GOD WARS Future Past

A mitologia japonesa é uma das mais ricas criadas pela humanidade. Entre os vários contos, poemas e canções que retratam os mitos da criação e evolução da ilha do Japão e do povo japonês, muitas dessas histórias sobre poderosos imperadores e deuses poderiam inspirar bons jogos da mesma maneira que já vimos acontecer com mitos ocidentais. É se inspirando nisso que a Kadokawa Games traz GOD WARS: Future Past para PlayStation 4 e PlayStation Vita.

God Wars se inspira nesses mitos para contar a história de um lugar chamado Mizuho (um dos nomes pelo qual o Japão antigo é conhecido), onde deuses e humanos vivem juntos, até que os humanos passam a lutar entre si e a acabar com a terra onde vivem em busca de material para construir armas, fazendo com que os deuses se tornem hostis contra os humanos, gerando intensas atividades no vulcão Monte Fuji, sendo necessário o sacrifício de uma princesa para acalmá-los. Treze anos depois, inexplicavelmente, o vulcão volta a entrar em atividade, sendo o papel do jogador descobrir uma maneira de acalmá-lo.

O jogador assume o controle de Kaguya, filha da rainha Tsukuyomi, irmã mais nova da princesa sacrificada e que deveria ser o sacrifício que acalmaria os deuses desta vez. Além de Kaguya, há também seu amigo de infância, Kintaro, que busca cumprir a sua promessa de ajudá-la a evitar o seu destino e encontrar uma nova maneira de salvar Mizuho sem custar a vida de sua amiga, dentre vários outros personagens baseados no folclore japonês.

Apesar de se basear na cultura japonesa, God Wars não exige qualquer conhecimento prévio dessas histórias para que o jogador possa aproveitar a história. Saber quem são Tsukuyomi, Amaterasu, Susanoo e tantos outros personagens baseados em mitos nipônicos, acrescenta uma outra camada à história do jogo, mas todos eles são apresentados como personagens com suas devidas características, motivações e personalidade. Apesar de toda essa riqueza, a história não é das mais memoráveis, sendo apenas boa o suficiente para manter o jogador interessado em progredir.

Essa integração da mitologia japonesa no jogo está em todos os detalhes. Da apresentação da história (as cut-scenes são ou belas animações ou cenas estilizadas como mangás) aos sistemas de jogo. Cada personagem tem acesso a várias classes, sub-classes e classes especiais baseadas em tradições japonesas, com várias habilidades condizentes com elas. É possível equipar até três classes distintas em cada personagem por vez (uma classe e uma sub-classe à escolha do jogador e uma classe especial específica do personagem), o que abre uma imensa gama de personalização para cada membro da equipe, permitindo grandes níveis de customização.

God Wars realmente brilha no campo de batalha. A Kadokawa Games foi responsável por um dos mais ricos e intrincados RPGs de Estratégia dos últimos anos, Natural Doctrine, e muitas das qualidades do jogo anterior da produtora encontram-se ecoadas aqui. Não há o excesso de detalhes que afastou muitos jogadores de Natural Doctrine, no entanto, God Wars entrega um sistema robusto de combate, que é a grande estrela do jogo.

À primeira vista, God Wars entrega tudo o que se espera do gênero. Os personagens se movimentam nos cenários através de um grid isométrico, cada um em seu devido turno e com um determinado número de casas pelas quais pode se mover antes de realizar uma ação. Sua diferença em relação a alguns jogos mais recentes do estilo é manter algumas mecânicas que vinham sendo abandonadas, como modificadores de dano e probabilidade de acerto aplicadas por diferenças de terreno e altura.

Uma das peculiaridades mais interessantes é que, apesar das habilidades consumirem MP, os personagens começam com a barra vazia, a qual vai se carregando com o passar dos turnos, fazendo com que o jogador precise decidir se irá usar as habilidades mais fracas logo ou se irá esperar para usar habilidades mais poderosas com o decorrer da batalha, escolhas essas que são fundamentais, uma vez que, seja com 20 ou 2 inimigos, qualquer desatenção pode inverter por completo o fluxo da batalha.

Isso acontece pois os inimigos não são típicos soldados de papel e mesmo os mais simples dos adversários oferecem desafio e punem o jogador por vacilos de posicionamento ou ação. O jogo sabe que esse é um dos seus principais charmes, não estendendo as sessões de história por muito tempo antes da próxima luta e tendo suas missões secundárias sempre focadas em uma luta em ambientes desafiadores, sempre com pouquíssima história. O lado negativo é que, por essa dificuldade e resistência dos adversários, as lutas tendem a se estender bastante.

Essas missões secundárias (que são “pedidos” deixados pela população nos santuários de cada uma das cidades) servem como uma maneira do jogador ganhar mais experiência, mais job points (que são ganhos ao tomar qualquer ação durante as batalhas) e mais dinheiro para comprar equipamentos novos, mitigando, assim, alguns dos aumentos de dificuldade que o jogo tem em determinados pontos.

Visualmente, God Wars é um pouco pobre. Os modelos chibi, que são utilizados para representar os personagens no campo de batalha, são feios e, pela maneira como o jogo é apresentado, fica claro que ele foi desenvolvido com o PS Vita em mente. Felizmente, tudo isso é minimizado pelo belo estilo artístico que o jogo em si tem, dando um ar único a ele. Já a trilha sonora é repetitiva, fraca e nada memorável, o que, combinado com a péssima dublagem em inglês, obriga o jogador a ou jogar com o áudio japonês e legendas em inglês ou silenciar o áudio depois de algum tempo.

God Wars pode não ser o grande próximo obrigatório RPG de Estratégia, mas é um jogo que deve satisfazer aos fãs do gênero que procuram um belo desafio com uma história satisfatória. A sua temática única torna-o ainda mais interessante para os fãs de jogos orientais, mas não faz dele um jogo obrigatório ou especial.

Veredito

GOD WARS: Future Past é um bom RPG de estratégia, que se utiliza de inspirações e ambientação únicas, com personagens interessantes do folclore japonês que funcionam muito bem junto às ótimas mecânicas de combate. É uma experiência divertida e diferente e que, apesar de algumas falhas, é bem sucedida no que se propõe a fazer.

Jogo analisado com cópia digital fornecido pela NIS America.

Veredito

75

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Veredict

GOD WARS: Future Past is a good strategy RPG that has unique inspirations and ambients, with interesting characters from the Japanese folklore that work really well with its great combat mechanics. It’s a fun and different experience that, despite some flaws, succeeds in its objective.


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