O primeiro Injustice foi um teste para a NetherRealm Studios: além de sair de sua zona de conforto (Mortal Kombat), era preciso criar uma nova série de jogos de luta, principalmente com mecânicas únicas. E deu certo. O jogo foi bem recebido de maneira geral e conseguiu seu lugar ao Sol.
Agora, quatro anos depois, recebemos sua sequênica. Valeu a pena esperar?
Sim. Antes de mais nada, quero deixar claro que Injustice 2 é um excelente jogo de luta, conseguindo melhorar praticamente todos os aspectos do primeiro título.
Há apenas dois defeitos que quero destacar logo de cara. O primeiro é a ausência do S.T.A.R. Labs – o modo que permitia jogar missões com diferentes objetivos para todos os personagens. Da mesma forma que Mortal Kombat X descartou a torre com 300 desafios de Mortal Kombat para dar lugar às variadas torres (e que não possuem o mesmo charme), Injustice 2 joga fora o laboratório pelo modo Multiverso, o qual acaba mesclando de tudo um pouco e que logo mais falaremos mais sobre ele.
O outro defeito é no gameplay: os personagens que retornam do primeiro jogo estão muito similares, possuindo os mesmos combos e golpes especiais, dadas algumas exceções. Obviamente que há personagens novos e alterações nos que retornam, mas de uma maneira geral quem jogou o primeiro Injustice se sentirá em casa ao usar um personagem que esteja nele também. Mortal Kombat X inovou bastante alterando praticamente tudo que vimos no seu antecessor e esse tipo de inovação fez um pouco de falta aqui.
Pronto. Exceto esses dois pontos, só temos elogios ao jogo. Primeiramente, vamos falar do modo história, que continua sendo lutas variadas com personagens pré-definidos (a novidade agora é que há momentos em que você pode escolher entre 2 personagens). Por ser sequência direta, é interessante você conferir a do primeiro título antes de jogar. Sem dar muitos spoilers, Brainiac aparece para atacar a Terra e agora os heróis ficam no dilema de soltar ou não o Superman para salvá-la.
Em minha análise do primeiro jogo, critiquei seu modo história. Não que fosse ruim, mas achei muito previsível. A maneira que a história ia acabar estava muito óbvia bem antes de acontecer. Já Injustice 2 corrige isso, deixando rolar eventos imprevisíveis e principalmente dois finais distintos.
Além do modo história, temos o Multiverso. Esse modo funciona basicamente como um Arcade com variedade. Cada "mundo" apresenta eventos, que, por sua vez, são sequências de inimigos a serem derrotados com regras específicas. Se você jogou Mortal Kombat X, basta pensar nas torres vivas mas com uma variedade um pouco maior. É nesse modo também que podemos ver os finais de cada personagem, como um Arcade Mode nos moldes clássicos.
Por fim, há o modo online. Não há novidades aqui, consistindo ainda de partidas privadas, ou casuais e ranked com aleatórios. Há também as salas, algo que todo jogo da NetherRealm Studios possui. A vantagem é que o netcode aprimorado que Mortal Kombat X recebeu bem mais tarde já está incluso no lançamento de Injustice 2, tornando-o excelente. Em todas as partidas online que joguei, não sofri problemas.
Ainda numa espécie de online, há um modo em que você configura uma equipe de 3 personagens e deixa que a CPU lute por você contra outros 3 personagens definidos por outros jogadores, também controlados pela CPU (ou seja, CPU x CPU). Esses 3 personagens possuem níveis e estatísticas que você obteve por eles e é aqui que entra o modo de customização.
A maior novidade de Injustice 2 é a sua customização. Enquanto Mortal Kombat X se esforçou em trazer três estilos diferentes para cada personagem no intuito de oferecer variedade, Injustice 2 busca fazer isso com uma quantidade quase infinita de opções de customização.
Nesse quesito a NetherRealm Studios merece palmas. O modo foi muito bem implementado, agradando a qualquer tipo de jogador. Se você não se importa com isso, pode ignorar completamente e jogar sempre com as regras de campeonato definidas no próprio jogo. Se você gosta de customizar, mas não quer perder tempo olhando todas as opções ou ficar destravando, mesma coisa: basta ativar nas regras de campeonato a opção de armaduras aleatórias. Sempre aparecem coisas bacanas e você não precisa se esforçar para conferir.
No entanto, a verdadeira graça é desbloquear as armaduras (você ganha caixas com elas simplesmente jogando – bem no estilo de Overwatch) e depois customizar seu personagem do seu jeito. Algumas armaduras requerem que o personagem tenha um certo nível, mas isso é facilmente alcançado jogando com ele.
As armaduras não só causam uma mudança no visual, mas também nas estatísticas do personagem. Por isso, é preciso pensar bem no que vestir nele. No fim, se certas armaduras são boas em números mas são feias em aparência em sua opinião, é possível facilmente transformá-las.
E acredite: são muitas armaduras. A variedade é impressionante e você pode passar muito tempo editando o seu personagem favorito.
Injustice 2 possui uma dublagem em português do Brasil. A localização está excelente, simplesmente fora de série. Os dubladores se encaixam nos personagens e as falas, idem. No entanto, nem tudo são flores.
Infelizmente há alguns pequenos problemas, como uma hora no modo história em que o Superman diz "Bruce!" algumas vezes com um tom bem baixo, sendo que, considerando a cena, deveria ser o contrário. Outra coisa são os diálogos – as falas que acontecem antes das lutas com os personagens, algo introduzido em Mortal Kombat X e que foi expandido ainda mais aqui.
Alguns desses diálogos foram traduzidos, mas não adaptados. Vou dar um exemplo: em inglês, a frase original deve ser algo como "be warned" (esteja avisado/a). Ou seja, não há um gênero definido, com a frase podendo ser usada tanto para homem quanto mulher. Em português, porém, isso não acontece. Como a NetherRealm usa o mesmo diálogo para diferentes ocasiões, surgem coisas como um personagem masculino receber falas de "esteja avisada", por exemplo. E isso é só um caso. Há outras situações em que as piadas não fazem sentido em português, pois, novamente, provavelmente foram definidas para outras conversas e estão sendo reutilizadas em contextos diferentes. Repito: são poucos casos e possivelmente você nem notará isso, mas como estou gravando todos os diálogos dos personagens para o canal no YouTube, acabei percebendo esses pequenos erros.
Veja aos 31:50. O Coringa virou mulher e não estamos sabendo. Fora isso, vários diálogos são excelentes, recomendamos 26:10 e 40:00.
Injustice 2 é, portanto, um jogo bastante sólido. Além dos modos interessantes e que farão você gastar bastante tempo, o gameplay foi melhorado. Temos tudo o que existia no primeiro jogo, com a adição de novas mecânicas simples, mas eficazes (rolar pela tela inteira gastando barra, sair de um combo em estado juggle gastando barra e delayed wake-up, por exemplo). Os Supers também são novos para todos os personagens. Por fim, os personagens inéditos são todos bem-vindos, adicionando ainda mais variedade.
Veredito
Injustice 2 é um excelente jogo de luta. Apresenta um modo história sólido e variedades incríveis nos modos Multiverso e de customização, sem contar o online muito bom. Há ainda algumas novas mecânicas no gameplay e personagens inéditos, porém a base é muito parecida com o primeiro Injustice e talvez tenha faltado uma inovação e variedade como vista na passagem de Mortal Kombat (2011) para Mortal Kombat X.
Jogo analisado com cópia física fornecida pela WB Games.
Veredito
Veredict
Injustice 2 is an awesome fighting game. It has a solid story mode and an incredible variety in the Multiverse and customization modes. The online mode is very good as well. There are some new mechanics in the gameplay and new characters, but the game’s foundation is very much alike its predecessor, and it could have a little more innovation and variety, as seen when Mortal Kombat (2011) evolved to Mortal Kombat X.