Uma tendência que está voltando muito forte nos últimos anos é a utilização de cores em neon. Muito ligado ao estilo de anos 80, existe um alerta para este conceito que parecia estar primeiramente apenas no mundo da moda, mas que está se alastrando de maneira bem forte pela indústria do entretenimento e cultura pop em geral. Estas cores, combinadas com elementos visuais “futuristas” e música no estilo synthwave costumam andar sempre juntos entregando bons projetos por aí.
Este tipo de conceito que é o que a desenvolvedora Entalto Studios, dentro da iniciativa da PlayStation Talents de 2021, nos traz em NeonHAT, título totalmente cibernético e futurista para PS VR. Em um jogo do estilo arcade e corrida, a imersão dentro do óculos de realidade virtual te coloca como um operador de H.A.T. correndo em alta velocidade e fazendo muitas curvas.
A primeira coisa disponível no jogo é um pequeno tutorial, que começa te ensinando a atirar em alguns inimigos e logo em seguida mostrando de maneira bem básica apenas como usar alguns outros comandos como acelerar ou fazer a curva. Sem qualquer enrolação apenas digo: os comandos não são bons. NeonHAT possui a opção de jogar tanto com o controle DualShock 4 (Ou DualSense com retrocompatibilidade no PS5) como também com dois PS Moves, um em cada mão. Além de não ser intuitivo, as coisas parecem não funcionar muito bem. Utilizando o DS a sensação é de ser algo travado e não natural, com controles confusos. Enquanto com o move parece que existe algo de errado. Um mix de utilizar botões errados com gatilhos e o próprio movimento das mãos deixa a jogabilidade bem ruim e dificultando qualquer curva. Porém, ainda é uma experiência melhor com o Move.
Confesso que demorei um pouco para entender o que deveria ser feito em uns pontos do tutorial, pois não era muito óbvio como realizar, mas OK. Em seguida é liberada a primeira fase, que já aparece com três opções distintas de modo e também três outras opções dentro das primeiras opções, como se fossem “velocidades”. Algo no estilo pista de 50cc, 100c e 150cc, mas utilizando um conceito eletrônico. Bem, isso foi o que consegui entender em minhas tentativas jogando, pois não há nada explicito sobre o que é o que. Existe também a opção de fazer apenas uma corrida simples como também um modo de perseguição para de fato atirar em alguns inimigos.
Começando a primeira fase, no modo corrida (que se mostra como o principal), tive a surpresa de que o tutorial não me serviu de nada para o jogo e fiquei completamente perdido. Além disso, o jogo de cores já estava começando a cansar e não funcionar muito bem quando comecei a andar e fazer curvas em altas velocidades. Fazer curvas, na verdade, era uma sensação péssima, pois não foi bem feito neste jogo. Já joguei diversos jogos em VR (não somente no PlayStation) e confesso que nunca tive uma experiência tão ruim de mal estar jogando um algo. A vontade era de largar o headset e controles nos primeiros minutos e nem terminar uma volta. A curva de aprendizado não é boa e ter controles ruins só faz piorar a sensação.
Mas nem tudo é totalmente ruim, de fato. A trilha sonora de NeonHAT é boa. Bem boa. E isso eles entregam uma boa imersão para o mundo que desejaram criar. Caso consiga se esforçar bastante e avançar por mais fases do jogo você também poderá chegar em estágios de chefes, e é aí que temos uma diversão um pouco melhor e menos incômoda. Apesar de todas as mecânicas dessas lutas se resumirem em se esquivar e atirar, é possível ver alguma variação entre elas.
Como disse anteriormente, a escolha de cores e design de objetos atrapalha bastante a experiência visual do jogo. Para se manter no estilo neon em diversos momentos temos cores saturadas e intensas que cansam a vista e geram desconforto. Estive com outros dois redatores do site e coloquei para ambos terem a experiência do jogo e ambos se sentiram tão mal que nem quiseram continuar a jogar. Jogar sentado neste caso aparentemente é um pouco menos pior do que jogar de pé e pode fazer com que você consiga jogar alguns minutos a mais antes de ter que desligar para descansar. A tecnologia de RV já possui essa tendência de vertigem/tontura para alguns jogos com movimentos rápidos, mas a o problema na experiência com este título vai além do software em si.
NeonHAT me parece um jogo mal acabado e pouco testado de fato na tecnologia de VR. O conceito criado possui potencial, porém não funcionou da forma que foi aplicado.
Jogo analisado no PS5 (com PS VR) com código fornecido pela Entalto Studios.
Veredito
NeonHAT possui um bom conceito mas que não parece bem implementado. Com cores que cansam a visão e controles ruins, nem a melhor trilha sonora possível consegue fazer com que a experiência imersiva seja de fato boa.
Veredict
NeonHAT has a good concept but it doesn’t look well implemented. With eyestrained colors and terrible controls, not even the best possible soundtrack can make the immersive experience good at all.