A franquia Mobile Suit Gundam ocupa um ar bem rarefeito. Facilmente posta entre as mais importantes e influentes propriedades intelectuais da história do entretenimento mundial, basicamente estabelecendo todo um subgênero de animes e criando uma legião de milhões de fãs ao redor de todo o globo.
E é claro, quando se mistura a equação de “milhões de fãs” com uma série de jogos de luta de sucesso, ambas atreladas à uma franquia que tem, em sua essência, batalhas de robôs gigantes, era natural que a Bandai Namco resolvesse testar as águas de um jogo free-to-play.
Foi assim que o primeiro Mobile Suit Gundam: Battle Operation surgiu. Nunca tendo chegado ao Ocidente, tratava-se de um título de luta em equipes online free-to-play lançado para PS3 em 2012 e que teve seus servidores encerrados em 2017. O jogo receberia um spin-off, chamado Battle Operation NEXT para PS3/PS4 em 2015 e uma verdadeira sequência para PS4 (e posteriormente PS5) chamada Battle Operation 2.
Jogos de luta de Gundam não são exatamente uma novidade, mas Battle Operation 2, apesar de ser um jogo gratuito, sofreu um pouco com a fama de ser difícil de se iniciar, graças à forma como o jogador obtém as Mobile Suits e a falta de um tutorial mais claro. Visando resolver esse problema, veio o lançamento deste jogo episódico chamado Mobile Suit Gundam Battle Operation Code Fairy Vol. 1, que visa dar mais contexto às batalhas de BO2.
Code Fairy é, para todos os efeitos práticos, uma campanha single-player para BO2. Adotando um formato episódico, o jogo possui 10 dos seus propostos 15 capítulos lançados até agora, com o terceiro volume previsto para o dia 03 de dezembro. A versão à qual tivemos acesso era composta apenas da primeira parte do jogo, indo do primeiro capítulo ao quinto.
O formato episódico não é por acaso. Code Fairy segue uma estrutura extremamente anime, com cada capítulo tendo uma pequena introdução através de cenas animadas, duas missões de batalha e então cenas finais concluindo os acontecimentos daquele episódio. Há uma linha narrativa entre todos eles, mas todo início e fim de capítulo vem com direito a abertura e encerramento típicos de um anime.
O jogo é ambientado no linha temporal “tradicional” de Gundam, se passando no fronte norte-americano da “One Year War” do Universal Century. O jogador assume o controle de Alma, uma jovem piloto que é convocada para integrar uma unidade secreta do Principado de Zeon chamada “Noisy Fairy” juntamente com outras duas garotas, cada qual com sua especialidade única.
Com cada uma delas tendo sua própria Mobile Suit, a qual o jogador poderá customizar antes de partir para as batalhas. Apesar de ser algo paralelo aos principais eventos da “One Year War”, Code Fairy acaba falhando um pouco em dar um peso para as situações que a unidade precisa encarar durante a guerra.
Um dos pontos que tornou Gundam o sucesso que é foi o quanto há uma constante sensação de perigo e risco em tudo que envolve as batalhas e os comentários feitos a respeito de guerra. Apesar de apresentar indícios de que pode explorar isso mais na frente, em seus primeiros capítulos, Code Fairy evita seguir por esses rumos, passando uma sensação muito maior de se estar jogando um shonen, já que, por mais difíceis que sejam as batalhas, fica bem claro desde o começo que os protagonistas vão conseguir vencê-las.
Parte do problema é que as personagens principais apresentadas nos primeiros capítulos realmente seguem um padrão bem clichê de personagens do gênero. Tanto o trio principal como as outras personagens presentes não adicionam nada de distinto ou especial, parecendo saídas diretamente de uma forma para cumprir uma determinada função narrativa. É claro, é sempre possível que isso seja elaborado e melhor explorado mais à frente, mas inicialmente Code Fairy falha em gerar algum apego aos personagens.
Talvez isso realmente se dê pela limitação narrativa dos primeiros capítulos, já que cada um dos cinco foi desenhado como um tutorial. Antes de cada operação, o jogador é apresentado a diferentes elementos de gameplay de Battle Operation 2 que serão importantes no próximo combate, o que te permite se aclimatar aos poucos a estrutura do gameplay.
Em razão disso, o combate de Code Fairy é muito mais metódico do que as intensas batalhas vistas em outros jogos da franquia. O jogador precisará cumprir objetivos específicos, se movendo por áreas abertas e enfrentando grupos de inimigos, sempre se mantendo atento a elementos como dano a cada uma das partes da sua Mobile Suit e seu medidor geral de vida.
Algo importante que o jogo traz é o sistema de afinidade de MS presente em BO2. Essencialmente, cada MS presente no jogo pertence a um de três tipos: General/Blue que são mais balanceadas, indicadas para combate a curto/médio alcance; Raid/Red que tem efetividade limitada à longa distância, mas mais fortes em combate corpo-a-corpo graças ao arsenal de armas melee; e Support/Yellow, que tem acesso as melhores armas e são melhores a longa distância, mas ficam bastante vulneráveis em combates próximos.
Como todo bom jogo que possui diferentes tipos de unidade marcadas por cores, BO2 (e consequentemente BO:CF) tem um sistema de pedra-papel-tesoura no qual unidades causam mais dano a uma cor, mas são mais vulneráveis à outra. No caso, MS azuis são mais fortes contra vermelhas que são fortes contra as amarelas e que, por sua vez, são melhores contra as azuis.
Para ter maior efetividade no combate, é fundamental estar sempre prestando atenção a esse elemento já que, um erro qualquer, pode ser suficiente para te fazer metade (ou mais) da sua vida e te colocar em péssima situação dali pra frente. Cada unidade possui também um vasto arsenal de armas que podem ser usadas, com o jogo te incentivando bastante a rotacionar entre elas enquanto uma recarrega.
A sensação que se tem é que, diferente de jogos como Gundam Extreme Vs., Code Fairy tenha um combate muito mais lento e deliberado, sem a constante ação e voos frenéticos marcando cada segundo das batalhas. Cada encontro pode ser fatal, por isso o jogo te exige pensar um pouco mais e planejar melhor como abordar os inimigos.
Dominar os controles e vencer em batalha tem suas próprias recompensas além de simplesmente progredir pela história. Ao final das missões, você receberá uma avaliação e, quanto maior ela for, melhores as suas recompensas. Elas vão de equipamentos para tornar as suas Mobile Suits melhores até MS que só poderão ser utilizadas nos simuladores (as missões secundárias do jogo). Felizmente, tudo que você ganha aqui pode também ser enviado para o Battle Operation 2, bastando sincronizar a sua conta em ambos os jogos.
No geral, o primeiro volume de Mobile Suit Gundam Battle Operation Code Fairy é interessante e serve o seu propósito principal. É uma pena que a história não seja das melhores ou o jogo em si não seja algo único e melhor elaborado, mas, dentro daquilo que se propõe, ele faz o suficiente.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco.
Veredito
Mobile Suit Gundam Battle Operation Code Fairy Vol. 1 é uma boa introdução ao universo de Battle Operation, mas, em seu primeiro volume, faz pouco além de servir como um grande tutorial do sistema de combate. Há potencial a ser explorado, mas pouco que o torne um jogo notório.
Veredict
Mobile Suit Gundam Battle Operation Code Fairy Vol. 1 is a good introduction to the Battle Operation universe, but in its first volume it does little more than serve as a great tutorial on the combat system. There is potential to be explored, but little to make it a notorious game.