Um estilo clássico de jogo e que quase sempre agrada a todos é o beat ‘em up. O popular “briga de rua”, como era conhecido na minha infância, sempre foi motivo de risadas e muita diversão sempre que havia oportunidade de colocar as mãos em um novo título. Com o tempo, o estilo foi sendo diversificado e adaptado em novas propostas que vão agradar diferentes tipos de gostos, como um dos meus preferidos, Castle Crashers.
Josh Journey: Darkness Totems é mais um do estilo e chega cheio de personalidade. Não somente por ser um jogo desenvolvido em terras brasileiras, pelo estúdio Província Studio, mas também por já trazer sua marca logo de cara, principalmente com o visual todo desenhado a mão.
O título acompanha a saga do herói Josh e seus companheiros no mundo dos sonhos, tendo que lutar contra forças sombrias que andam ocupando as 4 províncias elementais, sendo água, deserto, vento e industrial. Assim como cada mundo, os heróis também compartilham poderes únicos de cada elemental. Josh é um guerreiro perito em espada e manuseio do vento. Melina é a garota do grupo, numa espécie de feiticeira que usa o elemento de água para atacar. Farquol é um tamanduá guerreiro, usa um martelo e ataques de terra como armas. Por fim, Z.O.Z. é um ser mecânico que utiliza de diversos apetrechos robóticos contra inimigos.
A jornada de Josh e seus amigos é passar por todas as províncias dominadas pelas forças sombrias e controladas pelos totens da escuridão presentes em cada uma. Enfrente cada missão, contra diversos inimigos afetados pela escuridão, e chegue aos chefes guardiões de cada totem em suas províncias. Derrote cada um para livrar o mundo desse perigo e restaurar a paz de vez no reino.
Quanto a sua história, Josh Journey não apresenta nada complexo e a maior parte da narrativa acontece em curtos diálogos e também pequenos vídeos. Funciona bem e serve como o pano de fundo certo para o que pode ser explorado na jogabilidade, que quase sempre é o foco em jogos do tipo.
Um dos grandes trunfos do jogo é a possibilidade de poder jogar com todos os personagens quando quiser. Ao jogar solo, é possível alternar instantaneamente para qualquer outro herói e utilizar de suas habilidades para cada situação. Isso aumenta o dinamismo em cada fase e encontros, dando sempre ao jogador a capacidade de aproveitar com seu herói preferido, focar em um tipo de ataque e combinações que acha mais efeito ou simplesmente fazer um enorme trabalho em equipe com um controle só.
O combate segue o padrão do gênero, com um comando de ataque rápido, outro forte, uma habilidade especial, pulo e também a combinação de botões para criar combos ou uso de habilidades que podem ser adquiridas com pontos no santuário, um local que também serve como teste de golpes e também recuperação de vida.
Comandar cada personagem e suas diferenças é algo divertido aqui e funciona bem, mas o grande problema do jogo é referente aos seus inimigos e o tipo de dificuldade artificial que é incorporado aqui. Acredite, se houvesse um certo balanceamento dos inimigos e também do design de combate escolhido, Josh Journey: Darkness Totems seria um bom jogo para recomendar, mas infelizmente não é o caso.
Ainda que possa parecer que a intenção é entregar um combate difícil e punitivo, o que o jogador recebe é algo desleal, desnivelado e até mesmo quebrado. Inimigos sempre vão funcionar num ritmo diferente do jogador, com golpes que sempre vão acertar mediante hitboxes imprecisas e a movimentação delas não funcionando bem, como o pulo sendo inefetivo funcionando como uma espécie de esquiva.
Além disso, o jogador é constantemente colocado em situação de impotência, sempre cercado por diversos inimigos e sem ter como evitar isso, recebe ataques que provocam tempo de recuperação imenso e que já o deixa pronto para ser atacado novamente sem chance de sair dessa situação, inimigos que com tempo de janela mínimo para ataque e também com nenhum interrupção de seus golpes.
Há ainda o fator desequilíbrio para a quantidade de jogadores. A melhor maneira de aproveitar o jogo, para também evitar um pequena parte dos problemas de jogabilidade, é ter 4 jogadores dividindo a mesma tela. Seja solo ou em dupla, a experiência é bem deprimente pelo combate desfavorável e nunca divertido, mesmo sendo os únicos modos onde é possível alternar seus heróis ao mesmo tempo.
Você pode dizer que é uma questão de dificuldade e como é preciso aprender e mapear inimigos para melhor responder aos problemas enfrentados, mas é nítido que mesmo isso não ajudaria a evitar momentos de frustração que irão ocorrer aos montes. Mesmo entender o sistema de habilidade e algumas específicas de certos heróis só vão te facilitar em algumas situações, mas jamais evitar esses problemas.
Apesar disso, há pontos que precisam ser enaltecidos aqui e teriam mais evidência se não fossem os problemas já citados. A trilha sonora é excelente e muito bem apresentada, mesmo em situação que o jogador lembre mais dos mesmos tons repetidos por ficar preso em batalhas ou chefes. E, obviamente, a arte do jogo feita toda feita à mãe e as ótimas animações são um deleite visual. Com certeza não falta qualidade na parte artística do jogo.
Infelizmente, como qualquer jogo, quando a parte mais tangível ao jogador, sua jogabilidade, acaba tendo problemas sérios, outras qualidades acabam não recebendo o destaque que merece. Esse é o grande problema aqui, quando o ato de jogar acaba sendo frustrante e monótono a ponto de impedir o jogador de aproveitar a experiência completa que o jogo possa oferecer.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela QUByte Interactive.
Veredito
Josh Journey: Darkness Totems possui destaques positivos na sua parte artística como um todo, mas os sérios problemas de jogabilidade impedem qualquer sucesso na experiência final.
Veredict
Josh Journey: Darkness Totems has positive highlights in its artistic part as a whole, but serious gameplay problems prevent any success in the final experience.