LEGO Marvel Super Heroes 2

LEGO Marvel Super Heroes de 2013 foi uma ótima surpresa para os fãs de LEGO, pois, de forma muito criativa e divertida, misturava os principais personagens do universo Marvel em um pacote só, em uma história inédita que ainda condizia muito com os quadrinhos da editora. Tirando LEGO Avengers, que foi basicamente uma adaptação dos filmes Marvel para os jogos LEGO, a Traveller's Tale, 4 anos depois, retorna para a sua própria visão do universo de Capitão América, Homem-Aranha e muitos outros, com mais personagens do que nunca – além de algumas ausências. Mas…será que vale a pena jogar mais um título da franquia?

Na história, o vilão Kang consegue abrir uma fenda no espaço e tempo que acaba ruindo as paredes dimensionais das múltiplas dimensões do Universo Marvel, misturando mundos e heróis de universos diferentes, como Homem-Aranha normal, Noir e 2099, por exemplo. Com toda essa bagunça cósmica, os heróis de todas as dimensões terão que se reunir para enfrentar o vilão e restaurar a ordem dimensional.

LEGO Marvel Super Heroes 2 não tem exatamente nada de muito novo em sua jogabilidade, trazendo o mesmo gameplay de todos os outros títulos LEGO, com ênfase nas habilidades individuais de cada personagem. Uma mudança notável no gameplay é no combate, em que os inimigos agora possuem uma barra de vida ao invés dos corações. Isso acaba deixando a luta dos chefões de cada capítulo um pouco entediantes por exigirem muito mais esmagar os botões do que esperar algo inteligente acontecer (não que isso não aconteça também, mas há uma maior repetição em algumas lutas). E, particularmente nesse título, há muitas batalhas contra chefes de fase.

O gameplay cooperativo nas fases da franquia sempre apresentaram problemas de inteligência artificial ou colisão com alguns itens, e vemos isso mais uma vez por aqui. Algumas escolhas de juntar habilidades e poderes de personagens em alguns botões acabam se tornando frustrantes em situações nas quais uma habilidade X, que só é acessada pressionando o botão, não ativa pelo jogo interpretar que você quer a habilidade Y, que é usada apenas ao tocar do botão. Outro sistema falho é o de subir e descer a altitude do voo no mapa aberto com o analógico direito que controla a câmera, com o jogador frequentemente alternando entre os dois quando quer manejar o herói.

A maior sacada de Super Heroes 2 para distinguir-se de outros jogos LEGO com os personagens Marvel é trazer essa gama gigantesca de diferentes versões dos heróis mais famosos da editora. Versões que provavelmente você nunca ouviu falar se não for um ávido consumidor de quadrinhos desde muito tempo, como o Capitão América do Velho Oeste ou personagens como Man-Ape e Capitão Avalon. Outros personagens mais obscuros também preenchem o host, que chega a mais de 200 heróis a serem escolhidos, cada um com habilidades distintas e fieis às versões originais. O cuidado e o carinho que a TT – junto com a Marvel – teve de trazer um grande fanservice é notado tanto no mundo quanto na história.

Falando em história, apesar do visual "infantil" e do tom mais leve das situações, a trama de Marvel Super Heroes 2 consegue ser até bem densa e realmente parece um grande evento dos quadrinhos Marvel, como um Guerras Secretas. As versões dos heróis não se baseiam 100% nos filmes Marvel como LEGO Avengers, dando mais liberdade para criar novas situações com eles. Sim, alguns cenários e feições foram tiradas dos filmes (como o salão do Doutor Estranho), mas a mistura é bem feita e a TT não pesou a mão para tornar uma experiência familiar tanto para quem apenas conhece os heróis pelos filmes da Marvel Studios quanto para os fãs dos quadrinhos. A dublagem e adaptação do texto em português é muito boa e traz as vozes certas para os heróis.

O jogo é dividido em um mapa aberto, que mistura diversas dimensões do universo Marvel, e isso é talvez o elemento mais legal do game, já que há diversos "núcleos" no mapa que o diversificam muito mais que a Nova York do primeiro LEGO Marvel, apesar de perder o senso de unidade no processo. São diferentes blocos de terra com cenários completamente diferentes um do outro, e tenho certeza que você só irá utilizar os heróis que voam para navegar entre os pontos do gigantesco mapa.

Fora isso, as missões de história são bem lineares e apresentam os mesmos coletáveis e objetivos de sempre. Pegar os blocos secretos, salvar Stan Lee em todas as fases, etc. E claro, com a possibilidade de retornar nas telas e completar todos os objetivos com os heróis certos depois de completá-las pela primeira vez. Com aproximadamente 12 horas de duração da campanha e mais dezenas de horas para completar tudo, é divertido, mas nada inovador. Há também uma adição no modo co-op, que agora permite um sistema competitivo junto com o usual cooperativo, uma adição sempre interessante para um game em que pais e filhos podem jogar juntos.

E, infelizmente, devemos falar sobre o elefante mutante na sala: a ausência de certos personagens icônicos da editora. Os X-Men e o Quarteto Fantástico foram tirados da sequência muito por conta do boicote que a Marvel vem fazendo contra os personagens, que estão com a 20th Century Fox nos cinemas. E assim, não temos a aparição de Wolverine e sua turma aqui, o que é uma ausência sentida por qualquer fã da Marvel e que precisa ser informada caso o jogador espere encontrar tais heróis no título.

Jogo analisado com o código fornecido pela WB Games.