GRID Autosport

Ao longo dos últimos anos, a Codemasters ganhou certo renome na indústria gamer graças a um estilo quase único em seus jogos de corrida: uma mistura do prazer de dirigir de maneira descontraída dos jogos arcade somado à exigência de frenar nos momentos certos e manter o controle do carro, comum aos jogos de simulação.

Eis que apenas um ano após o lançamento de GRID 2, a Codemasters nos traz GRID Autosport, um jogo mais refinado e com uma proposta mais direta ao ponto. O lado positivo disso tudo é que o modo história foi retirado, o que acaba deixando o jogo muito menos arrastado. Você não está mais em busca de fama, como em GRID 2. Aqui, você precisa apenas se preocupar em escolher uma das categorias, selecionar o evento e correr.

A primeira mudança a ser notada é na jogabilidade. GRID Autosport não te “obriga” a fazer as curvas derrapando, como acontecia em GRID 2. Aqui, o que vale é frenar no ponto certo e fazer as curvas na tangência correta. Em contrapartida, o que equilibra muito o jogo e o torna mais arcade é a presença do Flashback, parceiro de longa data dos jogos da Codemasters. Ao pressionar um botão, você volta no tempo e corrige um erro, seja uma batida ou apenas um deslize em uma curva fechada.

O modo carreira é dividido em cinco categorias: Touring, Endurance, Open Wheel, Tuner e Street. Dentro de cada um deles há vários eventos que você desbloqueia conforme avança no jogo, por meio de pontos de experiência ganhos a cada corrida.

Os eventos de Touring são os mais competitivos. Correndo lado a lado em curvas disputadíssimas, aqui é praticamente impossível terminar uma corrida com o carro inteiro.

Nos campeonatos de Endurance, a atenção fica voltada para a economia dos pneus, pois eles desgastam. No canto da tela fica um gráfico mostrando um contador regressivo para cada pneu. Enquanto o contador estiver marcando de 100 até 51, não é sentida nenhuma diferença significativa na jogabilidade. Entretanto, a partir do momento que o mostrador marca 50, o carro começa a sair de traseira nas curvas, ocasionando uma mudança brusca de jogabilidade. E além do mais, o desgaste dos pneus acaba não fazendo muito sentido, pois nem mesmo pit stop você pode fazer.

Os carros de Fórmula marcam presença nos eventos de Open Wheel. Entre categorias menores e intermediárias, há também categorias mais avançadas, como a Fórmula Indy.

O modo Tuner é muito controverso. Ele tem uma grande variedade de carros e eventos. Porém, a Codemasters insiste em colocar eventos de Drift em um jogo de corrida. Uma competição baseada na medição da performance através da contagem de pontos em uma simples apresentação não deveria figurar em jogo de corrida. Ou então que façam como a série Gran Turismo, que nos dá a opção de jogar eventos de Drift no modo arcade ou até mesmo no multiplayer, e não introduz esse modo que nada tem a ver com “corrida” em nossas goelas abaixo. Até porque da mesma forma que há muitas pessoas que gostam, há pelo menos o mesmo tanto de pessoas que não suportam Drift.

Por fim, o modo Street, como sugere o nome, são corridas de rua, sendo que a grande maioria delas foi reaproveitada de GRID 2. Fora do modo carreira há também a opção de disputar corridas de Demolition Derby, porém, há apenas um carro e uma pista.

O modo online segue basicamente a mesma estrutura do modo carreira, com os mesmos modos de corrida distintos e pontos de experiência para cada um deles. Além disso, a Codemasters alimenta o jogo com eventos novos constantemente. Porém, parece que ainda não encontraram um jeito de inibir os jogadores que não estão nenhum pouco a fim de competir de forma justa, usando o carro dos outros players como escora na hora de fazer as curvas. Talvez justamente pelo fato da proposta do jogo não ser a de simular todos os elementos de uma corrida, os players acabam não levando o jogo a sério o suficiente pra jogar de forma ética e razoável.

Aliás, o que a Codemasters fez pra tornar a experiência multiplayer semelhante à do single player nada tem a ver com o modo online, e sim com a inteligência artificial dos oponentes no modo carreira. Ela conseguiu trazer a experiência frustrante de ser prensado entre vários carros correndo de forma desleal do multiplayer para o single player através de uma das piores IA que já figuraram em um game. Uma coisa é tornar uma corrida disputada, promovendo a competitividade; outra coisa é deixar o jogo extremamente frustrante por conta de pilotos que não estão nem um pouco preocupados se o seu carro está no meio do trajeto no momento de uma tangência, batendo a todo instante em seu carro.

Uma atitude admirável da Codemasters é continuar incluindo o modo multiplayer local em tela dividida, inclusive com a opção de criar eventos personalizados e correr em equipe. Além disso, a dublagem em português brasileiro está ótima, como tem sido frequente nos jogos da Codemasters nos últimos anos.

Um dos pontos mais controversos do game é o retorno da câmera do cockpit, cuja ausência foi bastante criticada em GRID 2. O resultado final não passa de uma piada de mal gosto da Codemasters. O interior dos carros não passa de fotos 2D, sem proporcionar o menor senso de profundidade nos painéis e outros detalhes internos. Se isso não fosse o bastante, ainda há um excesso de blur, cuja intenção provavelmente é a de esconder os defeitos, mas que acaba deixando tudo mais feio ainda.

Outro ponto negativo são os gráficos. A engine EGO, que um dia impressionou o mundo gamer com belos gráficos e níveis de destruição nunca antes vistos, hoje mostra que está muito ultrapassada. A desculpa de que o PlayStation 3 já não é potente o bastante pra suportar os gráficos ultramodernos de hoje em dia não cola, pois Gran Turismo 6 está aí pra provar o contrário.

E se há algo em que a Codemasters se tornou mestre, é nas DLCs. Não na qualidade delas, mas sim em fazer jogos com pouquíssimo conteúdo pra depois de poucas semanas do lançamento do jogo, entupir a PSN com DLCs incluindo novas pistas e carros. Essa prática têm se tornado comum desde DiRT 3, e de lá pra cá está cada vez pior.

 

Veredito

GRID Autosport tem suas qualidades. Porém a quantidade de pontos negativos acaba dizimando os pontos positivos. Quem sabe se a Codemasters tivesse optado por prolongar a produção do game por pelo menos mais um ano, o resultado final poderia ser mais satisfatório. Os gráficos estão ultrapassados, a câmera interna dos veículos é desprezível, a “intelijumência artificial” é de estressar até mesmo o mais calmo dos jogadores, e por fim, o conteúdo extremamente limitado, fazem de GRID Autosport não somente um jogo desnecessário, mas acima de tudo cansativo e maçante.

Jogo analisado com cópia física fornecida pela Bandai Namco e Ecogames.

Veredito

60

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