Gran Turismo 5

O review de Gran Turismo 5 do PS3 Brasil acabou sofrendo do mesmo mal que o próprio jogo. Kazunori Yamauchi exibiu o primeiro trailer do jogo no longínquo ano de 2006, e levou 4 anos pra realizar seu lançamento, dando sempre a desculpa de que a Polyphony Digital iria lançar um jogo perfeito. E esta é mais ou menos a mesma desculpa para o tardio lançamento desta análise: tentar ser a mais precisa possível. Vamos ver se esta expectativa pode ser cumprida. Não vamos nos ater a detalhes que você provavelmente já deve ter mais que decorado (mais de 100 veículos, licenças de dezenas de marcas, cerca de 70 configurações de circuitos disponíveis, A-SPEC, B-SPEC, modo Arcade, dentre outros), e sim pular aos fatos.

 

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O papel de verdadeiro simulador é cumprido à risca. Gran Turismo 5 certamente só pode ser comparado a simuladores profissionais como os utilizados por pilotos na vida real em modalidades como Fórmula 1 no quesito qualidade e realismo de sua simulação. A física dos carros e os efeitos que as configurações diversas proporcionam à jogabilidade são dignos de absoluto elogio. Quem já teve a possibilidade de dirigir veículos em situações de competição, seja em kartódromos, seja em corridas de demonstração em autódromos, seja tirando pegas pelas ruas (o que desencorajamos: trata-se de crime) vai logo perceber que todos os efeitos estão lá. Seja sobresterço, seja subesterço, seja a diferença do comportamento dos veículos em termos de estabilidade dependendo do tipo de tração, tudo está lá. A utilização de um volante com force feedback só torna este fator mais claro ainda.

 

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O mesmo pode ser dito dos cerca de 200 veículos considerados Premium (que correspondem cerca de 20% dos mais de 1000 veículos disponíveis no jogo). O nível de detalhamento chega a ser absurdo. Tive a oportunidade de comparar um dos veículos disponíveis no jogo (Civic Type R europeu) com a sua contraparte na vida real (Civic Si brasileiro) pessoalmente e, embora não se tratem exatamente da mesma versão, a representação é provavelmente o mais próximo que um jogo já chegou da vida real até hoje. É de encher os olhos.

Os elogios também podem ser estendidos ao Photo Mode, que com certeza será uma das modalidades do jogo onde você perderá mais tempo, brincando de fazer a foto perfeita, principalmente com os já citados carros Premium. Diversos cenários construídos com altíssima qualidade estão disponíveis para o fotógrafo virtual. O sistema de danos também é muito bem implementado (para os padrões pouco permissivos da indústria automobilística em geral). Amassados e partes que se quebram e se soltam são muito bem representados, embora só possam ser apreciados depois de se alcançar os níveis mais altos.

 

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A idéia de uma comunidade online também foi muito bem executada, com fóruns in-game, além de elementos de interação como presentes que podem ser dados aos companheiros online que possuem o jogo. O mesmo elogio também vale para a montanha de informações disponível para cada um dos carros, já ao consagrado estilo Gran Turismo, que podem ser apreciadas em Português, mesmo que de Portugal. A parte do som que importa para um jogo de corridas também deve ser destacada: o ronco dos motores. Cada carro tem um barulho de motor característico, que pode ser percebidos tanto durante as corridas, quanto na sua partida (ao se escolher um carro na garagem). O destaque para a possibilidade de utilizar músicas de sua própria biblioteca de música no PS3 também é válido.

O problema é que depois destes elogios encontramos uma série de pequenos problemas em Gran Turismo 5 que são suficientes pra tirar boa parte do seu brilho. Não é que eles destruam a experiência como um todo, mas é que certamente não os esperávamos em um jogo que esteve em desenvolvimento por tanto tempo. Talvez a culpa seja em parte de nós jogadores, por criarmos cada vez mais hype em cima de grandes lançamentos (provavelmente boa parte destes defeitos passaria batida em outros títulos). Mas o fato é que seja lá de quem é a culpa disso, os defeitos são claramente percebidos.

 

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Vamos começar então: A diferença entre os carros Premium e Standard é  absurda. Os carros Standard não possuem visão interna do cockpit, e  muitos parecem que vieram diretamente de Gran Turismo 4 ou do Gran  Turismo para PSP sem o menor tratamento. Serrilhados e gráficos de baixa  resolução são regra, e não exceção. O mesmo vale para a fumaça dos  pneus em derrapagens: parecem gifs animados! Os circuitos, muito bem  representados também, são um misto de incoerência: existe uma verdadeira  miscigenação de texturas de altíssima qualidade com texturas vindas  diretamente do PlayStation One. A variedade de circuitos é muito pouco  aproveitada. As competições sobrecarregam circuitos (olá, Nurburgring e  suas variantes) os apresentando várias e várias vezes, ao passo em que  discriminam outros (é com você mesmo, Special Stage Route 5, além dos  circuitos noturnos em geral). As licenças e competições especiais,  embora sejam uma adição muito bem-vinda e compartilharem de todos os  elogios feitos anteriormente (principalmente o Kart, a Nascar e os  desafios de Rally), sofrem por ficarem muito restritas aos desafios dos  eventos especiais. </p>
<p>O sistema de níveis (que dá certo ar de RPG ao jogo) tira toda aquela  dependência das provas de licença para progressão no jogo, mas só  funciona até por volta do nível 25. Depois disso fica  desproporcionalmente difícil subir de nível. Contente-se em repetir e  repetir eventos já concluídos, ou penar bastante nas corridas de  resistência.</p>
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<p>E não para por aí. Os campeonatos do modo A-SPEC, além de serem poucos  para a proposta do jogo, ainda sofrem com regras que permitem que carros  com muito mais potência do que os outros competidores sejam usados,  transformando algumas competições em barbadas. </p>
<p>O modo B-SPEC embora também seja uma boa adição ao jogo, se torna  maçante e repetitivo rapidamente. Com o tempo parece apenas um teatro de  replays, já que a interação do jogador é muito pouca. O multiplayer  sente muita falta de um sistema de matchmaking, já que a única  possibilidade é criar uma sala e esperar (muito) até que tenha  concorrentes em bom número para uma disputa sadia, mesmo que com pouco  lag, ou tentar utilizar alguns filtros para encontrar uma sala  minimamente competitiva, o que é bastante demorado e chato de se  conseguir. Os loadings, mesmo que a gigantesca instalação do jogo seja  realizada, ainda são bem maiores do que gostaríamos que fossem.</p>
<p>Só que <i>Gran Turismo 5</i> é um projeto tão grande que automaticamente dá um  fio de esperança aos jogadores. Muitos dos erros do jogo podem ser  consertados através de DLCs, o que a Polyphony promete que vai realizar.  E de fato já presenciamos alguns nestes primeiros meses, como a adição  dos danos mecânicos e dos eventos sazonais (dica: os eventos sazonais  semanais parecem ser a melhor alternativa para continuar a subir de  nível após o nível 25, mesmo que a espera talvez seja um pouco longa),  além de várias correções no modo online.</p>
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<p>Provavelmente esta análise também não é perfeita nem sequer definitiva,  como o próprio jogo. Mas sem dúvida leva em conta fatores que não foram  observados por aquelas análises que saíram no dia seguinte seu lançamento. E  não me entenda mal. <i>Gran Turismo 5</i> é o melhor simulador de corridas como  um todo que o PS3 possui. Os fãs do gênero vão deixar os defeitos  de lado e aproveitar o jogo do início ao fim (que promete ser ainda  muito distante). Mas o conjunto de pequenos defeitos que a Polyphony não  conseguiu evitar pode muito bem afastar em definitivo os jogadores  menos empolgados com o modelo de jogo. E talvez quando os prováveis  consertos chegarem, já seja tarde demais.</p>
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<div style=Outra opinião – Patrick Seabra


Gran Turismo 5 é um clássico exemplo de jogo que possui O Bom, O Mal e o Feio, sem nenhum trocadilho com o filme Western. O bom do jogo é a simulação espetacular, que como o Zaca bem disse, não possui concorrentes na geração. Além disso, os carros Premium são desnorteantemente belos, com uma modelagem de encher os olhos. Não queremos deixar nenhuma dúvida: no que diz respeito a realismo e fidelidade, GT5 está eras à frente de quase todos os concorrentes.

O problema é que os momentos maus e feios superam em muito os bons no que diz respeito a quantidade (embora não à qualidade). O design do jogo é horrível, e não digo apenas em relação aos menus. Adicionar suas músicas é uma odisséia, e você não recebe os carros automaticamente ao ganhar campeonatos. Nas licenças, ao obter um troféu de um mesmo nível que você já possuía (por exemplo, ter um tempo de prata e fazer um novo tempo de prata), o jogo o coloca de volta na tela principal da licença, ao invés de oferecer um simples Retry (embora este problema tenha sido corrigido no patch 1.05). Alem disso, o editor de pistas é extremamente limitado e faz pouco sentido, mudando drasticamente o percurso, muitas vezes, com uma simples alteração da largura da pista.

Os piores defeitos, porém, são dos gráficos, que são totalmente inconsistentes. Além do que o Zaca já disse, as sombras são horríveis e os cenários, por vezes, sofrem de Clipping e Pop-Up totalmente bizarros. Os modelos Standard não parecem nem ser de PS3, quanto mais de um jogo do naipe de GT5 e seus maravilhosos carros Premium. Para um jogo que era showcase gráfic do PS3, com suas imagens in-game borrando a linha do real e do virtual, GT5 chega a decepcionar neste aspecto.

Tenham em mente que nada disso atrapalha a alma do jogo, que é sa Simulação. Na verdade, quanto mais tempo você passa com GT5, mais tende a ignorar estes defeitos e adorar o jogo – mas não é porque você os ignora qe eles deixaram de existir. GT5 tinha tudo para receber recomendacão máxima, mas dada a forma como ele nos chegou, a nota dada não é nada menos que justa.

 

Veredict