Ghostrunner é um jogo desafiador. Quando optei por assumir novamente a jornada no segundo jogo, lembrei dos diversos momentos desafiadores que o jogo proporciona, misturados as sensações de recompensa e reconhecimento pelos “esforços” realizados. A jogabilidade exige reflexos rápidos, além de uma análise prévia de nossos movimentos, cujas direções ou erros de cálculo, levam a momentos de mortes frequentes. O parkour em primeira pessoa é complexo, principalmente para jogadores eventuais que podem sentir “tonturas” em execuções aceleradas.
Porém, Ghostrunner captou minha atenção pelo visual cyberpunk e pela experiência intensa. Jogos no estilo cyberpunk possuem uma estética futurista e são amplamente explorados na indústria, cujos exemplos recentes em “Cyperpunk” e “The Ascent”, demonstraram todo seu potencial. Elementos associados a sociedades e seus recursos tecnológicos são, em sua grande maioria, aprofundados e provocados nas histórias presentes nesse estilo de jogo. Futuros distópicos geralmente estão envoltos em problemas, repletos de desigualdades sociais e assuntos relacionados a ética do uso da tecnologia avançada.
Ghostrunner 2 é uma sequência, ocorrendo após uma passagem de tempo de cerca de um ano, seguintes aos eventos do primeiro jogo. Após a queda da Guardiã das chaves, uma seita violenta de IA surge, ameaçando a humanidade. Jack terá que enfrentar adversários extremamente poderosos em um mundo além da Torre Dharma, moldando o futuro de muitos em um combate frenético, detentor de ferramentas e habilidades que irão auxiliar em seus objetivos.
Inicialmente, a abordagem primária envolve o sistema de bloqueio e execução do aparo perfeito em ataques corpo a corpo sofridos pelo inimigo, atacar, pular, arremeter para frente, deslizar e utilizar o impulso sensorial, que permite parar o tempo e mover nosso personagem lateralmente. Arremeter, impulso sensorial e bloqueio consomem vigor, regenerado com o tempo. Jack mantém sua abordagem com movimentos de parkour, passando por níveis alternados entre plataformas, pequenas bases flutuantes e elementos de transição, além de utilizar pontos de agarre para ultrapassar áreas sem acesso a paredes e para puxar objetos lista. Saídas de ar também servem para locomoção, impulsionando o personagem para áreas distantes.
Níveis possuem desafios ocultos (habilitados em terminais ocultos), aptos para testar nossas habilidades e sermos recompensados conforme. No trajeto inicial, Connor é nosso companheiro de jornada, sempre explicando detalhes da missão e acontecimentos.
Ahriman, o destruidor, é o chefe primeiro “grande” desafio como “Boss”, enfrentando Jack após trazer de volta a vida, Mitra. Ao longo do combate, somos auxiliados por um personagem misterioso, que depois descobrimos que se trata de Adrian Bakunin. Ele paralisa temporariamente Ahriman permitindo um ataque preciso por curto período. Sua ajuda é temporária e demora para ser ativada novamente. A atenção aos padrões de abordagem e movimento do chefe são essenciais para sua eliminação. Tentativas de combate direto sem planejamento levam a períodos de mortes rápidas e constantes.
Obviamente, as habilidades, melhorias e armas existem justamente para o auxílio dos mais desavisados que caem de “paraquedas” no jogo. No “QG do conselho da interface”, encontramos Zoe que indicara uma unidade de incrementação da GR. Nela compramos “Chips de melhorias”, aumentando a capacidade de combate, com chips liberados conforme avançamos no jogo. Para comprá-los, necessitamos de dados (obtidos derrotando inimigos). Um chip de melhoria, por exemplo, chamado “sentidos artificiais” melhora o impulso sensorial e reduz em 25% o gasto de vigor.
Outro personagem no mesmo ambiente é SAUL, que entrega o sistema de lançador de shuriken para Jack. A “Habilidade Shuriken” lançará um único projétil que mata/atordoa o inimigo, dependendo da força implementada. Atordoados, criam um ponto de agarre, ótimo para movimentos de ataque rápidos e precisos. O uso requer uma quantidade específica de energia, regenerada ao longo do tempo. A energia retorna lentamente em momentos de luta, Porem, é compensada com cada morte executada. Outro uso para o Shuriken é a habilidade de executar um curto-circuito em determinados pontos do ambiente (como quadro de fusíveis), abrindo caminhos inacessíveis.
Já “Ajuste hidráulico”, reduz o gasto de vigor ao correr em 15%. Em “Sobreposição tática”, inimigos ficam ficam realçados na cor vermelha e por último, em “Desvio Inteligente”, contamos com o recurso de desviar projéteis para o local de onde vieram. Esses são apenas alguns exemplos de chips que melhoram nossas habilidades. Esses Chips ficam divididos em categorias diversas como: espada, sistema, shuriken, sombra, fluxo, entre outros.
Na “Placa-mãe” encontramos os chips de melhorias que compramos na unidade de incrementação do GR. Os Chips comprados são equipados na placa-mãe e serão adicionados em colunas da mesma categoria em que o chip se encontra, conforme mencionado acima. Os Chips, para funcionar, necessitam de memória, aumentadas coletando fragmentos de memória. Eles são encontradas no cenário, com cada fragmentos de memória aumentando nossa memoria geral em 1. Coletando uma quantidade específica de fragmentos, aumentamos o nível da placa mãe.
O nível espaços para os chips de melhoria são desbloqueados, atingindo as habilidades supremas com o tempo. No entanto, o processo pode demorar, pois a atualização da placa- mãe fica mais caro com o tempo. Além da aba placa-mãe, na tela de menu são exibidas as categorias especiais, arsenal e códice. Em arsenal, opções de personalização da espada, luvas e da moto estão a disposição, com um número significado de combinações de cores.
Mencionadas as características acima, Ghostrunner tornou-se mais acessível, conforme prometido pelos desenvolvedores? Não diria que o jogo é acessível para jogadores eventuais ou ganhou um “modo easy”. Ghostrunner 2 melhorou sim em sua jogabilidade, muito mais fluída, com golpes e bloqueios muito mais precisos. Porém, Jack, apesar de sua evolução, ainda é extremamente suscetível em quedas, ataques e eventuais danos a distância, morrendo frequentemente em um piscar de olhos. O recurso de bloqueio de ataques ajudam em momentos complexos, porém, ainda é necessário que o jogador saiba, exatamente, qual o melhor ponto do cenário para a abordagem de inimigos e até mesmo, evitá-los.
Inimigos, em seus variados estilos, reagem com abordagens diferentes, algumas questionáveis. O primeiro chefe, por exemplo, mantém o padrão de ataque e defesa e certamente proporcionou memoráveis momentos de dor de cabeça até o aprendizado para sua eliminação. Todas as habilidades e armas de Jack ampliam suas vantagens de combate, com abordagens corpo a corpo, de longa distância, úteis em momentos em que você não entende exatamente por onde está sendo atacado. Afinal, a visão em primeira pessoa pode ser difícil em combate e na transição de plataformas. Adaptar-se a essa visão, é um aprendizado constante e será necessária em ambientes com ataques em diferentes localizações.
Outras questões envolvem os famosos puzzles, sempre presentes em jogos, forçando ao jogador o uso da análise e resolução do mesmo. É uma pausa entre ritmos frenéticos, com os mesmos aumentando de proporção conforme avançamos. Ajudas sempre são agradáveis e o sistema de save frequentemente atua como auxiliar, além dos indicadores em tela para onde devemos seguir.
Visualmente, Ghostrunner 2 é incrível, impressionante em suas características visuais, principalmente em cenários com diversos elementos de iluminação repletos de cores e neon. Certamente a One More Level investiu no desenvolvimento, tirando o máximo de potencial do hardware no PS5. Obviamente, nem tudo é perfeito, com pequenos problemas aqui e ali em elementos do cenário e personagens. Sinceramente, nada que decepcione radicalmente o jogador.
Em se tratando de trilha sonora, continua marcante como nunca, com o ritmo eletrônico pulsante intenso, com faixas adicionadas nas fases e nos momentos de ação, demonstrando a sensação de urgência e adrenalina como nenhum outro. A dublagem também merece destaque, apesar da ausência de uma versão em português, é excelente e será auxiliada com legendas em PT-BR.
A adição da moto forneceu um frescor, ampliando o universo do jogo e parece brilhante na maneira como foi desenvolvida, afinal, as movimentações padrão de Jack são amplamente conhecida. No veículo, prepare-se para a velocidade ainda mais frenética com cenários que englobam túneis, repletos de obstáculos e barreiras.
Afinal, Ghostrunner 2 foge do clássico “jogo repetitivo” e as novas adições são válidas para gastar seu precioso tempo de gameplay? Apesar das implementações indiscutivelmente úteis, Ghostrunner 2 é repetitivo para jogadores mais exigentes. O jogo não foge da fórmula de sucesso que lhe é peculiar, no entanto, ainda possui um brilho indiscutível em sua execução.
O sucesso de um jogo reflete-se na associação de elementos fundamentais para a imersão, diversão e desafios relacionados a inovações, que atuam para o destaque no mercado de games. Ghostrunner 2 foca na entrega “versão acessível”, captando a atenção de jogadores que optaram por manter distância do gênero. Vale seu stress e esforço!
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela 505 Games.
Veredito
Ghostrunner 2 brilha com suas novidades, porém, prende-se a antiga fórmula de sucesso. Possui momentos de inspiração decentes, equilibrados com um sistema repetitivo conhecido. Desafiador em sua essência, retorna ainda mais frenético, divertido e ousado.
Veredict
Ghostrunner 2 shines with its new features, however, it sticks to the old successful formula. It has decent moments of inspiration, balanced with a familiar repetitive system. Challenging in its essence, it returns even more frenetic, fun and daring.