Never 7 – The End of Infinity, o jogo que marcaria o início de uma longa franquia de visual novels, assim como a carreira de um dos maiores nomes do gênero, Uchikoshi Koutarou (Zero Escape, AI: The Somnium Files), foi originalmente lançado no Japão em 2000 para Sega Dreamcast e PlayStation, desenvolvida pela KID, empresa que encerrou suas atividades alguns anos depois, e que agora recebe uma remasterização pela Mages, sendo publicada no Ocidente pela Spike Chunsoft.
Para aqueles que leram a análise do Ever 17 – The Out of Infinity ou já ouviu falar dele antes, Never 7 – The End of Infinity é o primeiro jogo dessa série que envolve nomes e números no título, mas no geral são visual novels com pouca ou nenhuma relação direta entre si, tirando temáticas em comum, como “viagem no tempo”.
Never 7 – The End of Infinity conta a história de Makoto, um jovem universitário que acaba se vendo obrigado a se inscrever num seminário extra de sua faculdade, viajando para uma pequena cidade litorânea no Japão com mais outros colegas que se inscreveram nesta mesma atividade.
Chegando lá, Makoto percebe que é um grupo bastante heterogêneo de quatro colegas: Haruka, a garota misteriosa e quieta, Yuka, a garota agitada e sociável, e Okuhiko, o jovem herdeiro de um grande conglomerado. Eles precisam passar quase uma semana por lá, sem qualquer atividade específica definida, o que acaba se tornando uma espécie de retiro de férias para todos.
Durante o começo do retiro, eles reencontram Saki, uma antiga amiga de Yuka da época de escola, assim como conhecem Izumi e Kurumi, duas irmãs que administram um café pouco movimentado na beira da praia. E é com esse grupo de jovens que a história de Never 7 – The End of Infinity se desenrola.
Admito que ao ser trazido juntamente de Ever 17 – The Out of Infinity, eu achava que Never 7 – The End of Infinity entregaria uma experiência parecida, mas não foi o caso. O jogo está mais para um dating-sim, uma espécie de simulador de encontros, em que Makoto vai fazendo certas escolhas e se aproximando de alguma garota durante essa quase uma semana de viagem.
Aliás, está aí uma crítica específica que eu tenho com o jogo: a quantidade de escolhas. Você é deparado com uma pergunta a cada cinco minutos, pra decidir como reage a alguma fala, sobre o que quer fazer, ou até mudar de assunto. Cada rota envolve quase 70 escolhas diferentes e numa primeira vez, em que não existe texto repetido para pular, acaba truncando o ritmo do jogo.
Voltando ao ponto do gênero, Never 7 – The End of Infinity é um dating-sim, e um muito fraquinho por sinal. Existe sim alguns temas de ficção que aparecem ocasionalmente, mas no geral, Makoto se apaixona muito rápido, muito fácil, por alguém que acabou de conhecer, a ponto de fazer loucuras por esse amor. É esquisito como o jogo parece mais um dating-sim que tenta incluir uma temática que não se dedica tanto.
A arte é um ponto que pode afastar muitos jogadores. Os retratos foram remasterizados de um traço de um jogo dos anos 2000, um traço bem grosseiro e característico da época, que certamente não agrada paladares acostumados com jogos dos anos 2010 e 2020. Os cenários de fundo então, parecem desenhos pintados a dedo com tinta, especialmente quando os personagens vão para a praia.
A trilha sonora dá pro gasto e não chega a se destacar, por um bom ou mau motivo. O jogo é inteiramente dublado em japonês, com opções de idioma em inglês e japonês. A dublagem também é outro ponto que não deixa queixas, mas também não é nada especial.
Acredito que quem está lendo chegou aqui por conta do Ever 17 – The Out of Infinity, esperando uma experiência parecida ou se preparando para jogar os jogos na ordem de lançamento. Se este for o caso, já aviso que Never 7 – The End of Infinity é para poucos, sendo um produto bastante datado, marca de uma safra de jogos na virada do milênio, e que pode encontrar seus fãs, porém entre sem muitas expectativas se chegar nele através de seu sucessor mais famoso ou pelo diretor que deu início a tudo.
Jogo (versão de PS4) analisado no PS5 com código fornecido pela Spike Chunsoft.