New Super Lucky’s Tale – Review

No ano passado, mais precisamente em junho, escrevi a análise de um jogo chamado Effie. Em sua introdução, destaquei a ausência de jogos de plataforma 3D na geração atual – ou, na verdade, a sua saturação que ocorreu no passado e que atualmente parece ter se tornado um gênero secundário. Quando soube que New Super Lucky’s Tale chegaria ao PS4, não via a hora de saciar mais uma vez essa falta que títulos desse gênero fazem na geração em que vivemos.

Lançado primeiramente como um título para VR (Oculus Rift) em 2016 com o nome de Lucky’s Tale, o jogo da Playful só ficou realmente conhecido em 2017 com Super Lucky’s Tale para Xbox One e PC. New Super Lucky’s Tale, portanto, é a edição aprimorada que chegou ao Switch em 2019 e, finalmente, ao PS4 em 2020 (o Xbox One e PC receberam o upgrade também com a versão de PS4).

New Super Lucky’s Tale é um ótimo jogo de plataforma, com comandos responsivos. No entanto, sua dificuldade é bastante baixa. É claramente um título que busca agradar um público mais infantil mas que, ao seguir por esse caminho, pode decepcionar quem é veterano no gênero.

A história do jogo segue Lucky Swiftail, uma raposa esperta que acaba, por obra do destino, dentro do chamado Livro das Eras: um artefato mágico que abre portas para diferentes mundos. Lucky precisa recuperar as páginas desse livro antes que o feiticeiro maligno Jinx e sua família de vilões, a Ninhada, faça isso.

A estrutura de New Super Lucky’s Tale é bastante simples. Existem os diferentes mundos (que são os hubs), sendo que em cada um deles há diferentes fases para entrar e coletar as páginas. Essas fases seguem como regra terem quatro páginas a serem coletadas: pegar 300 moedas na fase, encontrar uma página escondida, pegar todas as letras “LUCKY” e simplesmente “chegar ao fim do nível”.

New Super Lucky’s Tale conta com algumas fases 2D no estilo plataforma clássico e nessas fases fica claro o que é “chegar ao fim”. Já nas fases 3D, quando me refiro chegar ao fim, é solucionar o problema que a fase possui, como encontrar todos os membros de uma banda de música, por exemplo. Um outro estilo de fase ainda é no 2D, porém em uma espécie de “endless runner”, ou seja, Lucky corre sozinho e cabe a você pular apenas.

Cada mundo possui uma batalha contra chefe que, para ter acesso, é preciso coletar um número específico de páginas. Ao vencê-lo, o acesso ao próximo mundo é liberado.

Espalhados pelos mundos (hubs), há espécies de puzzles que você precisa solucionar. São apenas dois tipos: um consiste em mover estátuas até que fiquem em pontos específicos, enquanto que outro é controlar Lucky dentro de uma bola, sendo que na verdade você controla o cenário todo e a gravidade faz o serviço. São fases interessantes e que quebram o ritmo de uma maneira positiva.

Como mencionado anteriormente, o maior problema de New Super Lucky’s Tale é a sua dificuldade. O jogo é muito fácil mesmo – além de platiná-lo, terminei sem esforço algum com mais de 70 vidas (e poderia ter terminado com um número ainda maior se desejasse). Não que ser fácil seja ruim. Há momentos que queria jogar porque sabia que não haveria muito esforço, ou seja, jogava para “relaxar”.

Algo que precisa ser elogiado em New Super Lucky’s Tale são os seus controles. Os comandos de Lucky são bem simples: X pula e você pode realizar outro pulo no meio do ar (o chamado mid-jump). Quadrado ataca com a sua cauda e triângulo serve para interagir com o ambiente. A mecânica mais importante além do pulo está no R2: Lucky se enterra no chão com esse movimento e fica invulnerável na maioria das situações. Como ele “anda sozinho” enquanto está enterrado, leva um tempinho para se acostumar ao controle dele sob o solo.

Além dos controles, a trilha sonora merece destaque. Muitas de suas faixas ficaram em minha cabeça depois de jogar, especialmente a Gilly Island (que, aliás, era um DLC para o original).

Após terminar New Super Lucky’s Tale, você possui acesso a um novo mundo com desafios. Outro objetivo que existe e que vai além dos troféus da PSN, é destravar e comprar (com moedas in-game) todas as roupas de Lucky. São apenas itens cosméticos, mas muitas dessas roupas valem o esforço.

New Super Lucky’s Tale não é um jogo longo. Se você não considerar todos os colecionáveis e focar apenas na história, é provável que termine em menos de 5 horas (talvez até em 3 ou menos ainda, dependendo de sua habilidade). Por outro lado, se seu objetivo for o 100%, ainda assim não é longo: 10 horas será a média para conquistar a platina.

Por fim, New Super Lucky’s Tale possui legendas em português do Brasil e com uma ótima localização. No entanto, há algo que um update deveria arrumar: ao iniciar o jogo, mesmo com o PS4 configurado com o português, os textos estavam em inglês (note o vídeo de gameplay no início da análise). Achei até que não teria localização para o nosso idioma. Mas ao ver os troféus sendo pegos e em português, caiu a ficha: o nosso idioma está no game, mas você precisa ativá-lo nas configurações do menu de pause. E pior: não há um menu de opções no início. Você é obrigado a começar a jogar em inglês e ver toda a cutscene de abertura sem estar em português. A dublagem, porém, só existe em inglês.

Jogar New Super Lucky’s Tale foi bastante prazeroso. Como dito várias vezes, é um jogo fácil, mas não leve isso como algo ruim: jogar videogame não precisa ser sempre algo estressante e na dificuldade mais elevada. Principalmente para quem está começando a jogar e tem dificuldades até mesmo de controlar a câmera no R3. Dito isso, New Super Lucky’s Tale é recomendado para todas as idades.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela PQube.