Diversos jogos de plataforma 2D foram lançados nas últimas décadas – bons e ruins. No entanto, poucos viraram clássicos e são lembrados por inúmeros jogadores. Sem dúvida alguma, a trilogia Donkey Kong Country do SNES é idolatrada por muitos, seja pela nostalgia ou porque são, de fato, excelentes games. Kaze and the Wild Masks, desenvolvido pelo estúdio brasileiro PixelHive e publicado pela SOEDESCO, não tem receio algum de se inspirar na fórmula estabelecida pela macacada da Nintendo e Rare. O resultado disso é um excelente jogo que merece ser conferido.
Kaze and the Wild Masks possui uma história bastante simples que não interrompe o gameplay em momento algum. Basicamente, a protagonista Kaze precisa salvar Hogo de vegetais furiosos. Para isso, encontre as “Wild Masks” que possuem poderes misteriosos dos lendários guardiões.
Os gráficos de Kaze and the Wild Masks contam com um pixel art muito bonito e bem polido. É realmente muito bem feito. A trilha sonora também é ótima, com inspirações claras nas músicas de David Wise, principalmente de Donkey Kong Country 2. Mas como dito, a inspiração em DKC não é somente na trilha – é em basicamente todo o jogo.
Kaze se mexe e ataca de uma forma idêntica a Dixie Kong. Ao invés de planar com os cabelos, Kaze faz isso com suas orelhas. Há um ataque no chão e você também pode pular para atacar os inimigos. Há até alguns itens que podem ser pegos e arremessados como os barris de DKC. Os moldes das fases seguem também o que o jogo da Rare oferecia: há duas fases bônus escondidas, sendo que elas oferecem um desafio (derrote todos os inimigos ou pegue todos os itens, por exemplo) antes de lhe conceder o colecionável em questão.
Aliás, há quatro tipos de colecionáveis nas fases de Kaze and the Wild Masks. O primeiro vem de duas metadas das fases bônus citadas. O segundo pode ser pego ao terminar a fase após coletar 100 cristais roxos. O terceiro surge ao obter as 4 letras K-A-Z-E (mesma lógica de K-O-N-G). Por fim, o quarto é uma coroa que é oferecida se você terminar sem levar dano.
É justamente esses colecionáveis que dão uma vida útil considerável ao game. Você passará um bom tempo tentando pegar tudo que cada fase oferece. Há ainda um outro desafio/colecionável: medalha por terminar a fase em um tempo determinado (pense num Time Attack), que só pode ser pego numa segunda jogada naquele nível.
Parece que Kaze and the Wild Masks é um simples clone de Donkey Kong Country ao ler a análise até aqui. Não vou mentir: é. Porém, isso não significa que não exista elementos diferentes. As máscaras que dão nome ao jogo são importantes e oferecem um gameplay variado, mas apenas duas (das quatro) são realmente distintas.
As máscaras da ave e tubarão oferecem um gameplay que é basicamente muito similar ao do pássaro Squawks e ao peixe Enguarde de DKC. Ou seja, no primeiro Kaze ganha o poder de voar e pode atacar lançando um projétil com uma trajetória oblíqua. No segundo, Kaze pode nadar e atacar os inimigos aquáticos.
A terceira e quarta máscaras, de tigre e dragão, é que oferecem algo diferente. O tigre possui uma espécie de dash aéreo e escala as paredes no estilo Mega Man X. Já o dragão transforma o jogo em um auto-run. Em outras palavras, você apenas controla o pulo (que pode ser duplo) ou um mergulho com o quadrado. É uma mecânica que é interessante, mas que não gostei muito de sua aplicação – sempre que aparecia, achava desnecessário.
Todas as máscaras só aparecem em determinadas fases. Não são upgrades desbloqueáveis, por exemplo. A fase é pensada no poder daquela máscara e no nível seguinte você já não possui mais ela.
Os chefes de Kaze and the Wild Masks precisam ser elogiados. São poucos, mas todos bem inteligentes de se combater. É relativamente fácil descobrir o ponto fraco de cada um, mas a maneira de acertá-los e esperar o momento certo para isso foi bem criativa.
Apesar disso tudo, as fases de Kaze and the Wild Masks são relativamente curtas. Não só isso, mas o jogo em si é pequeno também. Não gosto de estragar a surpresa dizendo quantas fases existem, mas acredite: se você não for uma pessoa que vai atrás dos colecionáveis e só deseja terminar a aventura, sua jornada pode levar cerca de 3 horas na primeira vez ou até menos. Há um troféu que pede para terminar o jogo (sem se preocupar com os colecionáveis) em 2 horas, para você notar o quão curto é.
A experiência em jogar Kaze and the Wild Masks acaba sendo afetada por isso. Há duas críticas que surgem e que notei fortemente enquanto jogava: a curva de dificuldade e a quantidade de mundos.
Em relação à quantidade de mundos, é fácil explicar meu ponto: se Kaze and the Wild Masks tivesse pelo menos mais uns dois ou três mundos, corria o risco de receber uma nota perfeita nesta análise. Teria uma ótima duração e consequentemente também corrigiria a outra crítica: a curva de dificuldade.
Kaze and the Wild Masks começa de uma maneira muito simples, como todo jogo do gênero. Qualquer pessoa termina as primeiras fases sem maiores problemas. De repente, sem mais nem menos, o jogo começa a oferecer desafios que veteranos do gênero não terão problema algum, mas que jogadores não acostumados a jogos de plataforma terão dificuldades. Entenda o meu ponto: o game fica difícil muito rapidamente. Não há um espaço para aprimorar ainda mais as técnicas – é como se não existisse um degrau no meio na progressão.
Não estou dizendo que Kaze and the Wild Masks é um jogo difícil. Se você é veterano do gênero e principalmente terminou qualquer DKC, Kaze and the Wild Masks será moleza para você. Mas é impossível não sentir essa diferença na dificuldade. Se o jogo tivesse mais mundos, essa transição poderia ser mais suave.
No fim, Kaze and the Wild Masks é ótimo. Possui algumas pequenas falhas e é obviamente inspirado em Donkey Kong Country (até demais), mas consegue criar uma identidade própria e oferece um gameplay nostálgico e moderno ao mesmo tempo. Considerando que não veremos Donkey Kong Country no PlayStation tão cedo (não quero dizer nunca porque nunca saberemos como será o dia de amanhã), Kaze and the Wild Masks pode suprir facilmente a sua vontade por um jogo no estilo.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela SOEDESCO.
Veredito
Kaze and the Wild Masks é um excelente jogo de plataforma que pega sem medo a fórmula de Donkey Kong Country. É extramamente recomendado para qualquer fã do gênero. As únicas críticas são que o jogo é curto e possui uma curva de dificuldade desbalanceada.
Veredict
Kaze and the Wild Masks is an excellent platform game that takes inspiration from the Donkey Kong Country’s formula. It is highly recommended for any fan of the genre. The only criticisms are that the game is short and has an unbalanced difficulty curve.