Heart of the Woods – Review

Heart of the Woods é uma visual novel ocidental (OELVN – Original English Language Visual Novel), desenvolvida pelo Studio Élan, grupo especializado em histórias yuri (romance entre garotas), e publicado pela Sekai Games, braço da Sekai Project para lançamentos de jogos em consoles.

Heart of the Woods começa contando a história da dupla Tara e Maddie, amigas por trás do famoso canal de caça ao paranormal chamado “Taranormal”. Tara, sendo a apresentadora, é bastante extrovertida e brincalhona, enquanto Maddie, a responsável pelos bastidores e filmagem, costuma ser mais introvertida e diligente.

Após Maddie revelar que sairia do canal para focar em seus estudos, a dupla faz uma última viagem a trabalho para Eysenfeld, uma cidade no interior da Alemanha, após o convite de Morgan, uma inscrita no canal que diz ter encontrado vários eventos paranormais em sua cidade.

Tara e Maddie, após horas e mais horas de avião e depois trem, chegam na idílica cidade, rodeada de florestas e neve, sem muito contato com o mundo exterior. Após encontrar Morgan, as duas são levadas à sua hospedagem durante esse mês de estadia, para então caçar os eventos paranormais e, quem sabe, criar algum conteúdo para o canal nessa reta final da parceria.

O que Tara e Maddie não contavam é que, após muitas tentativas frustradas de investigar os mistérios da cidade ao falar com os habitantes do vilarejo, descobririam que talvez Morgan não tivesse mentido para trazê-las à sua cidade, e que sim, eventos sobrenaturais ocorrem nas profundezas das florestas de Eysenfeld.

Sendo uma visual novel com foco em yuri, é de se esperar que romance será um dos pontos focais da história, apesar de não ser como se encontra em outros jogos, em que a protagonista ou as protagonistas poderão escolher seus pares românticos durante a história. Apesar de ser yuri, Heart of the Woods não é um dating-sim.

A história divide o holofote entre várias personagens ao mesmo tempo, seguindo o ponto de vista entre quatro delas. Com o passar do jogo, a história passa a acompanhar além de Tara e Maddie, mostrando também o que passa pela cabeça de Morgan e outra personagem introduzida por volta da metade da história.

Dito isso, o aspecto de romance não é o único em destaque no jogo. Eventos paranormais, envolvendo magia, fadas e a floresta de Eysenfeld, também passam a figurar como força motriz, a fim de dar um propósito para as garotas, que passam a se juntar para derrotar a força maligna que ameaça não apenas suas vidas, como a floresta e todos animais que ali vivem.

Apesar de ser uma visual novel, gênero bastante conhecido por jogos japoneses, há uma notada diferença quando desenvolvido por equipes ocidentais, principalmente no senso de humor. Heart of the Woods traz um humor que beira o vergonhoso em momentos pontuais, de piadas que não tem graça, assim como seu romance destoa um pouco da realidade, entrando naqueles clichés de amores avassaladores que se desenvolveram em poucos dias no tempo do jogo.

Esses pontos, principalmente o do romance, distraem um pouco quando a história tem seus momentos de engrenar, o que talvez tivesse sido corrigido com alguns passes de leitura por pessoas fora da equipe de desenvolvimento. Esse jogo é um port da versão de PC lançada em 2019 e sei que a proposta não seria de mudar o jogo para versão de consoles, mas é algo intrínseco do jogo que merece ser pontuado.

Quanto à arte do jogo, talvez seja o ponto mais positivo do conjunto. Ela fica na metade do caminho entre uma arte mais oriental e ocidental, tendo um traço característico, sem que os personagens fiquem muito cartunescos ou caricatos, com tons de rosa, branco e amarelo para colorir as personagens, suas roupas, cabelos e mesmo o cenário.

Uma arte bem feita talvez seja o ponto principal entre jogadores de visual novel quando se deparam com uma OELVN, pois costuma ser não apenas o primeiro ponto que se repara em qualquer jogo, como também o mais fácil de parecer “barato”, o que não é o caso de Heart of the Woods.

A trilha sonora do jogo faz seu trabalho, com várias faixas em piano para evocar o ar de interior, inverno e mistério em grande parte das cenas. O jogo é dublado em inglês, com atuações que variam entre críveis e boas a atuações mais… Cringe, por assim dizer. A média da dublagem é positiva, mas com uma história que se situa mais para um elenco feminino, algumas falas e cenas se aproximam também do infantil, o que eu imagino não ser exatamente intencional.

No geral, Heart of the Woods impressiona ao mostrar que OELVNs podem ser tão capaz quanto visual novels japonesas, mas com uma história e personagens clichés, que até surpreendem na abordagem de algumas temáticas, principalmente a LGBTQIA+, não consegue vencer e contar uma história inédita ou cativante.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Sekai Games.

Veredito

Heart of the Woods é uma visual novel perfeitamente normal, sendo uma boa introdução para quem nunca jogou uma visual novel ocidental. Porém, conta com clichés e uma história que se divide entre romance que não parece muito crível e um mistério com desfecho previsível, não alcançando todo seu potencial e acaba deixando a desejar.

70

Heart of the Woods

Fabricante: Studio Élan

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Visual Novel

Distribuidora: Sekai Games

Lançamento: 14/02/2022

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Heart of the Woods is a perfectly fine visual novel, a good introduction to those that have never played an OELVN. However, it has clichés and a story that is divided between a romance that doesn’t seem very believable and a mystery with a predictable outcome, not reaching its full potential and ends up leaving something to be desired.