Need for Speed: Most Wanted

Need for Speed: Most Wanted é a mais nova revitalização da série Need for Speed feita pelas mãos da Criterion Games, criadora da série Burnout. Em 2010 a empresa lançou Hot Pursuit, sua primeira investida na série Need for Speed, e obteve aclamação do público e da crítica especializada. Agora, em 2012, Most Wanted é o jogo a receber uma nova versão, mas não se engane: esse novo jogo está mais para “Burnout Paradise 2” do que para um remake do original.

O novo Most Wanted (MW12, para ficar mais simplificado) herda algumas características do original (MW05, pois o jogo saiu em 2005): você controla um corredor e pode escolher dentre vários carros para competir com os melhores corredores da cidade, chamados de Most Wanted. São 10 corredores que dirigem 10 diferentes carros, e você deve vencê-los em corridas para ter a chance de ganhar os carros deles. No jogo há policiais patrulhando a cidade de Fairhaven, onde a ação se passa, e em vários momentos eles irão perseguir você, com mais e mais reforços tendo você como alvo à medida que as perseguições se prolongam.

 

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MW12 é um jogo de corrida open-world, e ele lida com essa liberdade de uma forma diferente do tradicional: toda a cidade de Fairhaven é aberta desde o primeiro momento do jogo, e os diferentes carros do jogo não devem ser ganhos em corridas (com exceção dos Most Wanted): eles devem ser encontrados pela cidade. Os carros ficam estacionados em lugares ora óbvios, ora bem escondidos, e assim que você consegue chegar perto deles pode dirigi-los quando quiser.

O jogo oferece um conjunto maravilhoso de carros, de vários estilos diferentes. Exemplos incluem o Lancia Delta HF Integrale, um deus dos ralis; o Aston Martin V12 Vantage; o Pagani Huayra; o Ariel Atom 500 V8, uma pequena obra de arte que todo fã de Top Gear (o programa de televisão inglês, não o jogo) vai adorar dirigir; o Nissan GT-R Egoist, para mim o melhor carro do mundo e do jogo; dentre vários outros. A Criterion realmente entende de carros, e fez um trabalho perfeito com o licenciamento e inclusão de todos os veículos do jogo. Esta lista dos carros presentes em MW12 lista tudo que pode ser encontrado no jogo, e com certeza há um carro para cada gosto aqui.

A jogabilidade de MW12 fica situada entre um arcade puro, como Burnout Paradise, e um simulador “leve”, como Need for Speed: Shift. Os carros são pesados, as curvas devem ser bem calculadas para serem feitas, e fazer drift é essencial e demanda um certo tempo para ser dominado. Depois que se acostuma com a física do jogo, os controles se tornam naturais e você irá fazer curvas abertas e fechadas como um profissional. Cada carro tem suas características únicas e cada um deve ser dirigido de forma diferente. Fica a seu critério achar aquele que mais combina com o seu estilo de direção.

 

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Tudo o que você faz no jogo, de vencer corridas a despistar perseguições policiais, rende Speed Points que são usados para avançar na lista dos Most Wanted: a cada quantidade pré-determinada de pontos ganhos, você pode enfrentar mais um corredor da lista.

Além das 10 corridas especiais contra os Most Wanted, cada carro possui 5 corridas específicas que, ao serem vencidas, dão como prêmios novos itens para equipar seu carro, como pneus para diferentes tipos de terreno, chassis mais leves e alguns outros. São pouquíssimas opções, e elas não tem impacto visual nos carros, modificando apenas o seu comportamento.

Uma das grandes atrações de MW05 era a customização e tuning dos carros, e algo que muitos fãs esperavam que MW12 tivesse. Porém, isso quase não existe aqui: cada carro possui poucas partes modificáveis, como explicado no parágrafo anterior, e a customização se limita a isso. Nem mesmo o visual dos carros pode ser livremente alterado. Em MW12, assim como em Burnout Paradise (BP), há “oficinas instantâneas” que reparam os danos que seu carro possuir. Ao passar por essas oficinas a cor do seu carro muda aleatoriamente, sem oferecer nenhuma forma de controle para você.

 

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Outra herança de Paradise é a presença de “colecionáveis” espalhados pelo mapa do jogo. Em vários pontos do jogo há Billboards (painéis de propaganda) que devem ser destruídos dirigindo através deles, geralmente depois de saltar uma rampa. Também há os Security Gates (portões de segurança), também presentes em BP, que podem ser derrubados e geralmente protegem atalhos que podem ser usados durante as corridas. Também há várias Speed Cameras no mapa, que registram a sua velocidade ao passar por elas.

Acessar as opções mais importantes do jogo é feito através do menu Easydrive. Esse menu é uma herança de Burnout Paradise e permite acessar várias opções sem pausar o jogo, ativando as opções com o direcional digital do controle. Ele permite modificar os itens equipados do carro a qualquer momento (mesmo durante corridas), “pular” para a direção de outro carro já encontrado no mapa, iniciar as corridas específicas do carro que se está dirigindo, entrar em um jogo multiplayer, ver os desafios a serem batidos no Autolog, dentre outras.

Falando em Autolog, essa “rede social de desafios”, criada pela Criterion em 2010 para o seu Hot Pursuit e desde então já usada em diversos outros jogos da EA, chega agora como Autolog 2.0 e comprova que é uma das melhores sacadas dessa geração de consoles. Através do Autolog você pode comparar tudo o que faz no jogo com os seus amigos: o tempo de cada corrida, qual a distância saltada ao destruir os Billboard, quem teve a maior velocidade em cada Speed Camera, e muito, muito mais. Várias dessas informações aparecem em placares holográficos ao lado do próprio objeto, dando um certo ar de “realidade aumentada” ao jogo. Mesmo para quem não gosta de multiplayer tradicional, o jogo oferece esse “multiplayer assíncrono” altamente competitivo e estimulante.

 

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Porém, nem tudo correu bem na minha experiência com o Autolog. Nos primeiros dias de jogo eu era frequentemente desconectado da rede, mas não por problemas na minha conexão de Internet, já que continuava logado na PSN. O Autolog simplesmente desconectava a cada 2 minutos, e eu tinha que reconectar a ele manualmente toda vez. Esse não é um problema isolado, já que alguns usuários da GameFAQs também encontraram o mesmo problema, mas felizmente ele parece ter sido corrigido: há vários dias não tenho problemas com a rede.

Além dos desafios do Autolog, o jogo possui um multiplayer mais “tradicional”, muito parecido com o de BP. Através do Easydrive você pode iniciar um lobby e convidar seus amigos, ou pode se juntar a eles caso tenham uma sessão aberta. A transição entre single e multiplayer é transparente: você pode estar dirigindo por uma rua, ativar o multiplayer e ele será iniciado sem pausas nem mudanças de tela. O multiplayer oferece corridas normais e também desafios, que incluem saltos mais longos em determinados locais, drifts mais duradouros e etc. São centenas de opções, e para quem gosta de enfrentar os amigos, o multiplayer oferece muitas horas de entretenimento. Mesmo que vocês não cumpram objetivos e só dirijam pela cidade, sem rumo, a experiência é ótima.

A cidade de Fairhaven é visualmente belíssima. Assim como em BP, a Criterion conseguiu fazer uma cidade muito bonita, com áreas variadas (de densas ruas centrais até auto-estradas largas), muito divertida de conhecer dirigindo e onde você joga sempre a 60 frames por segundo, sem quedas perceptíveis. Você anda pelo mapa todo sem nenhuma interrupção e sem objetos fazendo pop-up e pulando na sua cara. É um feito técnico e artístico que merece muitos elogios.

Assim como em BP, a trilha sonora de MW12 é simplesmente sensacional. A escolha das músicas segue o padrão Criterion de (excelente) qualidade e ajuda a tornar a experiência de jogar a melhor possível. Contando com artistas famosos como The Who, Skrillex, The Chemical Brothers, Muse, Green Day e Deadmau5, mas também com outros menos conhecidos mas igualmente bons como Bassnectar, Icona Pop, Poliça, Dead Sara e muitos outros, a trilha sonora merece ser escutada até fora do jogo (e eu tenho feito muito isso). A Wikipedia possui a lista completa de músicas do jogo e vale a pena ser conferida.

 

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O jogo oferece várias corridas, conforme eu já disse, e sendo corridas em um jogo open-world, deveria ser possível escolher o caminho que se quer seguir. Burnout Paradise fazia isso muito bem: você tinha uma origem e um destino, mas a forma como você quisesse chegar lá era problema seu. Em MW12 todas as corridas possuem checkpoints que forçam você a seguir caminhos pré-determinados, tirando um pouco a liberdade do jogo.

A forma de seguir esses caminhos também piorou em relação a BP. Nele, haviam plaquinhas verdes no topo da tela indicando a rua em que você estava e as próximas ruas à sua frente, e caso você estivesse em uma corrida e fosse necessário fazer uma curva, o jogo piscava com uma certa antecedência a placa correspondente ao caminho ideal para chegar ao destino, permitindo que você tivesse tempo de reagir. Mesmo se você errasse a curva, o jogo recalculava o caminho e você podia seguir e fazer a próxima curva. Além da plaquinha, a seta do carro também piscava para o lado certo, um detalhe simples, legal e que ajudava muito.

Em Most Wanted a Criterion deu um passo para trás nesse aspecto. No geral, não há indicações simples na tela que ajudem você a seguir o caminho até o próximo checkpoint (em algumas corridas, há alguns indicadores verdes mostrando o caminho a seguir, mas eles são raros). Você é obrigado a ficar olhando para o mini-mapa a todo momento, tirando sua concentração do centro da tela e da corrida. Eu perdi as contas de quantas vezes eu bati ou errei uma curva por ter que ficar olhando para o mini-mapa. Além disso, pela existência dos checkpoints, se você errar uma curva, pode dizer adeus à sua tentativa e começar de novo. Não entendo por que a Criterion tomou essa decisão no jogo, mas com certeza eu não gostei dela.

 

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Mesmo com essas dificuldades pontuais, o jogo em si é muito fácil, não apresentando muita dificuldade nem mesmo nas corridas contra os Most Wanted. Você geralmente só perde porque erra, não porque os oponentes são melhores. Isso faz com que o jogo dure pouco tempo no single-player, considerando apenas as corridas. O que ajuda mesmo são os colecionáveis, que exigem bastante exploração para serem encontrados. Para quem não gostar de procurar os objetos, restará o multiplayer para estender a vida útil do jogo.

Uma omissão do jogo é não oferecer a possibilidade de jogar como a polícia. O jogo já possui toda a mecânica de perseguição de carros e formas de parar fugitivos, então seria natural que controlar carros da polícia fosse possível. Outra falta é que, quando você joga no multiplayer, todos os policiais somem da cidade, não sendo possível iniciar perseguições com os amigos. Seria outra ótima atividade, e a falta dela é uma falha do jogo.

Apesar dos pesares, eu me diverti muito com Most Wanted, e ainda me divirto sempre que jogo. Passear pela cidade com meu Nissan GT-R, procurando os colecionáveis enquanto ouço a excelente trilha sonora, é sempre muito prazeroso. Enfrentar os amigos através do Autolog é sempre bom, e enfrentar eles diretamente nos desafios do multiplayer também é. Most Wanted é um jogo muito aberto, quase sem objetivos, e que não recompensa o jogador a cada “fase vencida”. Praticamente tudo está disponível desde o início, ficando a seu critério como utilizar isso. Não é uma estrutura de jogo que agrade a todos, e certamente eu acho que poderia haver mais desafios e recompensas, mas ainda assim eu recomendo Most Wanted para todos que gostem de um bom jogo de corrida.

 


— Resumo —

+ Muito divertido
+ Autolog 2.0
+ Excelente seleção de carros
+ Jogabilidade
+ Trilha sonora excelente
+ Visualmente fantástico
+ Colecionáveis

Problemas de desconexão
Navegação ruim nas corridas
Não ter como controlar a polícia
Sem policiais no multiplayer
Customização dos carros é limitadíssima
Falta de objetivos e desafios crescentes pode desagradar alguns

Veredito

85

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