Midnight Fight Express – Review

Midnight Fight Express é um caso interessante. O jogo de ação da Humble Games é uma soma de fatores que consistem em combate acelerado, história maluca, referências e memes em dose cavalar, visual estilizado e também a maior quantidade de maluquice num jogo do tipo hoje em dia. Usando um termo popular por aqui, o título é quase uma “farofa” de tanta coisa distinta que, por algum motivo, funciona em partes.

No papel de Cara de Bebê (Babyface), o jogador se descobre como um agente adormecido e que é despertado por um drone. Após isso e numa situação em que a cidade que se encontram será destruída até o amanhecer, é preciso sair para as ruas e enfrentar um chefe do crime e seus capangas para impedir o desastre anunciado. Descobrindo muito mais do seu passado e tudo ao seu redor, Cara de Bebê entra numa jornada quase psicodélica repleta de pancadaria e violência até o sol nascer.

A primeira impressão que tive foi de uma similaridade com Hotline Miami. Batida eletrônica com ação frenética e brutal de efeito imediato, com seu erro sendo quase irrecuperável e que, em caso de derrota, te coloca logo de volta na ação para tentar novamente. Entre em cada fase e entenda sua parte na história através dos monólogos do drone misterioso e de demais inimigos, avance na base da porrada e siga assim pelas 40 missões disponíveis até o fim.

Enquanto as primeiras missões vão te fazendo entender a jogabilidade e assimilar a proposta, o título não perde tempo e pisar fundo na loucura e jogar qualquer seriedade pro alto de uma hora pra outra. No que começa parecendo uma experiência mais comum, com o jogador enfrentando bandidos de gangues e fugindo de agentes misteriosos, logo com o tempo coloca o mesmo para começar a atacar pedreiros de obras, ratos mutantes, desenvolvedores de jogos em festa do pijama, terroristas russos, bombeiros corruptos, masoquistas, cosplayers assassinos e muito mais.

O jogo simplesmente cai de cabeça na galhofa e loucura sem qualquer pudor, fazendo referências a inúmeras obras dos videogames, como o próprio Hotline Miami já citado e outros como Call of Duty ou GTA, e também a outras obras do entretenimento. A cada novo tipo de inimigo bizarro que aparece na tela, surge também uma forma maluca de enfiar eles na história de uma forma que possa parecer natural, ainda que não chegue perto disso. As loucuras aqui não param e vão acontecendo até o último minuto, deixando para o jogador qualquer intenção de levar isso a sério ou não.

Particularmente acho divertido, mas até certo ponto. Na metade do jogo, que vai ter uma conclusão de 4 ou 5 horas, a fórmula acaba ficando nítida demais e repetitiva, mostrando apenas que se tornou a única forma de surpreender o jogador. Entretanto, quando essas loucuras começam a impactar a jogabilidade de forma geral, é que as coisas começam a ficar menos divertidas.

O combate é o foco aqui e isso é imutável do início ao fim do jogo. Com o corpo a corpo sendo sempre o destaque, há também o uso de armas brancas e armas de fogo em menor quantidade. Avance pelas missões e desbloqueie pontos de habilidade para melhorar e adicionar mais opções ao combate, como agarramento e finalizações especiais, além de juntar dinheiro para aprimorar o lado cosmético do seu personagem.

Midnight Fight Express é sobre ser um assassino estiloso descendo a porrada em qualquer coisa e tentando sobreviver aos trancos que o jogo apresenta no caminho. Apesar de tudo parecer simples, boa parte da jogabilidade do título pode ser atrapalhada em diversos momentos com erros de design bobos. Excesso de inimigos em tela com opção para hitkill no jogador, falta de opção de combate em determinados momentos e alguns mapas sem muita noção lógica são os principais problemas aqui.

Como exemplo, algumas fases acontecem usando veículos e o jogador precisa atacar e defender seu veículo durante elas. Além disso, também é preciso se preocupar com ameaças que vem de outros veículos que não podem ser anuladas e também de cenários. Pense numa fase com um moto, tendo que atacar outras motos e desviar de seus projéteis, desviar de carros inimigos que também te atacar e ainda ter que ficar atento ao trânsito que surge numa velocidade acelerada e sem muito tempo de reação.

A verdade é que muitas missões vão ser completadas na base da tentativa e erro sem muito uso de habilidade qualquer, com o jogador esperando alguma aleatoriedade ao seu favor. Isso vai ficando mais frequente do meio para o fim do jogo, principalmente quando a maluquice começa a ser empilhada sem muito cuidado e fazendo até a lógica de gameplay desaparecer.

Quando funciona, Midnight Fight Express entrega um bom jogo de ação e divertido pela forma como não se leva a sério. Entretanto, quando fundamentos básicos são atrapalhados por isso, a diversão se esvai muito rápido e o interesse por terminar o jogo vai junto. Claramente é uma proposta despretensiosa e que se destaca mais pelas animações feitas por captura de movimento e o bom combate, quando esse não resolve abandonar a lógica também e se entregar de vez na farofa que o jogo produz.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Humble Games.