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Gran Turismo 6

Gran Turismo 6 tinha uma missão um tanto quanto árdua: recuperar o prestígio daquela que é a série de maior sucesso de todos os PlayStations, após GT 5 ter sido um jogo que dividiu opiniões. Além disso, o jogo ficou um pouco ofuscado, pois foi lançado para o PS3 logo após a chegada do PS4.

Apesar de ter vendido mais de 70 milhões de unidades, a série Gran Turismo nunca foi a “queridinha” do grande público. É um jogo do tipo “ame ou odeie”. Muito disso se deve ao fato de sua proposta em simular as situações encaradas por um piloto de corridas na vida real, bem como à ausência da sensação de velocidade exagerada encontrada em jogos como Ridge Racer e Need For Speed, por exemplo, em que há uma overdose de letreiros luminosos e blur inundando seus olhos em uma sensação lisérgica.


Ao iniciar o jogo pela primeira vez, há um tutorial que é tão básico quanto desnecessário. O intuito da inserção do tutorial é dar boas vindas aos novos jogadores, principalmente àqueles não acostumados a simuladores. Entretanto, apesar de focar no realismo, a série Gran Turismo sempre soube respeitar os que preferem a diversão casual à simulação pura, inserindo várias assistências, desde controle de tração, auxílio na frenagem, entre outros, o que acaba não justificando o tutorial. Os menus estão bem mais intuitivos e fáceis de serem navegados, basta usar os botões L1 e R1 para ir de uma aba a outra, ou apenas apertar o botão Start para aparecer no canto superior direito um menu mais básico, porém, ainda mais intuitivo.

Quando você finalmente começa a guiar o carro, a primeira grande diferença a ser notada com relação à GT 5 é o novo sistema de física do jogo, principalmente no que diz respeito à suspensão do carro. Ao fazer uma curva, quanto maior for a velocidade, maior será a sensação de força centrífuga causada pela inércia agindo em sentido contrário ao da tangência. Pode parecer um tanto quanto tolo falar isso, mas jogando você realmente sente um apuro técnico da Polyphony Digital em deixar tudo o mais real possível.


Diferentemente de Gran Turismo 5, aqui você deve completar as licenças automobilísticas para poder progredir em sua carreira como piloto, da mesma forma como acontecia até GT 4. Outra coisa que foi deixada de fora é a progressão por pontos de experiência. Basta você ter a licença necessária para poder entrar nos respectivos eventos, respeitando regras individuais a cada campeonato ou corrida, como limite de pontos de performance, tipos de pneu, carros com tração específica, ou até mesmo eventos exclusivos para determinados modelos de veículos.

Caso você resolva se aventurar pelas pistas pilotando um kart, esteja preparado: apesar desse tipo de veículo ter o centro de gravidade bem próximo ao solo, a diferença entre eixos é bem curta, fazendo com que o tempo de resposta para cada ação do piloto seja mínimo. Mais uma vez, aqui se destaca o novo sistema de física de Gran Turismo 6. Por exemplo, fazer uma curva pilotando um kart em alta velocidade e passar por cima da zebra exige certa perícia, pois basta um pequeno deslize para você ver o mundo girando a sua volta. No mais, pilotar um kart em GT 6 é uma das sensações mais prazerosas do game (palavra de quem já pilotou um kart na vida real).


Os gráficos do game também chamam a atenção logo de cara. Não chega a ser uma diferença gritante como aconteceu na transição entre GT 3 e GT 4 no PlayStation 2, mas percebe-se que a imagem está mais limpa do que em GT 5. Dentre as diferenças visuais, uma delas é a reformulação do sistema de sombreamento. Mesmo que ainda esteja longe da perfeição, as bordas das sombras foram suavizadas, gerando um visual mais limpo e agradável aos olhos, principalmente pra quem gosta de jogar utilizando a visão interna do carro (o que, em se tratando de um simulador, é bem provável que seja a preferência da grande maioria).

Apesar do visual do jogo como um todo estar mais bonito do que seu predecessor, alguns downgrades gráficos podem ser notados. O framerate, que apesar de ficar grande parte do jogo em constantes 60 FPS, apresenta algumas quedas de performance em certos momentos, porém, isso é tão raro que nem chega a atrapalhar a experiência do jogo. Outro detalhe a ser percebido são as partículas de chuva, menos densas do que em GT 5. Mesmo sob forte chuva você pode até desligar o limpador do para-brisa que não sentirá dificuldade alguma em ver a pista a sua frente.


Algo que continua deixando e muito a desejar é o design de som do jogo. Apesar de alguns carros terem recebido um tratamento especial, os roncos dos motores de uma maneira geral continuam extremamente genéricos, soando às vezes como um liquidificador em rotação máxima. Guiar uma Ferrari FXX tendo que ouvir um ronco não menos que esdrúxulo é uma experiência não compatível com todos os outros quesitos positivos do game. Se isso não bastasse, o som das derrapadas continua extremamente alto, abafando todos os outros sons. Definitivamente, a parte da sonoplastia é um ponto que a Polyphony Digital tem de rever, senão via atualização em GT 6, pelo menos que seja em um futuro Gran Turismo.

Outro quesito que está muito aquém do desejável é o sistema de danos. Ele está um pouco melhor do que em GT 5, mas há muito o que melhorar. Também continua havendo a distinção entre carros com o interior detalhado dos com interior simplificado. Não chega a ser algo que incomoda, mas se pensarmos que a Polyphony poderia economizar tempo deixando de colocar dezenas de Skyline’s, S2000’s, RX7’s, exatamente iguais entre si, mudando apenas detalhes do nome da versão dos veículos, e passasse a trabalhar com um apuro técnico maior nos detalhes estéticos do restante dos carros, não haveria essa dualidade dentro de Gran Turismo, entre carros que de tantos detalhes chegam a ser estonteantes e outros reaproveitados e apenas maquiados desde Gran Turismo 4.


Mesmo assim, é nos detalhes que GT 6 mostra e honra o calibre da franquia Gran Turismo. O interior dos carros (aqueles que possuem interior detalhado) é realmente muito bem feito, sendo possível ver os detalhes dos bancos de couro e da fibra que cobre os painéis. É possível até mesmo ver os discos de freio esquentarem tanto a ponto de quase se tornar brasa após uma freada brusca depois uma reta longa. O ciclo dia/noite foi incrementado com um céu estrelado e mudanças climáticas mais constantes e menos previsíveis. Correr em Nürburgring Nordschleife 24H – que na verdade pode ser completado em 24 minutos, ou seja, um segundo do tempo real equivale a um minuto dentro do jogo – é um dos pontos altos de GT 6. Ver o dia vertendo em noite, com constelações aparecendo na abóbada celeste e se esvaindo conforme o sol volta a brilhar no horizonte, tudo isso regado a muita chuva e neblina, faz desse um dos maiores espetáculos já criados no mundo das corridas virtuais.


Falando em pistas, a variedade delas em Gran Turismo 6 é imensa. Entre as pistas originais da série GT estão as clássicas High Speed Ring, Trial Mountain, Deep Forest, entre outras. Uma das novas pistas originais que é digna de nota é Matterhorn, que, assim como Eiger Nordwand, é situada nos Alpes suíços. Dentre as pistas reais, além da já citada Nürburgring Nordschleife, há também o retorno de outros circuitos clássicos como Circuit de La Sarthe, Spa-Francorchamps, Monza, Laguna Seca, e juntando a essas temos as estreantes Brands Hatch, Silverstone, Mount Panorama, e aquela que talvez seja uma das mais belas e impressionantes pistas que já figuraram em um game de corrida: Willow Springs, um complexo de circuitos no meio do deserto, com direito a aurora e crepúsculo capaz de estontear até mesmo os deuses do olimpo.

Pistas urbanas também marcam presença. Fazem parte desses circuitos famosos pontos turísticos de cidades como Londres, Madri, Roma, Tóquio e o principado de Mônaco. Há também pistas off-road, tanto na neve quanto na terra e no cascalho. Além do rally, há também espaço para os amantes de drift.


E como a palavra de ordem em Gran Turismo 6 é variedade, não poderia deixar de ser diferente com relação aos veículos. Não cabe aqui citar modelos específicos, pois a lista contém mais de 1200 exemplares, que vão desde veículos de passeio, passando por carros de luxo, superesportivos, e veículos preparados exclusivamente para corridas, como os GT3, LM, karts, entre outros. A customização também está presente, tanto na estética quanto na performance, podendo ser alterados desde detalhes do motor, escapamento, transmissão, suspensão, peso do veículo, e muito mais. Sem contar nas quase infinitas possibilidades de regulagem de cada uma das partes do carro, podendo alterar não só o desempenho como também a dirigibilidade. Uma das grandes novidades em Gran Turismo 6 é o Vision GT, uma parceria da Polyphony juntamente com algumas das principais montadoras e estúdios de design automobilístico do mundo, dentre os quais posso citar BMW, Mercedez-Benz, Audi, Alfa Romeo, Ford, Lamborghini, entre muitos outros. Só para constar, esses carros estão sendo desenvolvidos exclusivamente para figurarem em Gran Turismo 6, em comemoração aos 15 anos da série.


Como se não bastasse tamanho apuro técnico em simulação física ao longo dos últimos 15 anos, conduzindo a série Gran Turismo cada vez mais próxima da perfeição, a Polyphony resolveu dar um passo além em GT 6. Não obstante a absurda quantidade de carros, a estupenda seleção de circuitos, a Polyphony ainda encontrou tempo para criar eventos extras, entre eles algumas missões de exploração lunar. Sim, isso mesmo, você vai poder guiar uma réplica virtual do mesmo veículo usado pela tripulação do Apollo 15 em solo lunar em 1971. Guiar sob uma gravidade 6 vezes mais baixa do que a sentida na Terra é algo totalmente estranho de início, mas extremamente divertido após algumas tentativas frustradas.

A diversão também está presente no Goodwood Festival of Speed, evento no qual participam carros de várias épocas e estilos. A pista não chega a ter 2 km e se resume em ir de um ponto A a um ponto B. Mas como a intenção aqui é mais de desfilar do que de competir, o alto grau de diversão compensa a curta duração de cada corrida.


O modo online é extremamente divertido. Você pode montar uma sala e configurar não só a pista e o número de voltas a serem dadas, mas também pode restringir certos tipos de carros, controle de tração, entre outros detalhes, propiciando experiências para todos os gostos. Para quem não gosta de enfrentar oponentes reais, há também os Eventos Sazonais, que funcionam praticamente como os eventos normais do jogo, com a diferença de que você precisa estar online pra poder participar deles (apesar dos oponentes serem controlados por IA). E o melhor é que esses eventos são constantemente renovados, propiciando horas e mais horas adicionais de jogatina.

A Polyphony prometeu continuar alimentando o game com eventos novos mesmo após seu lançamento. Um deles é o Red Bull X Challenge, já adicionado, em que você pilota desde karts, passando por vários modelos do Red Bull X 2014. Há também o tão falado e aguardado evento em homenagem aos 20 anos da morte de Ayrton Senna, a ser lançado em breve, em que será possível guiar um kart idêntico ao que Senna pilotou no início de sua carreira. Haverá também um carro da Fórmula 3 e, claro, a lendária Lotus verde-musgo pilotada por Senna em 1985 em sua primeira vitória em Estoril, Portugal.

Veredito

Gran Turismo 6 possui falhas, dentre as quais algumas bem graves, como o design de som. Entretanto, o valor contido no pacote como um todo (a quantidade e a qualidade dos carros e pistas, por exemplo) é raramente encontrado em um jogo nos dias de hoje, tornando GT 6 o simulador automobilístico definitivo no PlayStation 3.

Jogo analisado com cópia física fornecida pela Sony do Brasil.


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