Kao the Kangaroo – Review

Anos 2000. Virada do milênio. Chegada do PS2, quase no fim da vida do Nintendo 64 e o Dreamcast no seu ápice e também no início da linha do tempo que terminaria com o seu fim. Nesse cenário, estreava Kao the Kangaroo no finado Dreamcast (e também no PC).

Kao the Kangaroo era um jogo de plataforma 3D muito simples, mas com o seu charme e diversão. Uma sequência, Kao the Kangaroo: Round 2, acabou sendo lançada para o PS2, GameCube, Xbox e PC, com um remake para o PSP (Kao Challengers) mais tarde. Alguns anos depois tivemos um terceiro jogo da série, Kao the Kangaroo: Mystery of the Volcano, somente para PCs.

Apesar de três jogos principais, Kao the Kangaroo nunca foi muito popular. Em um mundo que todos falavam de Mario, Sonic e Crash, Kao acabou não deixando sua marca. Na esperança disso mudar, Kao the Kangaroo chega às plataformas atuais.

Primeiramente, precisamos esclarecer que este novo Kao the Kangaroo não é um remake ou remaster. É um novo jogo construído do zero, pegando muito da base e do gameplay estabelecidos por Kao the Kangaroo: Round 2. Dito isso, você não precisa conhecer a série ou ter jogado um anterior para aproveitar o título.

Kao the Kangaroo é um jogo de plataforma 3D. Atualmente existem diversos jogos do gênero, mas Kao consegue oferecer algo único na fórmula. O único problema, que afeta todo o conjunto e logo mais veremos, é a sua dificuldade baixa.

A história de Kao the Kangaroo é simples. Resumidamente, Kao tem um sonho de que sua irmã está em perigo e decide ir atrás dela, sabendo que seu pai também está desaparecido. Com a ajuda de Walt, um coala treinador, Kao acaba encontrando luvas mágicas que possuem consciência e conversam somente com nosso protagonista. Com as luvas e Walt, Kao parte em uma jornada atrás de sua irmã e de seu pai, além de auxiliar quem precisa de ajuda no caminho.

Como dito, Kao the Kangaroo é um jogo de plataforma 3D. O seu gameplay lembra um pouco de Crash Bandicoot (com uma câmera livre), mas você notará inspirações de vários jogos do gênero. Crash é o mais notável por conta dos ambientes, personagens animais, algumas partes que rolam fugas e outras situações similares.

Kao the Kangaroo possui diferentes hubs/mundos (um total de quatro) que dão acesso às fases. As fases, que normalmente são três e mais o chefe daquela região, são bem lineares e por isso nos remete bastante a Crash. Não espere fases como as que são vistas em jogos como Mario (os 3D, é claro) ou Banjo-Kazooie (ou Yooka-Laylee, para pegar um jogo mais recente), por exemplo.

Cada fase possui colecionáveis que você deve pegar: as runas que permitem avançar no game (abrem mais fases), as letras KAO (abrem mais roupas à venda na loja), fases bônus, pergaminhos, baús, pedaços de coração (4 deles aumentam a sua vida máxima) e mais. O que há de sobra são as moedas, as quais você utiliza na loja de cada mundo para adquirir trajes para Kao, assim como pedaços de coração e vidas.

Apesar de parecer ser muitos colecionáveis, a maioria é bem fácil de encontrar, pois como as fases são lineares, você sabe que se um caminho se divide, um leva à continuação da fase e o outro ao(s) item(s). É claro, há itens mais escondidos e não tão óbvios, mas não é difícil ou trabalhoso.

É justamente esse o maior problema de Kao the Kangaroo. A sua dificuldade é bem baixa: as seções de plataforma são muito simples e os inimigos mais ainda. É claro, Kao the Kangaroo pode ser visto, portanto, como um jogo para mais jovens, mas sabemos que há inúmeros títulos de plataforma 3D para todas as idades que apresentam uma dificuldade elevada – principalmente em seu fim.

Kao the Kangaroo possui um número de mecânicas variadas em seu gameplay. O comando básico e que boa parte do jogo se baseia é nas seções de plataforma. X pula, sendo que há um pulo duplo. Bola serve para rolar e passar por frestas menores, sendo que no ar realiza um análogo à “bundada” do Mario. Quadrado ataca com socos e no ar realiza um ataque com a cauda. Triângulo serve para interagir com o cenário, como pegar bumerangues no cenário que podem ser arremessados.

Uma mecânica única de Kao the Kangaroo está nas luvas do protagonista. Em determinados momentos, você encontrará um item elemental que dá poder de fogo, gelo ou vento às luvas que o ajudam a abrir caminho, como queimar uma teia, ativar uma plataforma, congelar a água ou descongelar um bloco de gelo.

Por último e não menos importante, temos o combate. Como dito, quadrado é o responsável por dar os socos. Com eles, Kao gera uma sequência de 3 jabs que, na maioria dos casos, elimina quase todos os tipos de inimigos. O rolamento com bola pode ser usado para deixar o inimigo tonto, mas não é muito útil. No ar, se atacar com sua cauda com quadrado, é possível devolver o projétil inimigo. Finalmente, se você bater nos inimigos e tomar pouco dano, uma barra vai se enchendo e, quando cheia, é possível apertar triângulo para executar um golpe especial.

Kao the Kangaroo é um jogo bonitinho, redondo, divertido e possui legendas em português do Brasil. Porém, é curto (é possível terminá-lo em cerca de 6 horas ou até menos, dependendo do seu estilo) e, como dito, fácil. Além disso, infelizmente, há alguns bugs que chegam a incomodar e que esperamos que patches de correção os eliminem.

Esses bugs não afetam a sua progressão (a princípio), mas são evidentes, deixando o jogo com uma má impressão. Temos caixas que deveriam ter interação e não oferecem isso em determinados momentos, um “teto invisível” aleatório que deixa o pulo de Kao muito baixo em algumas ocasiões (atrapalhando o seu cálculo de distância) e até botões que simplesmente param de funcionar (no meu caso, não estava conseguindo fazer a “bundada”, justamente quando era preciso para avançar) e assim por diante.

Jogo em sua versão de PS4 analisada no PS5 com código fornecido pela Tate Multimedia.