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Marvel’s Guardians of the Galaxy – Review

Se você vem acompanhando a nossa cobertura sobre Marvel’s Guardians of the Galaxy, deve ter percebido o quanto minha empolgação em torno do título e o quão promissor ele parecia sempre foram bastante altas. Ainda assim, é sempre importante manter um ceticismo saudável sobre as coisas, afinal, não são poucos os exemplos de jogos que falharam em fazer valer o hype.

Algo que pode ser dito, inclusive, sobre o título anterior da parceria entre Marvel e Square Enix: o problemático Marvel’s Avengers. Bom, se você tem algum tipo de receio causado por ele, fique tranquilo. Guardians of the Galaxy é tudo aquilo que Marvel’s Avengers deveria ter sido e mais um pouco.

De várias formas, esse o tipo de acerto que só poderia ser causado por um grupo composto por um guaxinim falante, um alienígena sedento por vingança que entende tudo literalmente, a mulher mais letal do universo, uma árvore que só fala o próprio nome e um humano apaixonado por músicas dos anos 80. Os Guardiões têm feito seu nome em desafiar as probabilidades e provar que por mais improvável que o sucesso seja, eles sempre conseguem alcançar.

Marvel's Guardians of the Galaxy

O porquê do grupo ter se tornado um sucesso tão grande é a alma por trás de Marvel’s Guardians of the Galaxy. Se passando pouco mais de um ano desde que Peter Quill, Rocket Raccoon, Drax, Gamora e Groot se juntaram para montar o grupo de “heróis de aluguel” conhecido como “Guardiões da Galáxia”, nós vemos os nossos protagonistas envoltos em uma trama maior do que eles parecem capazes de resolver.

Após completarem um trabalho em uma Zona cujo acesso foi proibido pela Tropa Nova, os Guardiões passam a buscar por uma forma de pagar a multa que lhes foi imposta pela Centuriã Ko-Rel, incluindo criar problemas com Lady Hellbender. Nesse meio tempo, a Igreja da Verdade Universal, uma organização liderada por um fanático religioso que havia desaparecido após a Guerra Galática de 12 anos antes, começa a crescer rapidamente, ameaçando a própria existência do universo.

E quem são os únicos capazes de salvar o universo? Os Guardiões da Galáxia, é claro. Os nossos heróis partem então por uma jornada que os levará por diversos planetas na busca por encontrar uma forma de parar a Igreja da Verdade Universal e salvar o universo. Uma tarefa que, como toda boa aventura dos Guardiões, contará com alianças surpreendentes, diálogos tensos, muito humor e muita emoção.

Marvel's Guardians of the Galaxy

A história como um todo não foge daquilo que se esperaria de uma história de super-heróis. Se você jogou qualquer outro jogo do gênero (ou viu um dos filmes), sabe o que pode esperar do início, meio e fim. Mas a jornada é que realmente faz o jogo valer a pena, já que tudo é extremamente bem executado, com cada nova reviravolta da história mantendo você interessado naquilo que vem a seguir ou como os heróis conseguirão resolver esse novo percalço.

A força da narrativa é sustentada por algo que já era de se esperar, dado o pedigree da Eidos Montreal em jogos narrativos e o apoio do Dan Abnett, quadrinista famoso pela criação dessa formação do grupo de heróis. A escolha dos personagens presentes, seja à formação do grupo ou os vários vilões e aliados encontrados, funciona perfeitamente e o jogo tem um cuidado notório em não deixar qualquer ponta solta, com menções rápidas em diálogos soltos sendo “pagos” vários capítulos no futuro.

A caracterização de todos os personagens é extremamente fiel à visão que os fãs dos quadrinhos e dos cinemas têm dos Guardiões, dando aos jogadores familiarizados com eles um conforto logo de cara (e a dublagem em PT-BR com as vozes do cinema ajuda também), mas faz o bastante para se diferenciar e mostrar que essa é uma nova narrativa e um universo separado.

Marvel's Guardians of the Galaxy

Uma curiosa decisão que existe é o fato de, em vários momentos ao longo do jogo, você precisará tomar decisões de diálogo que vão influenciar os rumos dele, culminando em diferentes finais. Tendo re-jogado algumas sessões-chave, dá pra perceber que enquanto o impacto imediato não é tão grande assim, eles realmente vão se casando para entregar uma experiência diferente para cada jogador.

Esse é o elemento que talvez mais traga um “fator replay” pro jogo, visto que, ao contrário de outros títulos do gênero, Marvel’s Guardians of the Galaxy é uma experiência extremamente linear. É um jogo muito mais próximo de um Uncharted do que de um Marvel’s Spider-Man, por exemplo, onde concluída a história, há muito pouco a se fazer (já que ele não conta com um modo multiplayer).

Muito da narrativa e construção de personagens é feita enquanto se explora através dos diálogos entre os personagens, ficando bem perceptível o quanto o laço entre os heróis vai se fortalecendo pela jornada. Existe bem pouca exploração, no máximo caminhos limitados onde o jogador encontrará recursos para melhorar os equipamentos do Quill ou itens colecionáveis (roupas para os personagens e artefatos dos guardiões). Mesmo os “quebra-cabeças” se resumem a como usar as habilidades dos seus aliados para abrir o caminho e só.

Marvel's Guardians of the Galaxy

Aliás, é importante reforçar isso também: ao contrário de Marvel’s Avengers, onde mesmo na campanha havia uma alternância entre os heróis, aqui você controlará única e exclusivamente o Senhor das Estrelas, Peter Quill. É uma decisão que realmente funciona bem, visto que não só o Quill é um personagem bastante carismático, mas sua posição como líder da equipe permite a você influenciar o caminhar da narrativa de forma mais natural.

Felizmente, isso também contribui para o sucesso do combate. Quando tive a possibilidade de testar um pouco do jogo em setembro, meu maior receio era o quão bem o sistema de comandos e ordens para os seus aliados funcionaria em combates mais intensos. A resposta para isso é: muito bem.

No comando do Senhor das Estrelas, você terá acesso às Pistolas Elementais dele, além de ataques corpo-a-corpo. As pistolas possuem um modo de tiro normal, ativado com R2 e um modo de tiro elemental com R1 (com o elemento sendo selecionado com o direcional). É possível ainda travar a mira em um determinado inimigo segurando L2 e ativar as habilidades do Quill com L3 + um dos botões de face (quadrado, triângulo, bola e X).

Marvel's Guardians of the Galaxy

Você até pode tentar fazer tudo simplesmente atacando com o Quill, mas em quase toda batalha se torna extremamente necessário fazer uso das habilidades dos seus companheiros. Para isso, basta segurar L1 e selecionar um dos botões de face para o herói desejado e um novo botão de face para a habilidade.

Pode parecer pouco intuitivo usar três botões para isso, mas visto que as habilidades são poderosas e que o jogo tem um leve slowdown enquanto você seleciona, acaba se tornando bem intuitivo e prático com o uso recorrente, sendo bem raro terminar uma luta sem usá-las simplesmente pela praticidade (ou mais raro ainda em que o processo de escolher a habilidade me atrapalhou).

Cada um dos personagens possui um foco distinto. Drax causa mais atordoamento aos inimigos, Quill, Gamora e Rocket causam mais dano à vida e Groot é uma mistura de healer com habilidades que prendem os inimigos. As habilidades também são bem distintas entre si e é realmente uma parte bem divertida e importante do combate. Se ainda assim você estiver apanhando, é possível se reunir (usando L1+R1), motivar seus companheiros e retornar ao combate com bônus de ataque e defesa.

Marvel's Guardians of the Galaxy

Claro, como todo bom jogo, você não começará tendo acesso a todas elas. É necessário ir evoluindo os seus Guardiões gastando pontos de habilidade para comprar cada uma delas. Além disso, Quill tem uma série de melhorias para as quais será necessário gastar recursos nas várias mesas para ir ganhando acesso às novas técnicas (ou aumento de vida e escudos).

É um sistema que funciona muito bem, talvez porque os combates não são tão importantes assim no todo da experiência. Você não estará em combate o tempo todo (existem capítulos em que sequer há combate), então as limitações que existem nele não fazem com que o combate se torne repetitivo tão rápido, algo que é ajudado pelo acesso às habilidades de cada herói ocorrendo pouco a pouco.

Há uma clara limitação e a repetição de animações incomoda um pouco, mas eles são mais um recheio entre longos momentos de história do que algo mais importante. O foco aqui claramente está na narrativa e isso é bom. Não espere um Batman: Arkham City ou até mesmo Avengers. O combate está à serviço da narrativa muito mais do que o contrário, mas, caso uma sequência ocorra, seria ótimo ver o sistema ser expandido.

Marvel's Guardians of the Galaxy

Um último aspecto que precisa ser abordado é a questão técnica do jogo. Enquanto Marvel’s Avengers se tornou infame pela quantidade de bugs presentes, Marvel’s Guardians of the Galaxy é uma experiência incrivelmente lisa. Ao longo das quase 20 horas necessárias para terminar a campanha, só ocorreram dois pequenos glitches visuais, ambos sendo resolvidos com um carregamento rápido.

O jogo traz dois modos distintos visuais distintos, um modo de desempenho no qual o jogo roda liso a 60 quadros por segundo e um modo de qualidade, com gráficos 4K mas com framerate menor. É importante apontar também que um modo com Ray Tracing chegará ao PS5 em uma atualização posterior, mas não no lançamento.

A maior parte da minha experiência foi usando o modo de desempenho e, enquanto isso de fato limita um pouco a qualidade visual, a performance é impecável. Já o modo de qualidade realmente apresenta o quão belo o jogo é, com cada área e planeta realmente se mostrando incrivelmente bonito rodando no PS5.

Marvel's Guardians of the Galaxy

Falando no PS5, o jogo traz o já esperado suporte ao feedback tátil e os gatilhos adaptáveis. Com relação aos gatilhos, é aquilo já esperado, com eles se tornando mais resistentes quando as pistolas do Quill superaquecem. Já o feedback tátil são as tradicionais variações na intensidade da vibração, nada que chame muito à atenção.

Cabe também aqui apontar que, fazendo jus à fama construída pela sua versão do cinema, Marvel’s Guardians of the Galaxy traz uma trilha sonora incrível, com diversos clássicos dos anos 80, belas músicas da banda fictícia Starlord e músicas orquestradas que também se encaixam na experiência.

Junte a isso a bela localização que capturou muito bem o humor do jogo e a presença dos dubladores oficiais do personagem e é inegável que o resultado final é um sucesso estrondoso. Ah, a adição de algumas sessões de navegação e combate espacial à bordo da Milano também são bem-vindas e adicionam um pouco mais de sabor à experiência.

Marvel's Guardians of the Galaxy

Então, Marvel’s Guardians of the Galaxy alcançou o que eu esperava dele? Não só alcançou, como superou com uma certa facilidade. Ele pode não alcançar os altos patamares dos melhores jogos de super-herói, como Batman: Arkham ou Marvel’s Spider-Man, mas consegue se solidificar facilmente como um dos melhores da prateleira logo abaixo.

Isso é algo especialmente bom de se poder dizer visto o quanto eu gosto dos filmes do James Gunn e a experiência entregue pela Eidos Montreal está em par com eles. Não só a história e os personagens fazem jus à caracterizações anteriores, mas o combate realmente te faz se sentir aquilo que você nasceu pra ser: o Senhor das Estrelas.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Square Enix.

Winz.io

Veredito

Guardians of the Galaxy é o mais próximo que tivemos até aqui de uma transposição para os videogames da sensação de diversão descompromissada dos filmes da Marvel. Trata-se de um título incrivelmente divertido, com uma ótima narrativa e gameplay sólidos que, se não revolucionam, fazem valer cada hora investida nele.

90

Marvel's Guardians of the Galaxy

Fabricante: Eidos Montreal

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Ação / Aventura

Distribuidora: Square Enix

Lançamento: 26/10/2021

Dublado: Sim

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Guardians of the Galaxy is the closest we’ve had so far to translating the uncompromised fun feel of a Marvel movie into video games. It’s an incredibly fun title, with great storytelling and solid gameplay that, if it doesn’t revolutionize, makes every hour invested in it worth it.