Monster Menu: The Scavenger’s Cookbook – Review

Explorar o hall de RPGs japoneses de baixo orçamento costuma ser uma viagem interessante. Longe do glamour dos grandes jogos da Square Enix, Capcom e Sega, pequenas desenvolvedoras e publishers se aventuram em tentar agradar diferentes públicos em diferentes nichos normalmente não alcançados pelas grandes franquias, com variáveis graus de sucesso e valores de produção.

Geralmente, esses jogos acabam se encaixando em três de diferentes padrões, com algumas poucas (e bem-vindas) exceções. Existem aqueles jogos que, apesar das limitações impostas sobre ele, se destacam com primor em um aspecto em específico que o permitem capturar uma base de fãs, como os jogos da Nihon Falcom ou da Spike Chunsoft. Outros, caminham entre boas ideias e execuções frustrantemente irritantes, notoriamente exemplificadas pela FuRyu ou Idea Factory.

E, por último, caminhando em algum lugar no meio, existem aqueles que, apesar de uma ou outra ideia interessante e distinta, são notórios pelo quão esquecíveis eles são, raramente fazendo algo muito bem ou muito mal. E nessa terceira categoria que, infelizmente, se encaixa Monster Menu: The Scavenger’s Cookbook, novo jogo da Nippon Ichi Software.

Em sua teoria, Monster Menu teria tudo para entregar uma experiência única e divertida. Misturando diferentes elementos de roguelite, sobrevivência e RPG de estratégia e contando com o senso de humor único da Nippon Ichi Software, ele poderia não ser o melhor jogo do mundo, mas todos os elementos parecem caminhar para um bom resultado.

Isso se mostra, inclusive, já na própria história do jogo. Ao começar, você cria o seu próprio explorador, morador de uma região onde “todos adoram viver aventuras”, e é enviado para andar por uma dungeon supostamente para iniciantes. As coisas não correm exatamente como planejado e você se vê faminto, morrendo de sede e sem a menor ideia de onde deve ir ou como sair da dungeon com vida. E é justamente quando você encontra um corpo apodrecido de um monstro e decide que essa é a refeição que irá te manter vivo.

Após uma mordida, o protagonista dorme e acorda em um misterioso acampamento nessa mesma masmorra. Como escapar? Como sobreviver? Essa é a grande questão. Felizmente, você terá ao seu lado outros três companheiros também totalmente customizáveis que irão te ajudar nessa jornada para descobrir o que realmente está acontecendo ao seu redor.

Sem querer entrar em spoilers, o conceito é a melhor parte da história, se é que se pode dizer que o jogo tem uma. Os parágrafos acima contam a premissa do jogo, que é apresentada nos primeiros cinco minutos de jogo, e o seu desenvolvimento meio que para por aí salvo alguns textos encontrados aleatoriamente ao explorar os vários andares da masmorra.

Junte a isso que, apesar de demandar horas e horas do jogador para terminar, Monster Menu tem um dos finais mais estúpidos, insultantes e previsíveis já concebidos na história da humanidade, por mais que tente se passar por engraçadinho, piorado ainda mais pela péssima execução, que a única coisa que o salva é que o jogo claramente não decidiu se focar em nada nesse seu aspecto, impedindo assim que o jogador crie expectativas e se decepcione.

Teoricamente, o foco todo fica na parte da exploração e sobrevivência da sua equipe, algo que é executado de forma bem decente. Muito é decidido pelas classes dos seus personagens conforme determinado inicialmente, o que é até de se esperar considerando que o jogo lembra a série Disgaea em vários desses aspectos de customização, mas não há uma obrigatoriedade de se jogar com esse ou aquele personagem.

A exploração é feita em um mapa 3D dividido de forma similar ao de um RPG de Estratégia, com uma diferença notória: você pode mover seu personagem livremente tanto durante a exploração quanto durante o combate. É durante essa exploração que você irá encontrar diferentes recursos que poderão ser usados posteriormente, especialmente materiais e comida (que também são obtidos como recompensa após derrotar os inimigos).

Cada andar possui também, em algum lugar, uma escada que te leva para a próxima “fase”, além de te oportunizar sentar em um acampamento, comer e descansar. Isso se torna importante pois, a cada passo dado ou ataque realizado em combate, seus índices de fome e sede vão caindo e quanto menor eles vão ficando, mais afetam as suas estatísticas.

É nesse acampamento que a principal “novidade” de Monster Menu transparece: a possibilidade de criar diferentes alimentos que afetam as suas estatísticas, te dando mais força para continuar em sua run. Esses pratos são cozidos usando diferentes recursos obtidos durante sua exploração, com o jogador encontrando diferentes receitas prontas ou podendo escolher os alimentos num menu e tentar aprender novos pratos.

Os resultados desses alimentos variam bastante a depender dos itens utilizados para prepará-los, com diferentes níveis de itens sendo encontrados durante sua exploração, tudo bastante aleatório. Além disso, quanto mais tempo você demorar para utilizá-los, maior o risco dos itens irem se degradando e até mesmo apodrecer, o que diminui a qualidade do resultado final, podendo inclusive alterar o tipo de receita para a qual aquele material serve.

Cabe dizer aqui que o sistema de crafting do jogo é algo que varia bastante de qualidade. Embora o sistema de criação de pratos seja bastante variado e até profundo, incluindo a possibilidade de cozinhar itens de forma simples fora do acampamento, por mais intuitivo que seja, a parte de criação de itens é simples até demais e deixa muito a desejar, te forçando a priorizar encontrar equipamentos pela dungeon a sequer pensar em criar algo.

Infelizmente, a exploração do jogo também é bastante monótona, com diferentes andares da dungeon parecendo exatamente iguais a vários outros que você já passou e uma variedade tão pequena de designs que, salvo pela vontade de avançar pelo jogo, dificilmente irão te motivar a querer ver o que ele tem a oferecer. Dito isso, alguns andares possuem chefes e, caso derrotados, você poderá iniciar uma das suas runs diretamente daquele ponto sem precisar passar por dezenas de andares iguais com inimigos mais fracos.

Cabe dizer aqui que isso é o que faz do jogo um roguelite, já que alguns pequenos elementos de cada run vão se mantendo. Além dessa conservação de andares após vencer chefes, equipamentos encontrados também ficam a sua disposição para as próximas sessões, com o jogo reiniciando apenas o nível dos seus personagens (que vai aumentando com o combate e te dá acesso a novas habilidades) e descartando seus materiais que poderiam ser utilizados para criar itens ou alimentos.

O combate é, infelizmente, tal qual outros elementos do jogo, bem simplista e entediante após um certo tempo. Ele é iniciado a tocar em um dos monstros que andam pelos andares e coloca os personagens espalhados em um grid, tal qual um RPG de Estratégia. Embora você possa mover seu personagem livremente, ele eventualmente irá se encaixar em um dos “quadrados” do mapa antes de agir, já que cada personagem atua em seu turno, com a ordem sendo definida pela velocidade.

Cada personagem possui ataque, defesa, a possibilidade de usar itens para se alimentar (ou até alimentar o inimigo), além de habilidades especiais e, por fim, a possibilidade de ingerir inimigos derrotados para recuperar energia e ganhar buffs temporários que lhe ajudarão durante aquele combate em específico (diferente de comer pratos criados no acampamento, os quais o buff dura a run inteira).

É um sistema simples e fácil de aprender e que é divertido até certo ponto, falhando mesmo só por sua simplicidade. Algumas classes, como os magos, possuem habilidades fáceis de spammar que tornam as batalhas muito mais fáceis do que deveriam ser, ainda mais se combinadas com os buffs certos. Mas, no geral, é algo divertido de se jogar sem pensar muito sobre.

Infelizmente esse é o resumo do que é Monster Menu: The Scavenger’s Cookbook. Um jogo simples, que consegue divertir em certos momentos, mas entediante em vários outros e não oferece nada de muito novo ou diferente que o faça se destacar em meio a um mar de jogos sendo lançados todas as semanas. Tal qual um buff temporário, ele pode até agradar no aqui e agora, mas dificilmente estará na sua memória semanas ou meses após jogá-lo.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela NIS America.