Heavenly Sword

Heavenly Sword chegou ao mercado carregando uma imensa responsabilidade nas costas: ser suficientemente bom para preencher uma lacuna na fraquíssima line-up inicial do Playstation 3. Produzido pela novata Ninja Theory, e lançado em meados de 2007, Heavenly Sword era um título ambicioso que prometia visuais estonteantes, história de primeira e jogabilidade variada. Os trailers iniciais do game mostravam batalhas acrobáticas e com hordas de inimigos para enfrentar ao mesmo tempo, além de outros elementos que já haviam consagrado séries de sucesso como God of War. Porém, a ambição do projeto acabou sendo um tiro no próprio pé da Ninja Theory, que não conseguiu concretizar tudo o que desejava.

 

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O game conta a história de Nariko, uma jovem guerreira pertencente a um antigo clã que tinha o dever de proteger a Heavenly Sword, uma poderosa e perigosa espada sagrada que há séculos havia sido utilizada para derrotar o maligno Raven Lord. Entre o clã, existia uma profecia que enunciava o nascimento de um guerreiro que viria ao mundo e dominaria a espada sagrada com o objetivo de banir todo o mal. Só esse guerreiro poderia carregar a espada sem sucumbir ao seu poder, de forma que qualquer outro guerreiro morreria caso a utilizasse. No dia em que a profecia apontava a ocorrência do nascimento do grande guerreiro, nasceu Nariko, fato que causou repulsa à garota por parte do clã, que acreditava que ela poderia ter comprometido a profecia por ter nascido naquele dia tão esperado.

Shen é o líder do clã e pai de Nariko, sendo assim, desenvolve uma relação de amor e ódio com a filha. Dentro do clã, a protagonista só pode confiar em uma pessoa: sua perturbada irmã Kai, uma garota ágil e perspicaz que carrega consigo um arco. Kai e Shen, além do próprio clã de Nariko (apesar da repulsa de todos ), são as grandes motivações da garota para sua jornada.

O game começa na batalha final entre o clã de Nariko e o exército de Bohan, rei de terras distantes que deseja obter a Heavenly Sword. O jogador assume o papel de Nariko que, portando a Heavenly Sword, luta desesperadamente tentando evitar a chegada do exército à fortaleza onde se encontra o clã. Após derrotar um grande número de soldados, Nariko sucumbe ao poder da espada. Assim, a garota é levada ao limbo, e lá revive em suas memórias os cinco dias que antecederam a grande batalha em que ela se encontrava.

 

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Dividido em seis capítulos, o game revela tudo que aconteceu a Nariko e seu clã desde o primeiro ataque de Bohan ao seu castelo. Cada capítulo é dividido em uma série de fases curtas em que o jogador deve avançar derrotando diversos inimigos e resolvendo alguns puzzles. O game funciona de forma similar a um beat’em up tradicional como God of War ou Devil May Cry. O jogador conta com dois botões de ataque, um de agarrão e outro para saltar, e a alavanca direita do controle é utilizada para a execução de esquivas. Além disso, ao se pressionar o botão triângulo no momento certo, Nariko executa um contra-ataque fatal. Por fim, Nariko defende os golpes dos inimigos automaticamente, bastando o jogador não estar atacando ao ser golpeado.

Após alguns capítulos, Nariko passa a utilizar a Heavenly Sword, e a jogabilidade se torna mais profunda. Os botões L1 e R1 passam a ser utilizados para modificar o estilo de luta da protagonista, assim como a forma de utilização de sua arma. Segurando L1 ao atacar, a Heavenly Sword se transforma em duas correntes similares às utilizadas por Kratos em God of War, e os ataques são mais rápidos, porém menos efetivos. Já segurando R1, Nariko empunha uma fortíssima espada que peca apenas por ser muito mais lenta, tornando os golpes mais imprecisos e as esquivas mais difíceis de serem executadas.

Em certos momentos, o jogador deve resolver alguns puzzles, sendo a maioria deles simples e limitada (como por exemplo procurar e ativar alguma alavanca que possa abrir passagem). Há outros puzzles mais divertidos em que Nariko deve acertar escudos em interruptores para abrir caminho,mas infelizmente esses desafios são mais raros. A protagonista possui a habilidade de se concentrar para controlar objetos com a mente, tornando possível a alteração do caminho a ser percorrido pelos itens arremessados. Para a execução do movimento, o jogador deve segurar o botão quadrado e utilizar os sensores de movimento do SixAxis para controlar a trajetória do objeto arremessado. No começo o comando pode parecer impreciso, porém com um pouco de prática sua utilização se torna simples, eficiente e gratificante.

 

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<p>Kai também é uma personagem controlável em algumas fases, e por possuir um arco ao invés de uma espada, a dinâmica dos combates muda bastante. Na maioria dos casos, Kai permanece escondida em algum ponto apenas atirando nos soldados a fim de proteger seu clã. Em outros, a garota deve chegar a um objetivo escapando dos inimigos e derrotando-os quando obtiver uma certa distância que possibilite disparos. Em ambas as situações, Kai pode utilizar o mesmo controle de mente que sua irmã possui, tornando as passagens muito divertidas.</p>
<p>No decorrer das fases, Nariko e Kai obtém emblemas que fornecem novos movimentos à protagonista e destravam galerias de arte, making-ofs, entrevistas e outros extras relacionados à produção do jogo. Os novos golpes aprendidos são muito úteis, pois a dificuldade do game é crescente, o que torna a gama de movimentos inicial limitada. Já os outros extras seriam mais interessantes se não houvesse a possibilidade deles serem baixados gratuitamente na PSN Store. A possibilidade de obter os extras na Store torna desnecessária a obtenção dos emblemas, o que diminui muito o fator replay do game.</p>
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<p>Graficamente, para o ano em que foi produzido, o jogo é muito satisfatório. Os cenários são bem vastos, vivos e detalhados, e contam com muitos objetos destrutíveis. Além disso, as animações de todos os personagens são bastante fluídas e parecem sempre muito naturais. Entretando, ocorre um grande problema quando o jogo deve processar batalhas com muitos inimigos em cenários muito abertos: surgem slowdowns terríveis que prejudicam muito o gameplay, pois o jogador perde o controle do que se passa na tela, o que causa diversas mortes desnecessárias. Por outro lado, as cutscenes são muito bem produzidas, de forma que conseguem emergir cada vez mais o jogador na interessante história do game. Vale destacar as expressões faciais dos personagens, que são extremamente convincentes. Seus olhos brilham de tal forma que dá a impressão que eles estão vivos e realmente sentindo na pele o que está ocorrendo na tela. Bohan é o grande destaque, com falas memoráveis e expressões de cair o queixo.</p>
<p>As músicas são orquestradas e se encaixam perfeitamente com o clima feudal do game, tornando a experiência de vagar pelos lindos cenários ainda mais prazeroza. Os efeitos sonoros também são muito bem realizados, desde caixas de madeira se quebrando até o som das catapultas de Bohan atirando gigantescas bolas de fogo contra a fortaleza do clã de Nariko. A dublagem do jogo é outro ponto que merece um grande destaque: contando com a atuação de Andy Serkins (famoso pela sua excelente atuação como Gollum na trilogia cinematográfica da obra "O Senhor dos Anéis") no papel de Bohan, e Anna Torv (famosa pela sua não tão boa atuação como protagonista da série Fringe) no papel de Nariko, as dublagens são primorosas. Causa perplexidade ver uma atriz pouco expressiva como Anna Torv dar vida à Nariko de forma tão brilhante. Já Andy Serkins dá um show e torna Bohan um dos vilões mais marcantes e carismáticos de todos os tempos. É bom assim.</p>
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Porém nem tudo são flores para quem joga Heavenly Sword. O jogo é muito repetitivo e limita o jogador a guiar Nariko ou Kai de um ponto a outro, derrotando sempre os mesmos inimigos, sempre com os mesmos pontos fracos. Os puzzles também são muito fáceis e simplórios, fazendo com que pareça que eles estão no jogo apenas para preencher espaço e aumentar o tempo gasto para a conclusão da aventura, que mesmo assim é muito curta, tendo em média uma duração de oito horas. Outro ponto negativo é a imprecisão da câmera, que frequentemente se posiciona em lugares inconvenientes, atrapalhando bastante os combates, que por si só já são complicados devido aos slowdowns apontados anteriormente. Além disso, os combates são prejudicados pela ausência de botões para a realização de movimentos defensivos, o que obriga o jogador a interromper combos para realizá-los. Assim, o jogador prefere utilizar a esquiva à defesa, para não interromper o ritmo das batalhas.

Além de curto, o game não conta com suporte a troféus nem modos online ou multiplayer. Após uma partida, não há motivos para uma nova jornada, dado que os extras destraváveis com a obtenção dos emblemas podem ser baixados na PSN Store.

Heavenly Sword é um bom game, porém a ambição da Ninja Theory acabou por não torná-lo um título obrigatório para compra. Por outro lado, o cuidado da produtora com os detalhes, a história, os gráficos e a dublagem fazem com que o jogo mereça ser pelo menos alugado. E mesmo com as inconsistências inerentes à jogabilidade e a falta de fatores que estimulem uma nova partida, temos uma aventura sólida que merece ser experimentada, mesmo que depois o game nunca volte ao console.

Veredito

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