Em meados de 1993, Secret of Mana foi lançado para SNES, sendo o primeiro jogo da série a ser produzido pela então Squaresoft. O RPG tinha batalhas em tempo real, fugindo daquela coisa por turnos. Porém, em 1999, quando Legend of Mana foi lançado, um sistema de “turnos” entrou no lugar daquilo que foi apresentado no primeiro título, o que acabou dando uma diferenciada no estilo de gameplay.
No ano de 2018, a Square Enix achou que fosse uma boa ideia lançar um remake de Secret of Mana, um de seus clássicos da saga Mana. Segundo o Open Critic, ele não se saiu muito bem, e acabou levando nota 70 aqui no PSX Brasil. Logo após, veio Trials of Mana, seguido do atual Legend of Mana. E o que eles têm em comum? Um pouco de tudo e, ao mesmo tempo, quase nada.
O plot da remasterização de Legend of Mana gira em torno da Tree of Mana. Você deve, basicamente, reviver a terra de Fa’Diel, criando um mundo ao redor dela e, consequentemente, restaurar a Tree of Mana. E como se faz isso? Completando várias side quests.
A narrativa principal de Legend of Mana não é profunda, mas existe. Na verdade, as side quests que você completa durante a jornada acabam sendo as atrações, pois através delas que você cria laços com os personagens e, como consequência, arcos para mostrar a continuação da história de cada um deles.
Ao contrário do que se costuma ver por aí, não existe um mundo definido em Legend of Mana. Você precisa escolher um personagem para ser o protagonista e nomeá-lo da forma que bem entender. Mas o que importa mesmo, é que aqui tudo é construído do seu jeito, com os artefatos adquiridos como prêmio das quests.
Existem locais que só podem ser criados em pontos específicos do mapa, por isso é preciso ficar atento ao construir seu mundo. Este é, talvez, um ponto negativo do jogo. Os artefatos que se transformam em cidades e dungeons, não mostram exatamente o que são com antecedência. Não adianta montar um método “de organização” para as construções, pois é impossível saber o que irá sair daquele item.
O mapa de Legend of Mana é composto por mais dungeons que cidades. Em alguns momentos, vale até uma visitinha extra a esses locais, pois quando uma quest é concluída, os personagens envolvidos se espalham e acabam abrindo novas possibilidades.
A jornada e exploração em si, podem ser maçantes, principalmente pelo fato do mapa não ser unificado. Toda vez que você vai para uma área diferente, um loading – bem curto – pipoca na sua tela. Sim, estamos falando do remaster de um jogo de 1999, mas para os tempos atuais, tantos carregamentos assim podem ser realmente incômodos.
Mesmo tendo sido lançado após o Trials of Mana original, o sistema de batalhas parece ser mais lento, e a dinâmica também aparenta ter se perdido. Em Legend of Mana, sempre que você encontra um inimigo, o espaço do cenário se fecha, criando um tipo de “ringue”, e não é possível sequer fugir do confronto. Caso esteja num labirinto e perdido, essas lutas repetitivas acabam frustrando, pois o seu único desejo será o de sair do lugar, não upar os personagens.
E por falar em upar personagens, é preciso dizer que a mecânica é simplesmente horrível. Você não ganha pontos de experiência de forma convencional, aqui é preciso coletar uns cristais que somem rapidamente. O problema é quando seus parceiros não fazem a coleta, e o protagonista acaba sendo o único do time a subir de nível, deixando tudo muito desbalanceado.
Outro ponto que deve ser levado em consideração é que o sistema de party é bem ruim. Seus parceiros não ficam no grupo para sempre, porém, é possível “segurá-los” no time até finalizar suas respectivas quests.
Caso a jornada esteja difícil, o jogo permite que você capture monstros e os treine para participarem dos embates ao seu lado. Embora seja uma boa alternativa, eles nem sempre dão conta do recado, e acabam morrendo com muita facilidade.
Quando a remasterização de Legend of Mana foi anunciada, eu logo pensei que seria algo nos moldes de seus antecessores ou, no máximo, parecido com o que foi visto em SaGa Frontier. Porém, isso não aconteceu, e confesso que fiquei decepcionado.
Os cenários do jogo, bem como a trilha sonora, estão excepcionais. Eles foram muito bem remodelados e são mais interessantes que a versão original. Os personagens, por outro lado, não são dos melhores.
Em pleno 2021, a desenvolvedora decide fazer a remasterização de um jogo, sem mexer na modelagem. Nos dias atuais, com toda a tecnologia que temos à disposição, fica extremamente “feio” não se dar ao trabalho de aperfeiçoar os personagens. É horrível ver todo aquele pixelado na tela, principalmente se sua TV tiver mais de 40′ polegadas.
Infelizmente, apelar demais para a nostalgia nem sempre funciona. Se pegarmos Secret of Mana, Trials of Mana e Legend of Mana, poderemos perceber que os trabalhos são completamente diferentes. Parece que não existe uma consistência quando se trata dos títulos da Square Enix.
Não vou dizer que não me diverti com Legend of Mana. O desenvolvimento das coisas instiga você a querer ver o final da história de cada um dos arcos, mas tudo é tão frustrante em alguns momentos, que logo essa vontade passa.
Existe uma linha tênue entre nostalgia e nova geração, que pode levar a um desbalanceamento se considerarmos todos os grandes jogos que temos em mãos nos dias atuais. Infelizmente, Legend of Mana não foi tão bem aproveitado quanto poderia, e recebeu a pior versão da série até agora.
Caso você seja um saudosista e não se importa em jogar algo que não mudou em quase nada nesses 22 anos, super recomendo. Porém, se você faz parte da geração Z, curte jogos com legendas em português e não teve contato com a série, sugiro partir para Trials of Mana.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Square Enix.
Veredito
Legend of Mana é um jogo com potencial desperdiçado. Para os saudosistas de plantão é um prato cheio, mas os novatos da série podem não curtir tanto a experiência.
Veredict
Legend of Mana is a game with wasted potential. For the old-school gamers it could be awesome, but newcomers to the series may not enjoy the experience as much.