Moving Out 2 – Review

Três anos após o lançamento do caótico jogo de simulação de mudanças Moving Out e também dois anos depois do delicioso DLC Movers In Paradise, as desenvolvedoras SMG Studio e DevM Games retornam com uma sequência empolgante: Moving Out 2. Caso não conheça os títulos anteriores que são da mesma publisher da franquia Overcooked!, a Team17, já começo com a recomendação para conhecê-los (temos análises aqui no site com os links acima). Neste novo título, a física segue sendo maluca (ainda mais se formos considerar as mais diversas dimensões visitadas), os desafios continuam rendendo boas risadas e a mesma dose de cooperação caótica é necessária nesta sequência que chegará no próximo dia 15 de agosto no PlayStation 4 e PlayStation 5, disponível logo no lançamento no catálogo da PS Plus Extra e Deluxe.

A história de Moving Out 2 segue os eventos do jogo original, mas não exige que os jogadores tenham jogado o título anterior para mergulhar nesta sequência e entender o que está acontecendo. Você é parte de uma equipe de mudanças que deve atender aos pedidos dos clientes em diversas missões. No entanto, desta vez, as mudanças não estão limitadas a cidade e os arredores de Packmore; os jogadores explorarão outras dimensões, cada uma com suas peculiaridades e desafios únicos. Das nuvens às ruínas medievais, essas novas dimensões oferecem uma experiência de jogo fresca e emocionante. Evitarei qualquer tipo de spoilers relacionados ao enredo aqui nesta análise, mas o que posso dizer é que todos os acontecimentos da história vão servindo para criar novas mecânicas para as fases, deixando a cada etapa as coisas mais divertidas e, quem sabe, caóticas.

Em Moving Out 2, você mais uma vez veste o uniforme da equipe de mudanças, ou melhor, de um F.A.R.T. (Furniture Arrangement & Relocation Technicians – sendo a sigla uma piada com a palavra pum em inglês) e se torna um especialista em mudanças, seja trabalhando sozinho ou unindo forças com até três amigos. Um ponto que havia criticado bastante no primeiro jogo foi a falta de multiplayer online, considerando que o lançamento estava acontecendo durante a pandemia da COVID-19 e muitas pessoas não teriam a oportunidade de experimentar o verdadeiro caos em conjunto que o título proporcionava. Com este lançamento, além da tradicional opção de multiplayer local, existe um bom multiplayer online, com opção de crossplay entre plataformas, com um funcionamento similar ao de Overcooked! All You Can Eat. A adição do modo online expande as oportunidades de cooperação, embora a falta de um formato de duelo possa decepcionar alguns jogadores que gostariam de desafiar seus amigos de maneira competitiva, mesmo entendendo que se trata de um título focado no co-op.

O jogo mantém os modos de jogo conhecidos de seu antecessor: “Moving Out“, onde você deve retirar os móveis (ou o que quer que seja) do local e fazer um verdadeiro “Tetris” em seu caminhão para colocar todos os itens lá; e “Moving In“, que havia chegado através de um update para alguns cenários, em que você deveria realizar o inverso, retirar itens do caminhão e colocar em locais pré determinados do ambiente. Além dessas duas formas de jogar, há também alguns cenários com um novo modo de pontos, lembrando um pouco o funcionamento de Overcooked, em que você tem um tempo pré determinado para atingir uma pontuação.

Agora não se trata apenas de mover móveis; você pode se envolver em uma série de tarefas distintas e inesperadas, desde arrumar um quintal ou uma casa, colocar animais em suas cercas específicas numa fazenda e até separar lixo ou jogar basquete. Essa diversidade de tarefas mantém o gameplay fresco e cativante, oferecendo uma variedade de desafios para os jogadores enfrentarem. As mecânicas básicas em si de segurar, arremessar e bater em objetos seguem mantidas no jogo, porém temos algumas adições interessantes que vão surgindo com a evolução do jogo, como locais de entrega específicos para cada tipo de item, baterias que precisam ser colocadas para liberar passagens, portas de correr, caminhos só só abrem para apenas um lado e até mesmo a utilização de drones. Uma coisa é certa: Moving Out 2 não fica repetitivo.

O humor segue sendo um dos pontos fortes do jogo, com diálogos de personagens que são inteligentemente escritos e localizados de forma brilhante para o público brasileiro. No entanto, algumas falas do narrador não possuem legendas e podem passar despercebidas por jogadores não fluentes em inglês. Nada que vá impactar em entender a história ou algo da jogabilidade, porém pode resultar em algumas piadas perdidas. Um parabéns muito especial para a equipe que escreveu e criou todas essas conversas. As piadas são extremamente atuais, no ponto, e que conseguem atingir uma grande variedade de público. A minha vontade era de tirar foto de vários momentos e sair mandando por mensagens para alguns amigos.

Outro acerto que temos de volta em Moving Out 2 é o modo arcade. Fases desse modo podem ser desbloqueadas ao encontrar fitas espalhadas pelo mapa ou cenários. Os desafios em si não são muito difíceis, mas podem exigir estratégias específicas e um pouco de raciocínio extra. Além disso, os jogadores também podem se divertir buscando outros “colecionáveis” no jogo, como caixas contendo novos personagens ou variações de roupas para os já existentes. Esses colecionáveis adicionam um elemento de exploração e recompensa, incentivando os jogadores a se aventurarem ainda mais nas mecânicas malucas do jogo. Chega a ser engraçado você completar uma fase e perceber depois que ainda havia uma caixa secreta naquele mapa e se perguntar “ué?”, por não ter feito algo que a revelaria no local.

Como um ponto forte da franquia, a acessibilidade continua sendo uma prioridade em Moving Out 2. Os jogadores podem ajustar a dificuldade e diversas outras opções de acessibilidade para atender às suas preferências ou necessidades individuais, garantindo que todos possam aproveitar a experiência. A seleção de personagens também é ampla e inclusiva, apresentando uma variedade não só de objetos e criaturas, mas também representações humanas que abrangem diferentes gêneros, raças, etnias e crenças religiosas. A possibilidade de todo personagem existe uma versão utilizando cadeira de rodas é um toque significativo, mostrando o compromisso dos desenvolvedores com a acessibilidade e a representatividade.

A dificuldade também foi de certa forma reequilibrada, tornando Moving Out 2 uma experiência mais agradável e menos exaustiva em comparação com seu predecessor. As fases parecem mais balanceadas, eliminando aquelas missões cansativas que poderiam desencorajar os jogadores no jogo anterior. No jogo anterior existiam os níveis de pontuação Ouro, prata e bronze em cada cenário. Já agora você pode completar a fase com uma pontuação normal ou então no tempo “profissional”. Os três desafios secretos seguem mantidos, que podem ser completados a qualquer momento, porém apenas revelados após terminar a fase pela primeira fez.

No geral, Moving Out 2 é uma sequência que melhora e amplia a experiência do jogo original. Com novas dimensões, tarefas variadas, mecânicas refinadas e um forte foco na diversidade e acessibilidade, o jogo cativa os jogadores desde o início. O título consegue ser bom em exatamente tudo o que se propõe, sendo as principais considerações pensadas mais em um sentido de melhorar o que já é bom, e não de que existe um problema, nada que vá diminuir o brilho dessa sequência vibrante. Até mesmo as telas de carregamento que podem ser um pouco maiores na edição de PS4 ainda assim são relativamente rápidos, questão de segundos. Se você busca uma dose saudável de caos cooperativo e diversão, Moving Out 2 é uma excelente escolha que certamente vai proporcionar risadas e momentos memoráveis.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Team17.