro nome.
Relançar um MMORPG, especialmente um MMORPG com nível de produção de um AAA, só foi feito com sucesso uma única vez, na forma do, criticamente aclamado Final Fantasy XIV. Mas, se depender do esforço feito pela Amazon Games, New World: Aeternum irá se juntar a essa lista. Afinal, o jogo já começa de um ponto de lançamento muito mais seguro, tendo tido um lançamento de sucesso lá em 2021 no PC, apesar de problemas terem surgido com os servidores não conseguindo dar conta do volume de jogadores e problemas com bots, o que acabou reduzindo a quantidade de jogadores com o tempo.
Com o jogo agora chegando aos consoles, New World: Aeternum, o relançamento com uma considerável adição de conteúdo para novos e antigos jogadores, tem uma nova oportunidade de conquistar tanto os fãs deixados para trás quanto novos interessados. Embora tenha optado por um sistema de monetização diferente de outros jogos (embora, curiosamente, o exato mesmo do outro MMO citado acima), com o título custando R$319,90 no lançamento e microtransações voltadas apenas para itens cosméticos e atalhos, ele mais do que faz jus ao seu custo.
De certa, forma, New World: Aeternum é, também, uma expansão do jogo original. Afinal, Aeternum já era o nome da ilha onde um jogo se passa, um lugar onde o protagonista vai parar. O jogo começa com o seu personagem logo após o naufrágio do seu navio, nessa ilha onde tempo e morte não existem e você perdeu as suas memórias e identidade o que, por outro lado, vem com a total liberdade para fazer o que bem quiser e entender.
Em Aeternum, o jogador tem a liberdade de explorar e desvendar os segredos desta terra misteriosa. Você pode se aliar a um grupo de guerreiros que lutam contra os Corrompidos, criaturas que foram dominadas pelo mal e sedentas por destruição e morte. A narrativa se desenvolve de forma intrigante, sustentando o interesse do jogador enquanto permite o acesso a outros elementos do jogo sem restrições. É, inclusive, surpreendentemente rica para um MMO, tendo bastante conteúdo para ser explorado mesmo para jogadores solo enquanto eles buscam um lugar para se encaixar.
Um dos aspectos mais marcantes de NW: A é a liberdade oferecida ao jogador sobre como investir seu tempo. A sobrevivência não é limitada ao combate, sendo possível focar a evolução dos seus personagens em uma variedade de habilidades, como pesca, artesanato, ferraria e culinária, com o jogador podendo desde o início comprar uma casa em um dos vários assentamentos disponíveis e a partir daí criar sua própria loja e prover outros jogadores com os recursos para combate, a depender das suas próprias alianças, dando ao seu próprio grupo vantagens na hora das batalhas PvP.
Embora o jogo ofereça uma grande liberdade, ele não se afasta da estrutura típica de um MMO. Se você seguir o fluxo natural do jogo, encontrará as tradicionais missões de abate e coleta, sem reinventar a roda. Aliás, se você tem um problema com esse tipo de missão, NW: A definitivamente não é o jogo pra você, pois até alcançar o endgame do título, é isso que você irá fazer. O jogo se esforça para apresentar essas missões da maneira mais competente possível, evitando missões excessivamente repetitivas e sem propósito, mas acaba chegando um ponto em que grande parte delas se torna a mesma coisa e eu me vi pulando o texto delas para descobrir logo o que eu precisava coletar para ganhar um pouco de EXP para subir de nível. Dito isso, o conteúdo trazido pela expansão é bem vasto e vale muito à pena, especialmente no endgame.
As missões acabam tendo um pouco mais de variedade através da inclusão das facções, que trazem uma visão bem distinta pro mundo a depender de quem você decidir apoiar. O jogo também traz Expedições, missões cooperativas da história que dependem de outros jogadores para serem executadas e são um dos pontos altos do jogo, já que dependem mais de coordenação do que das missões da história principal, além de terem um grau de dificuldade bem mais alto.
O interessante dessas missões é justificarem a exploração de Aeternum, cuja ambientação é bastante envolvente. O mundo criado é único, oferecendo um visual e atmosfera diferentes, com mesmo as classes mais comuns sendo distintas do que você veria em um RPG tradicional. Você terá acesso a magos, tanques e guerreiros mais voltados para dano, mas tudo com uma roupagem mais vitoriana. Todas as classes são viáveis para exploração das missões, embora o endgame precise de mais jogadores online para se realmente criar uma opinião sobre ele.
O mapa do jogo é bem vasto e é divertido só andar por ele, tropeçando em itens, combates desafiadores e novas missões. Dito isso, a inclusão de montarias ajuda a tornar o deslocamento pelo mapa mais rápido e ajuda a dar um pouco mais de personalidade ao título. Aliás, cabe dizer que o jogo é visualmente bem agradável, com uma variedade grande de cenários para explorar e visitar à medida em que você vai viajando pela ilha de Aeternum.
Falando sobre o multiplayer, ele não se limita às Expedições, já que a inclusão de Duelos (modos de batalha 1v1), batalhas de Arena 3v3, as batalhas de ataque à base de 20v20 e as Corridas de Influência que afetam o mundo inteiro fazem dos modos PvP por si só um ponto de interesse que irá ocupar dezenas de horas dos jogadores mais dedicados a essa vertente. Infelizmente as duas últimas opções acabaram não sendo testadas no período a que tivemos acesso ao jogo, sendo melhor avaliadas posteriormente quando o público geral tiver acesso ao título.
O combate em New World: Aeternum foi uma área sobre a qual tive algumas reservas. Apesar de ser rápido e intuitivo, com ataques e defesas mapeados nos analógicos do DualSense, senti que as armas corpo-a-corpo careciam de impacto e o timing da esquiva é meio estranho, sendo meio que preferível focar na defesa. Os golpes aparentemente não afetam consideravelmente o seu personagem ou seus inimigos, o que diminui a teatralidade e a qualidade esperadas nos combates contra chefes.
Voltando a falar sobre as classes, cada uma das oito tem suas próprias afinidades e te permite evoluir mais rápido nelas. À medida em que você vai ganhando mais experiência com cada arma, o que é conquistado basicamente usando-as repetitivamente, você irá ganhar acesso a novas habilidades, o que dá maior variedade ao combate. Cabe dizer que você irá manter três habilidades equipadas a cada momento, então é importante planejar bem como prefere abordar o combate, já que há um total de 15 tipos diferentes, incluindo armas de longo alcance, de combate corpo-a-corpo, de uma ou duas mãos, e mágicas.
Um problema que eu havia tido no beta foi com a conexão ao jogo, já que só haviam servidores na Costa Oeste americana. Agora, com acesso a servidores na América Latina e na Costa Leste americana, cabe dizer que a experiência foi bem mais suave e a conexão totalmente estável, sem problemas com lag ou desconexões. isso tornou não só o combate bem mais divertido e funcional, já que a experiência foi basicamente a mesma que eu teria com um RPG offline, mas permitiu aproveitar um pouco do PVP, que funcionou muito bem.
Dito tudo isso, embora muito do que faz um MMORPG funcionar seja o seu conteúdo endgame, New World: Aeternum faz mais do que o suficiente para prender o jogador nas horas a que tive acesso e deve agradar aos fãs do gênero que não deram uma chance para ele quando a versão original saiu para PC, principalmente aqueles mais voltados para consoles, ou reconquistar os que o jogaram mas acabaram ficando pelo caminho. Afinal, é um Novo Mundo que vale a pena ser desbravado.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Amazon Games.
Veredito
New World: Aeternum é um bom relançamento e expansão do jogo original, bem adaptado para consoles e com uma ambientação, combate e conteúdo mais do que suficientes para prender os fãs de MMORPGs por dezenas de horas.
New World: Aeternum
Fabricante: Amazon Games
Plataforma: PS5
Gênero: MMORPG
Distribuidora: Amazon Games
Lançamento: 15/10/2024
Dublado: Sim
Legendado: Sim
Troféus: Sim (inclusive Platina)
Veredict
New World: Aeternum is a good re-release and expansion of the original game, well adapted for consoles and with more than enough setting, combat and content to keep MMORPG fans engaged for dozens of hours.